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Death: Trinta Anos de Symbolic!

Por Afonso Mendes

Em março, o “Symbolic” fez 30 anos e sendo simples e direto, é um daqueles momentos na história da música que qualquer pessoa devia conhecer e ouvir, pelo menos uma vez.  É sempre dificil falar de álbuns como o “Symbolic” porque não se trata de apenas um álbum muito bom, como tantos outros. É um momento histórico no metal, um divisor de águas e há também a sensação de repetição, pois é um álbum tão influente sobre o qual já foi tudo dito. Os Death têm um estatuto algo especial dentro do metal, não só pela qualidade da sua discografia, mas também pela sua influência enorme, sendo esta influência visível ainda no cenário atual.

Depois de começar no death metal mais primitivo e cru, Chuck Schuldiner vira a sua atenção para outros lados. As suas ambições eram diferentes, explorar outros timbres e sonoridades, assim como as letras passam do gore e zombies dos primeiros álbuns para um existencialismo e introspeção e havia todo um sentido de progressão, uma vontade de expansão para outros níveis artísticos. Chuck tinha uma capacidade muito especial de descobrir novos talentos, de se rodear de músicos excelentes, mas também sabia tirar o melhor partido dos mesmos. É só ver quem passou pelos Death e percebe-se a dimensão das bandas e álbuns feitos por esses mesmos músicos.

A expressão artística do Chuck estendia-se para além do death metal e é muito discutido que, por esta altura, Chuck tinha muito interesse na cena de power metal americana e isto tinha se refletido na composição do “Symbolic”. Aliás power metal e muito NWOBHM, especialmente nos solos. Pessoalmente e tendo a consciência que cronologicamente não faz grande sentido, sempre senti uma cota parte de semelhança entre alguns aspetos do “Symbolic” e a cena de Gothenburg, especialmente a forma como Chuck aborda os momentos mais grandiosos, como a introdução da “Sacred Serenity”, assim como a seção depois do primeiro refrão. Tudo no álbum faz sentido, fluí de forma perfeita, tudo converge de forma a fazer sentido musicalmente. O grande feito do “Symbolic” é ter alcançado algo até então nunca visto e desde então ainda está para ser repetido: Chuck conseguiu um misto de peso, melodia e técnica, tudo no mesmo álbum e com as mesmas músicas.

Sempre me baralhou forma como o quarteto conseguiu chegar ao “Symbolic”, um álbum tão coeso e com sentido, dentro da sua variedade. Sem percorrer todas as músicas, é de realçar uma “Misanthrope” com momentos atmosféricos goth-doom, vindos diretamente de um “Icon” dos Paradise Lost, a tecnicalidade da “Crystal Mountain” e no fim uma “Perennial Quest”, sendo esta todo o culminar do álbum e também de todas as aspirações artísticas do Chuck Schuldiner. A intensidade e a urgência presente nas músicas é algo muito palpável.

O seu legado é extenso e ao longo destes 30 anos tem se feito sentir em diversas bandas, num dos melhores grupos de canções já feitos dentro do metal. Dificil de explicar e sobretudo de catalogar, o “Symbolic” será sempre o “Symbolic” e 30 anos depois, continua a ser sempre atual.


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