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Filhos do Metal – Brincadeira, Prazer ou Profissionalismo

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Muitos foram (e são) aqueles que transformaram o prazer em ouvir as bandas das quais mais gostavam, numa influência musical. Quantos não começaram por tocar as primeiras notas numa guitarra imitando os Iron Maiden? E tantas outras bandas influentes que definiram os géneros que hoje abundam no universo do Heavy Metal. São esses que por talento, trabalho ou uma conjugação de ambos, compõem o vasto leque de músicos e compositores que vão criando as mais diversas bandas e projetos do nosso meio musical de peso. Este nosso “caldeirão metálico” de artistas portugueses carece de um mercado interno forte, que possibilite a sustentabilidade financeira das bandas. Como já referi em crónicas anteriores, há um evidente crescimento em todas as áreas de atividade, para além do tendencial aumento da internacionalização. Esta poderá ser a solução para a profissionalização dos projetos. O que já acontece com alguns dos nossos ilustres representantes como os Moonspell, só para citar o exemplo mais óbvio.

É fácil entender que nem todos os projetos musicais podem obter sucesso e atingir o tão almejado estatuto de carreira profissional. Por isso mesmo, há diversos enquadramentos para a existência e continuidade de músicos e bandas. Alguns fazem música e tocam por puro prazer, sem qualquer objetivo a não ser o seu próprio contentamento. Outros trabalham e esforçam-se com o propósito de fazerem carreira e viveram exclusivamente dos proveitos financeiros que essa atividade lhes proporcione. Há também aqueles que tocam apenas por brincadeira, sem a preocupação de aperfeiçoarem técnicas e qualidade artística. Acredito que uma grande percentagem tenha gosto pelo que faz, esforça-se na medida da disponibilidade que tem, mas fica num limbo, na expetativa do que o futuro lhes possa oferecer. Claro que sem trabalho será difícil ir mais longe, para além dos ensaios semanais na garagem. Todas estas formas de estar na música têm, por norma, um resultado – músicas que são compostas, líricas que são escritas e eventualmente canções que são gravadas. Exceção feita a quem toca versões apenas para os amigos ou para si próprio. O resultado deste trabalho, feito por prazer, pode seguir diversos caminhos. Um registo áudio para avaliar capacidades e ficar guardado na gaveta, para mais tarde recordar ou mostrar aos familiares e amigos, em jeito de regozijo. Mas a verdade é que na maioria dos casos o registo áudio segue o caminho da divulgação pública. Quer seja apenas uma música, em jeito de single, quer seja um conjunto de canções que compõem um EP ou álbum, acabam por ser divulgadas e por fim vendidas, num formato físico ou digital.

É nesse aspeto que devem ser ponderados alguns fatores de índole moral. É uma verdade incontestável que a arte deve ser livre. No entanto, quando a arte se torna pública e tem um valor monetário, torna-se algo sério. Quem paga para possuir ou ver arte, no caso concreto, a música dos nossos esforçados músicos de Heavy Metal, merece respeito. Quer isto dizer que o facto de se colocar uma música ou álbum à venda, representa uma responsabilidade acrescida perante o público consumidor. É aqui que a atitude profissional deve ser assumida, mesmo que a atividade musical não providencie o sustento para a vida diária. Não é ético ter um projeto musical, fazer músicas, vendê-las, mas fazê-lo por mera brincadeira inconsequente. Mesmo que o esforço não recompense a vontade de ser profissional, o público, os consumidores e os fãs merecem o respeito que lhes é devido por acreditarem e pagarem pelo produto final. É deveras importante que os músicos e os pretendentes a músicos encarem com muita seriedade a fase de assumir publicamente a sua atividade artística. Não se esqueçam que da mesma forma que os Iron Maiden influenciaram alguém a pegar num instrumento. O mesmo pode acontecer a alguém que vos ouça. Essa é uma responsabilidade que merece ponderação.


 

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