Filhos Do Metal – Gaerea Não São Uma Miragem
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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“Meet the secret saviours of Black Metal”. É assim que a edição nº 366 da Metal Hammer UK faz a apresentação do artigo sobre os GAEREA, a propósito do lançamento de “Mirage”, o novo álbum da banda Portuguesa. A frase aparece na capa da revista, que é dedicada aos Slipknot. A acompanhar os GAEREA, estão em destaque nomes como Dave Lombardo, Alice In Chains, Ozzy Osbourne e Electric Callboy. Uma escolta de honra para uma banda em verdadeira ascensão. Um segredo bem guardado que começa a ser desvendado. Mas a verdade é que já aquando do lançamento do primeiro álbum “Unsettling Whispers” em 2018, muitos elogiaram a prestação da “The Vortex Society” (como a banda se designa a ela própria). A música produzida pela banda tem vindo a despertar a atenção internacional de tal modo que não é de estranhar esta frase da Metal Hammer. Se são ou não os salvadores secretos do Black Metal não sei, mas que são uns conquistadores de emoções isso é uma certeza. “Mirage” é a evolução lógica de uma banda que na sua curta carreira demonstra uma consistência proporcional à intensidade de cada música. Um EP de estreia, três álbuns em apenas 6 anos, um contrato com a Francesa Season of Mist, uma digressão que os leva à Europa e à América Latina, incluindo uma passagem pelo específico e prestigiado Inferno Metal Festival Norway, o que mais se pode desejar?
O caminho está traçado. O trabalho tem vindo a ser desenvolvido com dedicação, empenho e muita criatividade. Os GAEREA são um trunfo da música feita em Portugal. Em 2020 eu coloquei esta questão no Blog Filhos do Metal, quando falei sobre o álbum anterior “Limbo” – “Gaerea – a banda do momento ou um momento que marca o futuro? A resposta virá em breve”. Ora a resposta está dada com “Mirage”. Mais uma vez são camadas de densidade extrema, com muito folego e emoção típica de Portugal. Continuo a achar que estamos perante Tragic Metal Lusitano, um post-Black Metal elaborado de forma inteligente. Há uma exploração das técnicas norueguesas nas harmonias de guitarra, mas com lágrimas e dor portuguesas na execução. Tudo muito bem cozinhado com ingredientes de esperança. Parece não haver limites ou talvez apenas aqueles que a própria banda cria no seu ambiente emocional e criativo. A produção tem de ser mencionada, já que Miguel Tereso tem um papel importante e contribui para um som perfurante. O álbum foi gravado nos Demigod em Portugal.
Por tudo isto, permitam-me estar orgulhoso. Permitam-me insistir na ascensão do Heavy Metal Português. Estes GAEREA já conseguiram furar as difíceis barreiras que durante décadas muitas outras bandas enfrentaram. Têm qualidade, são persistentes e trabalham muito. Praticam um som extremo, mas muito português. São extremamente acutilantes. São obscuros, emocionais, agonizantes, desafiadores, são os verdadeiros navegadores de uma nova era. Vão conquistar o mundo do Metal Extremo, levando na bagagem a veemência nacional como bandeira. Por cá, espero que lhes deem espaço para progredir. Se assim não for, será mais um produto exportado de grande valor que virá de fora para dentro com a força do Metal!
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