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Guia musical para o Reverence Valada 2016 – Sábado 10 de Setembro

Adenda ao nosso Guia Musical:
Os Killing Joke cancelaram a sua actuação sem qualquer justificação, pelo que a organização não teve outra alternativa senão passar os The Quartet Of Woah! para o Palco Sontronics, onde os Killing Joke iam actuar e adicionar os Névoa ao cartaz.
Os Névoa editaram recentemente o seu segundo trabalho (ler a crítica aqui) e foram um dos nossos álbuns do mês (ver aqui). Uma adição, quanto a nós de peso, apesar da perda de um dos cabeças de cartaz.

Terceira e última parte do nosso Guia Musical para o Reverence Valada 2016, aquele que nos traz, provavelmente, as propostas mais fortes do cartaz global desta edição. Podem confirmar a primeira parte aqui e a segunda parte aqui. Como anteriormente, vamos passar a pente fino todas as propostas musicais que fazem parte deste último dia de um dos maiores festivais de Verão do nosso país.

Os The Sisters Of Mercy são um caso enigmático. A banda que causou sensação no underground britânico na transição da década de setenta para a década de oitenta, acabou por se dissolver após o primeiro álbum “First And Last And Always”, dando lugar à guerra entre duas bandas (de um lado Andrew Eldritch, do outro lado os restantes membros) com o nome The Sisterhood e à criação dos The Mission. Andrew continuou sem os ex-companheiros os destinos da banda, tendo a banda gravado “Floodland” e “Vision Thing” nesta fase. Problemas com as editoras e um protesto contra a indústria discográfica fez com que a banda se tornasse uma entidade que apenas toca ao vivo, impediu que gravassem um álbum desde 1990. No entanto, a banda continua com muitos fãs por todo o mundo e Portugal não é excepção, sendo uma das principais referências quando o assunto é rock gótico e com um nome capaz de arrastar multidões
Por falar em bandas clássicas, haverá banda mais influente que os Killing Joke, tendo influenciado tantas outras entidades musicais das gerações seguintes à sua. Desde o industrial, até ao rock gótico, desde o heavy metal (e/ou metal industrial) até à new wave e pós punk. Metallica, Fear Factory, Soundgarden, My Bloody Valentine, The Foo Fighters, Nine Inch Nails, Ministry, Jane’s Addiction são apenas algumas das bandas que apontam o seminal grupo britânico como determinante no seu som. Com o excelente “Pylon” e uma carreira com com mais de trinta anos às costas, este será também um dos grandes momentos do último dia do Reverence Valada.

O terceiro e último grupo das bandas clássicas que encabeçam este terceiro dia do Reverence Valada são os britânicos The Damned que foram a primeira banda punk a lançar um single, um álbum e a fazer uma digressão nos E.U.A.. Mas o punk foi apenas uma das facetas já que o rock gótico também acabou por ser um dos géneros onde se movimentaram. Sendo mais uma estreia absoluta em Portugal e no ano em que completam quarenta anos de carreira, é de esperar um concerto de celebração e comunhão, e por isso, imperdível.

Mécanosphère é uma entidade a ser temida no panorama industrial internacional. Juntando o músico francês Benjamin Brejon a Adolfo Luxúria Canibal (Mão Morta), o artista gráfico e músico/performer experimental André Coelho (ex-Kult, Sektor 304 e Sinter) e Manuel João Neto e contando ainda com a participação de Henrique Fernandes, de João Pais Filipe e de Rui Leal (entre outros nomes), o som dos Mécanosphère é, tal como o próprio nome sugere, pode ser caracterizado como industrial electrónico embora tal seja redutor já que a banda entra por vezes no domínio do free jazz caótico, sem esconder os grooves do funk e do hip-hop, sempre com a voz hipnótica de Adolfo Luxúria Canibal a guiar o ouvinte. Em cima dos palcos do Reverence Valada, espera-se a conjugação de todos os expoentes do seu som para um espectáculo marcante.

Os Nik Turner’s New Space Ritual Band são um dos muitos veículos de expressão musical Nik Turner, músico com setenta e seis anos que fez parte de uma das maiores referências do space rock psicadélico, os Hawkwind. Mas não ficou por aí: Janet Juve And The Red Hot Daddies, Maurice Traveler And The Starting Handles, Soulfinger, Sphynx e Skastars são apenas alguns dos projectos por onde passou e esbanjou talento. Os Space Ritual nasceram da vontade de Nik Turner tocar com ex-membros dos Hawkwind. O que podemos esperar desta nova aventura é space rock onde o saxofone de Nik Turner será sem dúvida peça fulcral.


O metal não ficou esquecido do último dia, com os With The Dead a marcar presença. Desde que os Cathedral acabaram que ficou um enorme vazio dentro do doom metal por isso assim que se soube que Lee Dorrian iria voltar com estes With The Dead que contava com outros ex-membros de Cathedral e de Electric Wizard, as expectativas foram enormes. Essas mesmas expectativas não foram goradas, já que o seu álbum de estreia foi aclamado um pouco por toda a parte. With The Dead não é propriamente o seguimento natural dos Cathedral nem tanto a soma dos With The Dead com os Electric Wizard. Com uma identidade própria e sempre com fidelidade ao doom, é actualmente uma das grandes sensações do género.

Os Mars Red Sky são um dos grandes nomes do stoner francês que conseguiu nos últimos cinco anos crescer sustentadamente, seja por digressões bem sucedidas, seja pela qualidade dos álbuns lançados. Com um excelente “Apex III (Praise For The Burning Soul)” lançado este ano, a banda volta a Valada depois de terem estado presentes na sua primeira edição. O stoner rock no seu melhor, para conferir no dia dez.

O colectivo britânico conhecido como The Cult Of Dom Keller já nos visitou no Milhões em Festa e já provou um pouco do público português, por isso não é de todo de espantar que estejam de volta, desta feita no Reverence Valada. Rock arrastado e hipnótico como o stoner sem esquecer a componente psicadélica que em conjunto faz com que esta banda seja a banda-sonora ideal para viagens para fora do corpo. Não esquecer de levar os capacetes e casacos porque faz frio no espaço.

Da Inglaterra chegam os Steak, que apesar de não surgirem de um deserto, tocam como se estivesse num. O seu stoner/desert rock é sujo é arrastado como se viesse da Califórnia, com um groove capaz de contagiar até um morto. O Reverence Valada vai ser palco para uma autêntica invasão do som quente e orgânico destes Steak cuja actuação servirá certamente para aumentar a temperatura no recinto que já se prevê elevada.

E se juntarmos drone com folk, no meio de um tacho que já tem trance e ambient e soul music, o que será com que ficamos? The Veldt. Pegando na componente mais experimental da música, acrescentando-lhe uma vertente urbana que faz com o que o seu som tenha uma capacidade para induzir ao relaxamento e às viagens astrais impressionante. O som dos The Veldt ajuda-nos a ter este tipo de experiência extra-sensorial, uma experiência comum no Reverence Valada.

No último dia não poderia deixar de ser termos dos mais brilhantes conjuntos nacionais a fazer parte do programa. Começamos pelos Earth Drive, banda do Montijo que tanto rocka com potência como nos mete em viagens para fora deste mundo. O seu último lançamento, o EP “Planet Mantra” é um bom bilhete para essas viagens e de certeza de que será um dos muitos motivos para não perder a actuação da banda portuguesa no Reverence Valada. 

O nome Radar Men From The Moon faz lembrar a popular série de cinema B da década de cinquenta que parece-nos totalmente adequado para o som da banda de space rock psicadélico instrumental holandesa. Com o álbum “Subversive II: Splendor Of The Wicked” lançado apenas meses atrás, é de esperar uma viagem (ou várias viagens) pelas ondas que os holandeses criam cada vez que sobem a um palco

Se para o dia anterior os The Papermoon Sessions chamam a vossa atenção, então será obrigatório não perder os Papir, uma das partes que soma o todo que são os The Papermoon Sessions. Música instrumental viajante que deve tanto ao psicadelismo como ao pós-rock. Sit back and enjoy the ride.

Aquilo que o site dos Øresund Space Collective apresenta como apresenta é “Totally Improvised Space Rock!” e, apesar de ser uma declaração algo forte, é bastante perto do que o que podemos ouvir pela banda dinamarquesa. Nunca o space rock soou tão apelativo como quando os Øresund Space Collective começam a tocar.

Flak: Um nome que não é nada estranho ao público português, principalmente pelo seu papel na criação dos Rádio Macau, mas que teve papel importante em tantos outros projectos seja como músico seja como produtor – dos Cavacos aos Palma’s Gang. Em nome próprio edita o álbum “Nada Escrito” em 2015, álbum que provavelmente servirá como suporte à sua actuação no Reverence Valada, onde o folk se une à música psicadélica.
Que banda poderia agradar a públicos tão díspares como o de rock, metal, psicadélico e hard rock? Só mesmo os The Quartet Of Woah! que voltam ao Reverence Valada após terem marcado presença na sua primeira edição. Ainda com o álbum de estreia às costas, “Ultrabomb”, os The Quartet Of Woah! dão um banho de bom rock suado e orgânico por onde quer que passem, sendo sempre actuações memoráveis.

Os Nicotine’s Orchestra (conhecidos também como Nick Nicotine & His Mystical Orchestra) é o principal projecto de Nick Nicotine (também conhecido como Carlos Ramos), músico do Barreiro que se mostra incansável na exploração de sonoridades e na sua congregação no mesmo espaço, seja como músico, produtor ou organizador de eventos. Momentos de pura descontracção e groove que deve tanto ao pop como à world music é o que nos poderá esperar

Uma das grandes referências do rock gótico nacional, os Phantom Vision são uma verdadeira instituição do género. Ainda com o álbum “Ghosts” do ano passado como último trabalho lançado, espera-se uma performance teatral e cheia de intensidade, tal como a actuação no Santa Maria Summer Fest teve em abundância.
La Chanson Noire é a expressão musical de Charles Sangnoir que voltou a ser activada meses atrás com o fantástico e aclamado pela crítica “Evergloom” que se prevê que seja o centro das atenções da playlist da banda nacional. O seu som é difícil de catalogar mas não é assim com todas as coisas boas da vida? Ainda assim, rock gótico, pós-punk e um toquezinho pop são tudo características que não soam desfazadas ao que poderemos ouvir neste último dia do Reverence Valada. Adicionando tudo isto à performance teatral, não existem motivos para faltar a este concerto.
Power trio lisboeta, os Moloch, são uma força viva da natureza no seu rock ruisoso e algo experimental que começa a dar porrada no punk, descansa no psicadélico e destroi com o stoner. Uma das promessas sólidas do nosso underground e a comprovar é mesmo a sua presença no festival depois de terem sido um dos vencedores do concurso nacional de bandas (o outro foi o grupo Ossos D’Ouvido que actua no dia 9)
Do Porto e inseridos nas Reverence Sunrise Sessions, temos os Summer Of Hate, que nos proporcionarão uma mescla de rock psicadélico e space rock que serão a pedra final perfeita para um festival de viagens etéreas.

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