Guia Musical Resurrection Fest
O Resurrection é um dos maiores festivais da Península Ibérica e em 2018, a sua décima terceira edição reafirma e confirma essa posição. Quem diria que um festival que contou com apenas sete bandas na sua primeira edição (com duas bandas estrangeiras apenas como cabeças-de-cartaz, Sick Of It All e Wall Of Jericho) e ampliando logo para dois dias no ano segunte com Napalm Death, Caliban e Madball entre os principais nomes e contando com os nossos Devil In Me e Grankapo tendo este último ocupado um lugar de destaque no cartaz. De salientar que a entrada era gratuita. Saltos gigantes de ano para ano, tendo chegado aos três dias em 2010 e em 2013 ter vários palcos em funcionamento ao mesmo tempo. Uma constante que tem sido é o desfile de muitos e de bons nomes, tantos que chega a ser quase absurdo ter tanta música, e boa, para ouvir. Uma overdose que não nos importamos de ter. Vamos aqui destacar as principais propostas da edição de 2018.
Dia 1 – 12/07/18
Ghost
Os Ghost são garantia de um bom espectáculo. Com uma transformação visual a cada novo trabalho que implica sempre um novo frontman, neste caso, o Cardeal Copia, a banda vai espalhar o seu encanto blasfemo que tem sempre um grande impacto no público. “Prequelle” é o novo trabalho da banda sueca e o Resurrection foi o lugar escolhido para passar a palavra do senhor, que neste caso é hard’n’heavy cheio de melodia.
Stone Sour
Não seria expectável que a banda de Corey Taylor pudesse ter um impacto tão grande no público, principalmente por partilhar o vocalista com os Slipknot e sendo uma proposta bem diferente. Rock moderno e musculado bem mais acessível. No entanto, com o último álbum, “Hydrograd”, a banda optou por seguir uma abordagem mais clássica que traz mais dinâmica à sua sonoridade, sendo também o primeiro álbum sem Jim Root, guitarrista e membro fundador que desistiu para se dedicar exclusivamente ao Slipknot.
Anti-Flag
Um dos bons nomes do punk norte-americano, que apesar das suas estruturas de canções e melodias apelativas, não deixam de continuar a defender os ideiais que se espera que uma banda punk defendam. Exemplo disso é mesmo o seu mais recente trabalho, “American Fall” que nos conseguiu impressionar pela positiva no ano passado. Mais de vinte anos de carreira que tornarão este concerto obrigatório para quem segue o estilo.
Overkill
Nos últimos anos já tivemos umas boas oportunidades para verificar esta máquina clássica de thrash metal norte-americano e podemos dizer que não nos fartámos. É sem dúvida um dos grandes destaques em qualquer cartaz que se preze, com uma carreira com mais de trinta anos de carreira e com muita boa música a escolher para fazer o alinhamento. Depois de ter lançado o excelente “The Grinding Wheel” o ano passado, este ano a banda está a promover o seu mais recente lançamento ao vivo, “Live In Overhausen” onde revisitam dois dos seus mais clássicos álbuns, “Horrorscope” e o o primeiro álbum, “Feel The Fire”
At The Gates
Dentro das sonoridades mais extremas, os At The Gates são outros que tais que nunca nos cansamos de os ver. Ainda para mais voltando dos mortos quando ninguém fazia prever e agora com o segundo álbum “To Drink From The Night Itself” calam todas as vozes críticas em relação ao seu regresso – da nossa parte, até do anterior “At War With Reality” gostámos por isso não há queixas deste lado. Mais acutilantes que nunca, espera-se um concerto arrasador.
Suffocation
Os mestres do death metal bruto dos queixos, Suffocation, é outro nome que dispensa apresentações. Um dos nomes mais clássicos do brutal death metal norte-americano que lançou “… Of The Dark Light” no ano passado e que prova que certas coisas só ficam melhores com a passagem do tempo. Sem dúvida que no campo do metal mais extremo os Suffocation são um dos nomes mais interessantes e as suas actuações já são lendárias. O chão vai abanar!
Wolves In The Throne Room
Seria de pensar que um festival como o Resurrection, que tem crescido de ano para ano, tentasse chegar cada vez mais ao mainstream, mas é louvável como continuam a incorporar música extrema onde o black metal também tem espaço. E ainda por cima com uma das grandes bandas do género, que voltou ao seu bom som de sempre com o álbum “Thrice Woven”, que fez esquecer todas as experimentações ambientais.
Dia 2 – 13/07/18
Scorpions
Estes escorpiões já apresentaram a reforma há quase dez anos atrás e continuam a encher arenas, estádios e festivais gigantescos como o Resurrection Fest, o que não deixa de ser impressionante para uma banda com mais de cinquenta anos de história. Com Mikkey Dee, ex-Motörhead atrás da bateria, a banda tem um espectáculo de palco impressionante onde os temas clássicos de hard rock aliado às power ballads fazer as alegrias de quatro gerações diferentes.
Megadeth
A lendária banda de heavy/thrash metal liderada por Dave Mustaine é sempre um nome de peso em qualquer cartaz que se preze. A histórica instituição norte-americana não só conseguiu manter a relevância ao longo de mais de trinta anos da sua carreira, com um excelente último álbum, “Dystopia”, como também tem muita escolha e muitos clássicos obrigatórios para compôr um alinhamento de sonho.
Angelus Apatrida
Por falar em thrash metal, uma das maiores bandas espanholas do género, se não mesmo a mauior de todas, os Angelus Apatrida trazem às costas um dos seus melhores e mais variados álbuns de sempre, “Cabaret De La Guillotine”, que, só por acaso, foi também o nosso álbum do mês de Maio. Theash metal impiedoso, poderoso e moderno mas sem esquecer os ensinamentos da velha escola.
Paradise Lost
A carreira dos Paradise Lost é simplesmente assombrosa. Começando no death/doom, acrescentando pequenos toques góticos estranhos ao género, a banda foi caminhando nessa direcção tornando-se rapidamente uma das principais referêncoas de gothic metal. A evolução não parou quando passou pelo uso da música electrónica nem quando aos poucos começaram a evoluir na direcção contrária, na da recuperação do peso mais primitivo. “Medusa”, o último álbum, é o extremo dessa evolução.
Leprous
Já há muito tempo que os Leprous são muito mais do que apenas a ex-banda de Ihsahn. Já muita água correu debaixo da ponte desde aí e a banda foi se metamorfoseando, trabalho após trabalho numa entidade poderosa que debita uma mistura de rock alternativo com metal progressivo pouco usual mas com grande impacto visual e com intensidade emocional difícil de igualar.
Sick Of It All
Numa altura em que o hardcore ganhou tanto protagonismo principalmente por contagiar outros géneros musicais, é importante não esquecer bandas históricas que já andam a lutar pelos ideiais hardcore há mais de trinta anos. Poderão não lançar um álbum há mais de quatro anos mas os Sick Of It All são uma daquelas bandas que é capaz de colocar qualquer palco em fogo.
Wolfbrigade
Ainda dentro do punk/hardcore, temos os suecos Wolfbrigade que além da sonoridade tipicamente escandinava, junta-lhe o belo do dbeat aliado ao death metal sueco que só faz com que os seus espectáculos sejam bem explosivos e que provoquem animação imparável entre o público. Não será excepção no dia 13 de Julho.
Crowbar
Tal como os EyesHateGod como principais instigadores do sludge metal mas não podemos deixar de mencionar os Crowbar, também eles uma das principais forças do género que juntava a agressividade do hardcore com os movimentos mais compassados típicos do heavy doom metal tradicional, indo bebendo directamente à fonte Black Sabbath. Parte da história do underground norte-americano passa por aqui.
Dia 3 – 14/07/18
Kiss
Kiss. Poderia bem dizer isto. Que palavras dizer de uma das maiores bandas de sempre nesta que poderá ser uma das últimas oportunidades para os ver ao vivo – a outra será em Portugal – com direito a todo o espectáculo gigantesco que os acompanha. Poderão achar que é um enorme circo – e de certa forma é, tal como é indicado num dos últimos álbuns, é o “Psycho Circus” – mas uma de duas oportunidades únicas para ver o maior concerto que uma banda rock alguma vez deu em cima do palco na Península Ibérica.
Prophets Of Rage
Os Prophets Of Rage não são uma escolha consensual. Carregam consigo o peso da herança dos Rage Against The Machine, reunindo a facção instrumental dos mesmos e juntando-lhe dois rappers, dos Public Enemy e dos Cypress Hill (as duas bandas de rap mais respeitadas pelos fãs de metal). A junção destes dois mundos é única e tem a capacidade de mostrar uma face diferente da música pesada ao público do Resurrection Fest.
Tremonti
Normalmente os projectos a solo servem para os músicos exporem o seu lado mais sensível e suave, que não conseguem habitualmente nas suas bandas. Alguém deveria ter dito isso a Mark Tremonti ou ele faltou à reunião onde lhe foram passadas essas instruções, porque a sua carreira a solo é uma mistura de thrash metal com heavy metal alternativo que se torna irresistível, tanto ou mais que nos Alterbridge.
Alestorm
Os piratas escoceses rumam em direcção ao Resurrection, com a festa habitual meio folk metal, meio power metal e total diversão pirata. Os concertos da banda já são uma festa lendária por onde quer que passam e não se espera que seja diferente no dia 13 de Julho. Álbum lançado no ano passado e este ano reedição do primeiro trabalho para comemorar uma década de aniversário são motivos mais que suficientes para garantir boa diversão.
Exodus
O thrash metal é um dos principais motivos para ir ao Resurrection. Não por causa da quantidade de nomes mas sobretudo pela qualidade e os Exodus são um dos melhores. Não só pelo histórico mas sobretudo pela energia que deixam em cima dos palcos e principalmente por toda aquela que exigem do público. Mais de trinta anos de thrash metal numa actuação que se prevê esmagadora.
EyeHateGod
É inegável que existem bandas à frente do seu tempo e os EyeHateGod são definitivamente uma delas, moldando o sludge metal muito antes sequer do termo ser criado. Poderão não ser particularmente activos no que diz respeito a deitar música cá para fora, mas quanto a explodir em cima dos palcos, poucos poderão igualar a intensidade. O caos que não se pode perder.
Rotten Sound
Os finlandeses Rotten Sound são uma das propostas mais excitantes de grindcore vindas da Escandinávia. Com uma longa carreira que infelizmente não é prolífera o suficiente para que fiquemos satisfeitos mas por outro lado em termos de qualidade, não há melhor, os finlandeses lançaram recentemente o EP “Suffer To Abuse” em complemento ao último álbum” Abuse To Suffer.
Process Of Guilt
Os nossos Process Of Guilt são uma das maiores bandas de sempre. Ponto. Não queremos saber de imparcialidade para nada e só poderá ser imparcial quem nunca os viu ao vivo. Garantimos que é uma experiência que mudará a vossa vida. Palco escuro e apesar da multidão e são apenas vocês próprios e o escuro, com o som a colocar-vos frente a frente com o vosso próprio abismo pessoal. Isso é algo que poucas conseguem fazer e que nenhuma consegue fazer como a banda de Évora faz.
Harakiri For The Sky
Talvez os Harakiri For The Sky não toquem bem black metal. Talvez não exista propriamente uma maneira fácil de os descrever. Temos elementos de black metal, temos elementos de pós-rock e um sentido de melodia épico que faz com que cada música seja uma viagem inesquecível que se quer voltar a ter. Com a qualidade do novo álbum, “Arson”, uma das melhores propostas do ano dentro do género em que se insere.
Outras propostas
Além das propostas acima mencionadas, teremos que mencionar o dia zero, onde destacamos os nomes de Ministry, com um competente “Amerikkkant” lançado pouco tempo atrás e com mais de trinta anos de metal industrial capazes de preencher as medidas de quem gosta do som corrosivo do seminal banda de Al Jourgensen. Também poderemos contar com a presença de Jello Biafra, o senhor punk himself com os seus The Guantanamo School Of Medicine. Espera-se algumas visitas cirúrgicas pelo passado do influente músico e activista principalmente pelos Dead Kennedys. Ainda destacamos a presença de duas bandas portuguesas de tributo do primeiro e no terceiro dia, os Abaixo Cu Sistema (tributo a System Of A Down) e os Hybryd Theory (tributo aos Linkin Park).
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