Entrevista – The Mist
Os The Mist são um dos nomes clássicos do underground brasileiro. Apesar da banda ter já acabado há vinte anos, ainda permanece com um dos nomes de referência ao lado dos inevitáveis Sepultura, dos Chakal, Overdose, Korzus e Dorsal Atlântica. A propósito da recente reedição do seu clássico álbum de estreia, “Phantasmagora” (podem ler a review aqui), tivemos uma pequena conversa com Vladimir “Korg”, que também foi vocalista dos Chakal. Este foi o resultado:
WOM – Olá Vladimir. Obrigado por esta entrevista. Os The Mist são uma das grandes instituições da música extrema brasileira, sendo um dos nomes constantemente citado ao lado dos inevitáveis Sepultura, Sarcofago, Overdose, Chakal (banda à qual também pertence), Mutilator e Dorsal Atlântica. Sente orgulho por fazer parte da história do metal do Brasil?
Vladimir – Oh, claro! Foi uma grande batalha e ainda é. O Brasil hoje é respeitado por ser berço de várias boas bandas que estão por aí tocando.
WOM -“Phantasmagoria” é uma das pérolas do metal, não só do Brasil mas do mundo. De quem partiu a ideia desta reedição?
V. – Muito Obrigado. A ideia partiu da Cogumelo Records, ela achou que agora seria uma boa hora.
WOM – “Phantasmagoria” é um trabalho que envelheceu muito bem. Não esconde a época em que foi escrito e gravado mas tem aquele travo clássico que faz com que seja um álbum intemporal. Considera que é um dos seus melhores trabalhos? Tanto com os The Mist como no geral?
V. – O Phantasmagoria é um trabalho muito equilibrado. Acho que fizemos o nosso melhor, mesmo em pouco tempo. O que você disse foi muito importante e é bom ouvir isso. Para qualquer músico é bom ouvir isso.
WOM – Tanto quanto sei, o som não foi mexido. Pelo menos não em termos de masterização. Acredita que o trabalho em si não necessitava de tal ou foi uma questão de preservar o som original?
V. – Houve algum tratamento no áudio sim. Mas nada que tirasse a autenticidade da época. A maioria das gravações ainda estão em tapes de rolo por isso muitas tem que ser recuperadas rapidamente.
WOM – O Vladimir participou nos dois primeiros álbuns dos The Mist, tendo saído entretanto e não participando nos seguintes lançamentos. O que mudou na altura e porquê a saída?
V. – Como sou eu que estou respondendo, Vladimir, para mim fica confuso como responder. Mas o THE MIST continuou com dois outros álbuns e fez vários concertos. Minha saída se deu por não estarmos mais funcionando juntos.
WOM – Os The Mist acabaram faz este ano duas décadas. Há planos para reactivar a banda?
V. – Não há planos para uma reunião. Estamos muito distantes e com objetivos diferentes. Mas quando nos encontramos sempre relembramos do tempo do
THE MIST.
WOM – E Quanto aos Chakal? O último álbum é de 2013, existem planos para um novo lançamento?
V. – Eu não estou mais no CHAKAL, eles estão trabalhando em uma reedição do seu trabalho “The Man Is His Own Jackal”. O último álbum que participei foi o “Destroy! Destroy! Destroy!”.
WOM – Sendo um dos principais integrantes da cena metal brasileira da década de oitenta, fazendo a comparação com os dias de hoje, o que mudou? Além do óbvio (condições técnicas, disponibilidade devido à internet, etc), o que mudou em termos de espírito e atitude? E considera essas mudanças positivas?
V. – É outra geração. É o ciclo das coisas. Agora é outro Sistema Operacional e temos que ficarmos felizes pois ainda estamos funcionando nele. A música está ficando tão livre e universal que eu não sei como o mercado vai se assentar. A música está engolindo o mercado. Quero viver muito para ver onde isso tudo vai parar.
WOM – Muito obrigado por esta entrevista. Algumas palavras finais para os nossos leitores?
V. – Obrigado a vocês. Consigam uma cópia do “Phantasmagoria” para vocês. É uma parte da história do metal brasileiro. Prestigiem suas bandas e sua cena local e coloque Black Sabbath para seus filhos ouvirem. Até!