Filhos do Metal – Os Produtores
Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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“Os Produtores” poderia ser o título de uma série televisiva. Aliás há um filme de 1968, realizado por Mel Brooks, com esse título. Mas refiro-me a quem tem produzido as músicas e os álbuns das bandas nacionais. Aqueles que têm a arte e o engenho de transformar as composições em músicas audíveis para o público consumidor. Sempre houve um desejo inegável de atingir os níveis de qualidade das produções internacionais dos grandes nomes do Metal. Produtores como: Terry Date, Colin Richardson, Martin Birch, Rick Rubin e tantos outros que conseguiram imprimir selos de garantia nos álbuns que produziram, deixando muitos músicos sedentos de atingir aquele som para os álbuns que gravavam. Décadas depois das primeiras aventuras em estúdio de bandas de Rock pesado, hoje em dia é possível afirmar que em Portugal conseguem-se excelentes produções de Heavy Metal. Recuando no tempo, numa época em que o Hard Rock em Portugal ainda dava os primeiros passos, podemos ouvir o trabalho de B. Oliveira, com Paulo Junqueiro, Moreno Pinto no álbum “Vidas” dos Ferro & Fogo. Também Mike Sergeant, nome conceituado da música em Portugal, agarrou a produção de “Forte e Feio” dos NZZN. “Vasco da Gama” álbum homónimo da banda teve produção de Carlos Jorge Miguel e Tó Andrade. Ainda no início dos anos 80, Álvaro Azevedo, com a banda, produziu “Em Nome Do Pai Do Filho… E Do Rock’n’Roll” dos Xeque Mate. Sem tradição ou experiência a trabalhar sonoridades mais pesadas, estes produtores fizeram o trabalho que lhes competia. Quanto ao resultado final! Talvez não fosse o melhor do mundo, mas colocaram as primeiras pedras num edifício que demorou muito tempo a construir.
Nos anos 90 a quantidade de edições aumentou consideravelmente, principalmente lançamentos em CD. Houve dois estúdios, um a Norte e outro a Sul que acumularam gravações de demos e álbuns. Os Rec’n’Roll, com Luís Barros aos comandos e os Heavensound com João Martins. Luis Barros, já tinha produzido os Tarantula, mas seguiram-se inúmeras bandas entre elas: The Fire, Gangrena, In Solitude, Genocide, W.C. Noise, Desire. João Martins, por seu turno, gravou bandas como: Procyon, Evisceration, Lesma, Kassefazem. Foram muitas as bandas e as gravações que estes dois senhores fizeram e fazem. Marsten Bailey, um técnico inglês, chegou a Portugal e assumiu os comandos de algumas produções de relevo, entre elas: “Eye M God” dos Sacred Sin, “Vast” dos Disaffected, “Intersection” dos RAMP. Houve uma notória evolução. Não só a quantidade, mas a qualidade também aumentou. A título de exemplo, o Rec’n’Roll Studio começou a ter uma assinatura própria, ou seja, o que lá foi gravado tem uma sonoridade que se consegue identificar e distinguir das restantes. Por vezes ainda havia a sensação de que lá fora as produções eram de qualidade superior. Talvez os anos acumulados de experiência e alguns “truques”, não conhecidos por cá, faziam a diferença.
Nos últimos 25 anos o cenário foi sendo gradualmente alterado, quer por força das tecnologias e ferramentas disponíveis, quer pela experiência, aprendizagem e novas abordagens de gerações mais integradas nas sonoridades pesadas. Na atualidade, as produções nacionais estão a um bom nível. Há inclusive bandas de outros países a utilizarem estúdios em Portugal para gravar os seus álbuns. Não é que isso seja uma novidade, no sentido mais lato dos géneros musicais. Os estúdios da Valentim de Carvalho já tinham acolhido grandes nomes do Rock mundial. No Metal, são já muitos os produtores e estúdios a gravar centenas de álbuns com qualidade. Torna-se tarefa difícil mencionar todos, por isso vou deixar apenas algumas referências sem pretender ser exaustivo. Fernando Matias, no estúdio The Pentagon Audio Manufacturers tem já um portfólio invejável. Tendo trabalhado álbuns de bandas como: Enchantya, Sinistro, Glasya, Hourswill. Miguel Tereso nos Demigod Recordings gravou Gaerea, Analepsy, Primal Attack, Okkultist. Daniel Cardoso nos Öhme Studio tem no portfólio nomes como: Weather Systems, The Symphonix, Corpus Christii, Angelus Apatrida.
Seria deveras difícil fazer aqui uma lista completa de produtores e gravações. Vou apenas deixar nomes e alguns estúdios que de uma forma ou outra já gravaram bandas nacionais de peso. Nuno Loureiro; Ricardo Fernandes (Dynamix Studios); Wilson Silva (Wrecords); Daniel Valente (Estúdios Caos Armado); Bruno Jorge (Rock’n’Raw Studios); Ricardo “Towkuhsh” Rodrigues (ERRE Estúdios); Guilhermino Martins (Blind & Lost Studios); Marco Cipriano (Mv studios/Matinha estúdios som); Ricardo Espinha; Max Tomé; Jorge Lopes (Red Box Studios); Vasco Ramos; Paulo Soares; Paulo Vieira (MP Recordings); Hugo Andrade (Ultrasound Studios); Carlos Rocha (Eyeballstudios). Haverá mais profissionais e estúdios, perdoem-me não mencionar mais, mas não é fácil encontrar todos. Isso só demonstra a diversidade do mercado e a oferta existente.