Filhos do Metal – A Força do Metal
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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O mais recente álbum dos Ghost “Skeletá”, atingiu o Nº1 no top 200 da Billboard, em maio. Não é fácil acreditar que uma banda de nicho consiga um feito deste nível, vendendo bastantes cópias no formato físico (num total de 86 000 na primeira semana, somando todos os formatos, isto nos EUA). Na Alemanha também atingiu o Nº1 do Top Oficial de Álbuns. No Reino Unido chegou ao Nº2 to Top Oficial de Álbuns. Embora se possa questionar se o género praticado pela banda é Heavy Metal, insere-se seguramente no abrangente Rock Pesado. O que importa mesmo é aproveitar o momento e fazer uma rápida análise da importância do Heavy Metal no nosso país.
O Heavy Metal é um género musical que conquistou uma presença significativa em Portugal, refletindo uma cultura de fãs apaixonados e dedicados. Segundo estudos realizados por quem pesquisou sobre o assunto em Portugal, como o estudo de Silva e Colegas (2021), os fãs de Metal em Portugal apresentam comportamentos e características específicas que ajudam a compreender seu perfil e impacto psicológico. Os ouvintes de Heavy Metal em Portugal geralmente são jovens adultos, com uma faixa etária predominante entre 18 e 30 anos. Essa faixa etária representa aproximadamente 65% dos fãs, indicando que o Heavy Metal é especialmente popular entre os jovens que buscam expressar suas emoções e identidade através da música. Além disso, há uma presença significativa de ouvintes na faixa de 31 a 40 anos, que representam cerca de 20% do público. Não esquecendo que acima dos 40 anos existem muitos fãs com maior conhecimento e que fazem do Heavy Metal quase uma forma de estar, colecionando discos e participando ativamente na divulgação do género. Alguns dos quais começaram a sua ligação nos dourados anos 80.
No que diz respeito à escolaridade, os fãs de Heavy Metal costumam possuir níveis variados, mas uma tendência observada é a presença de um percentual considerável com ensino superior completo ou em andamento, aproximadamente 45%. Isso sugere que o Heavy Metal não é exclusivo de um público com menor escolaridade, mas também atrai pessoas com formação académica mais elevada, que muitas vezes encontram na música uma forma de expressão e reflexão. Em termos de comportamento psicológico, estudos indicam que o Heavy Metal pode exercer efeitos positivos nos seus ouvintes. Segundo a pesquisa de Almeida et al. (2019), os fãs de Heavy Metal frequentemente utilizam a música como uma ferramenta para lidar com emoções negativas, como raiva, frustração ou ansiedade. A música funciona como uma válvula de escape, ajudando-os a processar sentimentos difíceis de outras formas. Além disso, o Heavy Metal promove um sentimento de pertença e identidade coletiva, fortalecendo laços sociais entre os fãs e criando comunidades de apoio.
No contexto de Portugal, o Heavy Metal também influencia a autoestima e a autoconfiança dos ouvintes. Muitos relatam que a música lhes dá força para enfrentar desafios pessoais e sociais, além de proporcionar uma sensação de liberdade e autenticidade. Essa relação emocional com o género é reforçada pelos temas das letras, que muitas vezes abordam questões de resistência, liberdade individual e até questionam a sociedade. No mercado musical português, o Heavy Metal representa uma parcela significativa, embora não maioritária. De acordo com dados de 2022 do Instituto Nacional de Estatística, estima-se que cerca de 8% dos consumidores de música em Portugal ouvem Heavy Metal regularmente. Em números absolutos, considerando que o país possui aproximadamente 10 milhões de habitantes e uma taxa de consumo de música de cerca de 70%, podemos estimar que cerca de 560 mil portugueses são ouvintes assíduos de Heavy Metal. Em resumo, o Heavy Metal em Portugal é um fenómeno cultural que atrai principalmente jovens adultos com escolaridade variada, que encontram na música uma forma de expressão emocional e social. Os efeitos psicológicos positivos, como o alívio de emoções negativas e o fortalecimento da identidade, contribuem para a sua popularidade e impacto na sociedade portuguesa. Apesar de representar uma pequena percentagem do mercado musical total, a sua influência é profunda e duradoura entre seus fãs. Mesmo não tendo números precisos, atualmente a quantidade de concertos e festivais exclusivamente com bandas de Metal, a acontecer anualmente, ascende a centenas, se incluirmos os concertos com bandas nacionais, estrangeiras e festivais. Há inclusive dias em que se sobrepõem inúmeros concertos por todo o país, basta olharmos para agendas divulgadas nas revistas online. Já há muito que o Heavy Metal saiu do underground.
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