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Filhos do Metal – Uma Locomotiva Bizarra

Por Duarte Dionísio
(Filhos do Metal – À descoberta do Heavy Metal em Portugal)
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Resiliência, coragem, talento e uma boa dose de loucura. É assim que classifico a figura de Rui Sidónio. Para quem eventualmente tenha andado distraído nos últimos 30 anos, o Sidónio é membro fundador da banda Bizarra Locomotiva. Um coletivo de Lisboa que este ano completa três décadas de existência, com a edição do álbum “Volutabro”. A Locomotiva é uma máquina poderosa e devastadora que tem transportado a bandeira do Rock/Metal Industrial Português, com mais ou menos velocidade, consoante os carris que percorre. Como é normal nestes casos, o caminho tem sido trilhado enfrentando as vicissitudes da vida. Mas chegados ao ano de 2023 com 8 álbuns e mais uns quantos EP, a banda está a conseguir um reconhecimento merecido e muito justo. “Volutabro” entrou de rompante pelo espetro musical nacional e traz mais uma vez a bizarria humana à tona. É poesia, é arte, é talento, é música disruptiva. A banda tem conseguido esgotar recintos por onde se apresenta ao vivo, como foram os casos recentes da Incrível Almadense em Almada e do LAV em Lisboa, respetivamente concerto de comemoração dos 30 anos e apresentação do novo álbum. É, pois, caso raro de persistência! São poucas as bandas dentro do género que conseguem manter-se ativas tanto tempo, quanto mais crescer em “popularidade”.

Decorria o ano de 1993 e eu recebi um convite para assumir a produção do Concurso de Música Moderna de Lisboa, prestigiado evento que descobriu alguns nomes importantes da Música “Moderna” Portuguesa. O convite partiu do Tim, responsável pela organização do Concurso. Entre muitas bandas, projetos e músicos, apareceu um duo denominado Bizarra Locomotiva. Armando Teixeira, responsável pela maquinaria e teclados e Rui Sidónio pulando e vociferando umas palavras, literalmente. O impacto foi imediato! Eram uma banda diferente, descomprometida, mas empenhada. A força, a energia e a sonoridade sincopada surpreendeu todos quantos foram expostos à atuação. Venceram o evento ex aequo com os Kassefazem.  Assim nasceu uma banda que é hoje um motivo de orgulho. Os Bizarra Locomotiva foram concebidos em 1993 para participar naquele Concurso. Em 1994 avançaram a um ritmo digno de um comboio de alta velocidade. Um dos prémios para os vencedores do Concurso foi a participação no Festival Printemps de Bourges ’94, no centro de França, integrando o cartaz das Découvertes, onde participavam bandas emergentes de várias nacionalidades. Em abril lançaram o primeiro álbum de originais “Bizarra Locomotiva”. Em novembro foi editado “First Crime, Then Live”, que continha uma parte com músicas gravadas em estúdio e outra parte com músicas gravadas ao vivo no Printemps de Bourges. Em França já atuaram com o Ernesto Pinto na bateria, um terceiro elemento que acrescentou uma componente mais orgânica ao som da banda. Mas a visceralidade continuava intacta.

O resto é biografia da banda com saída e entrada de elementos até à formação atual com Miguel Fonseca nas guitarras, Rui Berton na Bateria, Alpha nos sintetizadores e Rui Sidónio nas vozes. Lançaram álbuns que tiveram diferentes abordagens à mesma sonoridade sempre exploratória e irreverente. Espalharam empenho nas atuações ao vivo e despiram-se de preconceitos para enfrentar uma legião crescente de fãs. O que importa realçar é o percurso que os Bizarra Locomotiva fizeram até à atualidade. Esse trajeto pode ter tido as dificuldades inerentes ao facto de serem uma banda fora da caixa, mas o respeito que atingiram é algo de único. O Rui Sidónio pode ter pensado em desistir, mas continuou e elevou sempre o nível. E agora, com a maturidade de músicos competentes e com um álbum de elevada qualidade, poderia muito bem ter chegado o momento de serem “maiores”. O sentido da palavra “maiores” remete para uma carreira focada apenas na banda e na música que produzem. Sinto nada menos nada mais do que orgulho e apesar de reconhecer a humildade do Sidónio, só me ocorre dizer que Portugal é pequeno de mais para a dimensão artística dos Bizarra Locomotiva.


 

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2 thoughts on “Filhos do Metal – Uma Locomotiva Bizarra

  • Pedro Pires

    Orgulho nesta procissao que tantas viagens nos tem dado , somos Escumalha ate morrer obrigado Bizarra Locomotiva

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  • Pedro Pereira

    Uma grande banda ….um orgulho em ser fã de Bizarra Locomotiva

    Reply

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