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Filhos do Metal – Acontecimentos Determinantes Pt.1

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Portugal demorou algum tempo a despertar para o Heavy Metal. Quando surgiram os primeiros ecos de música pesada feita em terras Lusas, já outros países na Europa tinham estrelas internacionais de nome firmado. Mesmo depois de ter surgido, a evolução foi algo lenta e com pouco reconhecimento. Foi difícil, complexo, como uma construção de muitos patamares, até atingirmos a atualidade onde é possível identificar outra dimensão. Mesmo que ainda não estejamos no topo do Mundo, o que dificilmente acontecerá, Portugal tem a sua “identidade metálica”. Há muitas bandas, uma agenda anual preenchida com concertos e festivais nacionais e internacionais e um mercado desafiante, embora escasso. Estas crónicas têm sido escritas com o objetivo de explorar os meandros do Metal Nacional. É, então, oportuno mencionar alguns acontecimentos ou momentos que foram determinantes para o desenvolvimento e até consolidação do Heavy Metal neste jardim à beira-mar plantado. Podendo repetir textos já publicados. Correndo o risco de passar ao lado de factos importantes. Há acontecimentos que têm uma abrangência maior, do que apenas estarem relacionados com a música mais pesada. Há ocorrências que podem não significar coisa alguma para muita gente, mas serem marcantes para uma minoria. Ciente de todas essas implicações, arrisco mencionar alguns casos que me parecem merecer menção.

“Boom do Rock Português” – Este período no início dos anos 80 foi extremamente importante para todo o desenvolvimento e popularidade do Rock em Portugal. Este movimento não só arrastou diversas bandas e projetos de Pop e Rock, como apresentou ao público ávido de música, os primeiros álbuns de Rock mais pesado. É certo que já antes desse advento, principalmente durante a década de 70, algumas bandas se tinham aventurado por sons mais pesados, mas apenas em canções isoladas. Foram os NZZN, Vasco da Gama, Ferro e Fogo ou Xeque-Mate que editaram álbuns cuja génese era sem dúvida Hard Rock e até Heavy Metal. Outras bandas houve que lançaram singles ou compuseram canções onde o Rock se misturava com Blues, Prog e Heavy Metal. Para maior detalhe sobre todo este panorama, aconselho a leitura do livro “Breve História do Metal Português” da autoria de Dico.

Rock Rendez Vous (RRV) – Também durante os anos 80, com escassez de recintos, o clube da Rua da Beneficência, em Lisboa, foi fulcral para a exposição ao vivo das bandas emergentes e não só. Tornou-se local de culto e peregrinação para os “Metálicos”, “Metaleiros”, “Heavys” em Portugal, mas principalmente na região da grande Lisboa. As sessões de Heavy Metal organizadas pelo Falcão Metálico (equipa do programa radiofónico Lança-Chamas) e Purgatório do Heavy Metal (fã clube), ofereceram a oportunidade de visualizar vídeo clips dos grandes nomes internacionais como: Iron Maiden, Judas Priest, Venom, Saxon, Metallica, Motörhead, Mötley Crüe, W.A.S.P., Kreator, entre muitos outros. Para além da música gravada e dos vídeos, foram os concertos que mais marcaram o crescimento do Metal Nacional. Aqui houve algo que se destacou…

Gravação de Coletânea ao Vivo no RRV – Já sob a denominação “Metal Army”, um grupo de fãs organizou um festival com as principais bandas de Metal dessa época: Black Cross, Satan’s Saints, Procyon, Tarantula, Devil Across, Navan, Blizzard, STS Paranoid. Os concertos aconteceram ao longo de várias semanas em 1987. Mas a gravação do álbum ao vivo ficou apenas como ideia. No entanto, foi algo de relevante para o underground português.

1º Festival de Heavy Metal Português – Já antes do evento no RRV, o fã clube Purgatório do Heavy Metal e um grupo de fãs que dava pelo nome de Metal Masters, organizou este festival, que ficaria conhecido como o “1º Festival de Heavy Metal Português”. O evento aconteceu em Santo António dos Cavaleiros, no concelho de Loures, em 1984. As bandas em cartaz foram: Valium, STS Paranoid, Sepulcro, Mac Zac, Jarojupe, Low Valley e Xeque Mate. Um festival repleto de peripécias, problemas e situações (in)esperadas, sem a atuação dos Xeque Mate, ainda assim de grande importância. Vale a pena mencionar o nome de dois elementos do fã clube, que apesar da inexperiência, se esforçaram por promover o Metal em Portugal quando tudo era muito difícil, são eles: Rudy Sagres (Rui Jorge) e Zé Mastercrow (José Gomes).

Fan Clubs e Fanzines – A nossa comunicação social underground dos anos 80 e 90 foram as fanzines. Sem internet, sem redes sociais, a mensagem passava através de fotocópias a preto e branco, compiladas em páginas repletas de informação, original ou copiada das grandes revistas internacionais. Pelo correio ou entregues em mão, seguiam para os fãs, juntamente com flyers, que divulgavam demos, discos, concertos, fã clubes e tape trading. Sem desprimor para as dezenas de fanzines que existiram, destaque para duas das mais importantes – “Folha Metálica” do já mencionado fã clube Purgatório do Heavy Metal, por ter sido a primeira em Portugal; e “Renascimento do Metal” do fã clube “Heavy Metal Zombies Paranoid”, da responsabilidade de Gustavo Vidal, pela durabilidade e prestígio que atingiram.

Mais acontecimentos nas próximas crónicas…


 

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