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Guia musical para o Reverence Valada 2016 – Sexta Feira 09 de Setembro

Continuando o nosso Guia Musical para o Reverence Valada 2016 (a primeira parte pode ser conferida aqui) vamos focar agora o segundo dia do festival que nos traz mais uma vez um excelente conjunto de bandas para um dos dias mais fortes do evento. Passamos então a verificar minuciosamente cada uma das propostas do dia 9 de Setembro.
Para quem não sabe, Brian Jones foi um dos membros fundadores dos Rolling Stones (um dos seus principais instigadores) que faleceu de formas algo misteriosa cerca de um mês de ter sido expulso da banda (pertencendo ao clube dos 27, junto com Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison), substituído por Mick Taylor. Jonestown Massacre está relacionado com o infame suicídio em massa que ocorreu na Guiana Inglesa. A junção de uma personalidade marcante da música rock e de um dos acontecimentos trágicos da América do Sul resulta nos The Brian Jonestown Massacre, um dos nomes grandes do rock psicadélico norte-americano. No entanto, reduzir esta banda apenas ao rock psicadélico, já que o rock alternativo de garagem e o folk norte-americano fazem parte das muitas influências e vertentes que a banda foi apresentando ao longo dos anos. Não bastasse ser uma das bandas underground mais apreciadas a nível mundial dentro do género em que se inserem, é também a sua estreia absoluta em Portugal. Motivos mais que suficientes para não perder a banda cabeça de cartaz do segundo dia do Reverence Valada 2016.

O duo dinamarquês composto por Sharin Foo e por Sune Rose Wagner conhecido como The Raveonettes fez furor no meio cibernético ao anunciar que iria lançar um novo tema através do seu website todos os meses (abaixo podem ouvir aquelas que foram lançadas até ao momento) para no final do ano ter um álbum pronto. Juntando as harmonias vocais próprias da música da década de cinquenta e sessenta ao shoegaze e noise rock, o som da dupla dinamarquesa é único e explosivo em cima de um palco, tudo razões mais que suficientes para serem considerados uma das atracções deste segundo dia.

The Fat White Family, a banda que anda a dar que falar por Grã-Bretanha, com uma sonoridade rock assente no som pós-punk. “Songs For Our Mothers” é o segundo álbum do grupo lançado este ano e será certamente um dos destaques da sua actuação no Reverence Valada, sendo mais uma estreia absoluta no nosso país. O primeiro trabalho, “Champagne Holocaust” encontra-se abaixo para audição na íntegra.

Os A Place To Bury Strangers são um power trio já bem familiar para o público do Reverence Valada, após uma passagem memorável na primeira edição do festival. Ainda a promover o último álbum de originais “Transfixiation” (de ondee podemos ouvir dois temas abaixo), editado no ano passado, a banda nova-iorquina é aponta como especialista no seu som que deve tanto ao space rock psicadélico como ao shoegaze e noise rock, o que faz que sejam apreciados por um leque alargado do público, abrangendo tanto os adeptos das sonoridades mais pesadas como das mais experimentais.

Apesar de não ser um nome sobejamente conhecido no mainxstream, os Ozric Tentacles são uma das grandes propostas que o rock progressivo inglês tem para nos oferecer, embora o seu som seja tudo menos “apenas” rock progressivo. Tudo nesta banda é impressionante. Desde o facto de terem editado desde 1983 vinte e cinco álbuns (25!) e desses mesmos trabalhos terem vendido mais de um milhão de álbums sem o apoio de nenhuma grande editora até ao seu som que nos apresenta complexidade musical e génio, não se limitando ao género, rótulos ou limites. Sem dúvida, para todos os viajantes, esta é uma nave especial a não perder o embarque.
O stoner também é um género muito grato ao Reverence Valada e como tal, a provar isso mesmo, temos os norte-americanos Dead Meadow a marcar presença. Com quase vinte anos de carreira, já era altura da banda regressar ao nosso país para nos despejar o seu stoner psicadélico e viajante em cima.


Os Silver Apples já tiveram três encarnações, a primeira nos anos sessenta, a segunda no final do milénio e a terceira precisamente dez anos atrás. Poderá pensar-se o que levará este projecto norte-americano a ter tal longevidade. A solução para esse problema é bem simples, basta ouvir o seu som que assenta no rock psicadélico e na música experimental electrónica e todos nós sabemos que o experimentalismo nunca fica datado. Uma lição de história no que diz respeito à música experimental é o minímo do que se pode esperar da sua actuação

Para quem reverncia os Kyuss, de certeza que conhecerá os Yawning Man. Um dos seus membros fundadores, Alfredo Hernández, fez parte do alinhamento que gravou o último álbum da seminal banda norte-americana e os Kyuss gravaram o tema “Catamaran”, lançado originalmente pelos Yawning Man, que tiveram uma enorme influência em músicos como John Garcia, Josh Homme e Brant Bjork, a alma dos Kyuss. Mas o interesse deste clássico grupo não acaba nesta ligação aos Kyuss, nem o seu som se define apenas ao stoner rock, já que o psicadélico é um elemento que não dispensam. Sem dúvida, mais um grande atractivo para os amantes do stoner. “Historical Grafitti” é o último álbum de originais e pode ser ouvid na íntegra abaixo

A banda norte-americana LSD & The Search For God tem o dom de misturar o shoegaze clássico com o hipnotismo do rock psicadélico, sempre com uma sensibilidade pop que torna a sua música mais que apetecível. A banda regressou aos lançamentos depois de uma ausência de nove anos com o EP “Heaven Is A Place”, que pode ser ouvido na íntegra abaixo, e que provavelmente será o destaque da sua actuação que por estas razões e muitas mais revela-se muito apetecível.

Uma das mais excitantes novas bandas portuguesas dos últimos tempos, os The Japonese Girl assinaram contracto com a editora espanhola Munster Records do qual resultou a edição do “Sonic-Shaped Life” que podem ouvir abaixo e acabam de regressar quentinhos de uma digressão pela Europa que só fará que a sua presença no Reverence Valada seja uma momento de celebração para o seu rock psicadélico hipnótico.

A descrição que se encontra no facebook oficial deste colectivo germano-dinamarquês é simplesmente “Papir meets Electric Moon” e apesar de poder soar desconcertante é mesmo isso que encontramos com os The Papermoon Sessions, a junção dos dinamarqueses Papir e do seu pós-rock instrumental psicadélico com os alemães Electric Moon e o seu acid rock. As duas entidades fundem-se como uma numa actuação que se antecipa como sendo transcendental

Os The Black Wizards são uma das mais brilhantes bandas nacionais no espectro do blues/heavy rock nacional. “Lake Of Fire” é o álbum de estreia e um dos melhores álbuns nacionais editado neste ano de 2016, uma revelação para quem ainda não conhecia o EP “Fuzzadelic” lançado no ano passado. Não se trata de um simples som retro, nem mexer com a nostalgia. Os The Black Wizards vivem e respiram o som clássico da música pesada e transportam-nos para os dias em que Janis Joplin e Jimi Hendrix viviam. 

O que acontece quando juntamos space rock psicadélico ao peso visceral do sludge? Simplesmente Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs, que prometem chavascal punk noise para uma actuação caótico já como é seu hábito. A não perder

Da Alemanha chega-nos o super-grupo psicadélico Zone Six onde podemos encontrar membros dos Electric Moon, The Pancakes e Krautzone. A banda assenta as suas actuações em longas improvisações de space/trance rock. A banda têm às costas o álbum “Love Monster” lançado em 2015 e promete uma actuação fora deste mundo nos palcos do Reverence Valada.

Depois de surpreenderem no Vagos Metalfest, chega a vez do Reverence Valada provar um pouco do som da banda algarvia que junta os irmãos Correia – Apolinário Correia dos Devil In Me e Sam Alone e Miguel Correia dos Men Eater e More Than A Thousand. Hard rock energético e raçudo é o que se pode esperar desta banda que foi feita para meter o palco em fogo, à boa e velha maneira da década de setenta.
Do Barreiro chega-nos o Fast Eddie Nelson, o músico que integrou projectos como Gasoline, Big River Johnson e Fast Eddie & The Riverside Monkeys. Encetando uma carreira em nome próprio, a sua sonoridade traz-nos um som que nos remonta à cultura norte-americana, com o blues a marcar presença tal como o rock/metal mais energético. Um atractivo das sonoridades nacionais a não perder.

Uma das grandes características do Reverence Valada é de apostar em bandas e projectos nacionais e este ano não é nenhuma excepção como é possível de reparar pelos nomes já citados atrás. Os The Dirty Coal Train não poderiam faltar já que a banda de Lisboa é uma das mais excitantes propostas nacionais no punk rock incorporando também influências de surf music, pós-punk e blues. Após uma passagem bem sucedida pelo Brasil, os bons filhos regressam a casa, desta vez no palco do Reverence Valada. “Super Scum” é o seu último álbum de originais e pode ser ouvido abaixo.

Leiria é conhecida pela sua qualidade musical e os Twin Transistors comprovam essa regra com o seu rock experimental e psicadélico que tem tanto de clássico como de inovador. O excelente “Sun Of Wolves” é o último trabalho e será provavelmente o foco da actuação no Reverence Valada.

Já muitas vezes acusámos aqui, nas páginas da World Of metal, o nosso amor à música instrumental e só por isso, a actuação dos Ossos D’Ouvido é-nos muito aguardada. Como se não bastasse, a sua fórmula de misturar a tradição progressiva e psicadélica ao seu rock instrumental é apenas um muitos dos atractivos do grupo de Benavente.
Certamente os Miss Lava dispensam introduções quer ao público nacional em geral como ao público do Reverence Valada em particular. Uma sonoridade rock explosivo que deve tanto à tradição clássica do estilo como ao poder do stoner metal são razões mais que suficientes para que se confira quer pela primeira vez (blasfémia!) quer novamente o poder do quarteto lisboeta.

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