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Filhos do Metal – Liderança

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Bandas com um líder são comuns. Veja-se o caso de Megadeth com Dave Mustaine, W.A.S.P. com Blackie Lawless, Running Wild com Rolf Kasparek ou AC/DC com Angus Young, só para mencionar alguns exemplos. Também há outros casos em que a liderança parece ser partilhada por dois ou mais elementos. O certo é que esse facto resulta em mais ou menos frequentes mudanças de elementos no coletivo. Sejam quais forem os motivos, as peças do xadrez vão sendo mexidas de forma a que o líder fique satisfeito. Mais raro e curioso é quando o tabuleiro fica vazio e resta apenas o Rei, que equivale a dizer – o líder ficou sozinho. Foi exatamente o que aconteceu recentemente com duas bandas portuguesas. Quero desde já deixar claro que o objetivo não é explorar os motivos das situações, até porque não falei com nenhum dos implicados. Refiro-me aos Seventh Storm e Heavenwood, que de forma repentina ficaram apenas com um elemento na formação de cada projeto.

Os Seventh Storm são um projeto de Mike Gaspar, que fez carreira como baterista dos Moonspell. Em agosto de 2022 lançaram “Maledictus”, o álbum de estreia, pela Atomic Fire Records. Foi recebido com grande expectativa, tendo entrado diretamente para o 2º lugar do top de vendas em Portugal. O relativo sucesso da banda foi imediato. Outra coisa não seria de esperar, afinal Mike Gaspar trazia consigo um legado de grande prestígio. Realizaram alguns concertos em Portugal, mas ficou sempre a dúvida do que viria a seguir. A banda assinou contrato com uma editora com nomes sonantes do panorama internacional do Heavy Metal, como os Helloween, Amorphis, Lordi, Epica, entre muitos outros. Por esse motivo, esperava-se que saísse em tour por outros países, o que não aconteceu. Na Primavera deste ano começaram a sair notícias que davam conta do abandono do vocalista Rez. Pouco tempo depois veio a confirmação de que todos os músicos abandonaram o barco, ficando apenas o timoneiro Mike aos comandos dos Seventh Storm. Não demorou muito para que fosse apresentado novo projeto com os elementos que saíram, com o curioso nome Maledictus. Esta cisão no seio da banda deixou o baterista com uma criança para continuar a desenvolver. Em comunicado, Mike referiu que ia tirar um tempo para refletir, mas que voltaria com os Seventh Storm reformulados. É isso mesmo que se espera de um líder, força para continuar contra todas as marés. A esperança é que não se perca um dos nomes que nos últimos tempos mais espectativa criou na comunidade metaleira.

Desde os tempos das demos gravadas em cassete, que os Disgorged souberam criar uma aura de grandiloquência em torno da banda. Mais tarde mudaram o nome para Heavenwood e continuaram com a sonoridade carregada de emoção e grandiosidade. Também eles lançaram o primeiro álbum “Diva”, por uma editora fora de Portugal, neste caso a Massacre Records, em agosto de 1996. Os Heavenwood são já uma banda com carreira longa, com quase 30 anos e cinco álbuns editados, o último dos quais em 2016 com o título “The Tarot of the Bohemians”. No início, houve grande expectativa em torno da banda, pelo facto de estarem numa editora, que à partida, poderia fornecer condições para maiores voos. Ainda atuaram fora de portas algumas vezes e alcançaram notoriedade em diversos países, fruto de um género que estava em voga no final dos anos 90. Mas na verdade, poderia ter ido mais longe, porque estava ao nível do melhor que se fez na altura em todo o mundo. Muito recentemente o guitarrista e membro fundador Ricardo Dias dos Santos anunciou que iria seguir com a banda sozinho. Foram assim cortados os laços com os outros membros da banda. Deixando a certeza que o sexto álbum com o título “The Tarot of the Bohemians Patr II” é o próximo passo. Mas mais do que isso avançou já com o primeiro single “The Stars”. Assim, mais um caso em que a liderança foi assumida. Agora que venha mais novidades e sucesso.

As lideranças são saudáveis, sejam elas a solo ou repartidas. O que interessa é a continuidade de projetos válidos e com muita e boa música para oferecer. Mas há um dado curioso! É normal pensar que a liderança cabe ao principal compositor, aquele que tem a capacidade de escrever letras e música. Mas nem sempre isso acontece. Será mais óbvio que quem assume o papel de compositor fique com direção da banda, porque define a orientação e género a seguir. Um músico que tenha uma banda, para ser líder tem de ter a capacidade de saber o que quer para o projeto, assim como ser bom a gerir, como também ser capaz de enfrentar tudo o que o meio da música lhe proporciona. É bom que se assuma a liderança, mas nem sempre isso é feito. Mas tal como dizia o tio Ben ao seu sobrinho Homem-Aranha – com maior poder vem maior responsabilidade…


 

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