Máquina do Tempo – Death Wolf / Sleep Token / Grave Pleasures / Sid Saint / Turn Against / Cellar Twins / Acid Brains / Grayscale
Máquina do Tempo – Death Wolf / Sleep Token / Grave Pleasures /
Sid Saint / Turn Against / Cellar Twins / Acid Brains / Grayscale
Death Wolf – “IV: Come To Dark”
2019 – Blooddawn Productions
Tal como Morgan Hakansson nos tinha revelado aquando o entrevistámos na altura do lançamento do último álbum dos Marduk, aí está “IV: Come The Dark”, o trabalho do seu projecto Death Wolf que homenageia uma das suas grandes influências, Misfits e Samhain. Não podemos dizer no entanto que apesar da aura do horror metal estar sempre presente, que o que temos aqui são simples cópias. Muito pelo contrário. Os Death Wolf já são uma banda com uma identidade muito prória que anda por ali pelo heavy metal e a mistura com aquele hard rock tipicamente escandinavo, bem sujo. Não sendo um trabalho para os fãs de Marduk e de certa forma também não o é para o dos Misfits/Samhain, esta já é uma entidade que se move pelas suas próprias pernas. Move-se e bem.
8/10
Fernando Ferreira
Sleep Token – “Sundowning”
2019 – Spinefarm Records
Os Sleep Token são uma daquelas bandas que quer à força que as atenções estejam concentradas na música e não na imagem embora por vezes esse tipo de coisa seja uma falácia – ter alguém a usar máscaras e sem revelar a identidade obrigatoriamente faz com que se chame à atenção. Mesmo quando todos estão a fazer o mesmo. À semelhança dos Ghost, temos a criatividade a surgir de uma pessoa e depois um grupo de músicos, também eles anónimos, à volta. A sonoridade surge-nos principalmente como electrónica com ocasionais explosões de distorção mas que acabam por ser muito fugazes. Apesar da componente electrónica ser mesmo a maioritária, as músicas em si estão muito bem conseguidas, pelo que não é difícil prever de que este será um nome a crescer bastante, para lá do reduto do metal. Um álbum ao qual voltaremos com frequência.
8.5/10
Fernando Ferreira
Grave Pleasures – “Doomsday Roadburn”
2019 – Century Media Records
Os Grave Pleasures, apesar do sucesso que conseguiram obter no meio dos apreciadores da música pesada, não são propriamente um nome que se pensa quando se fala em peso. Claro que os ambientes que a banda evoca são bem negros e claro que temos os elementos rock todos presentes, mas o foco é mesmo aquela atmosfera do pós-punk, própria do início da década de noventa. A banda conseguiu uma boa dose de sucesso com o seu último álbum de originais, “Motherblood” e não só andaram pela estrada um pouco por todo o mundo a espalhar a sua palavra como também estiveram no mítico Roadburn, onde deram este concerto que se focou precisamente no último álbum. O que é compreensível, uma banda está a promover o último álbum, é natural que se foque nele. No entanto, oito temas talvez seja um pouco excessivo, principalmente tento em conta o quão bom e apreciado é a sua estreia, que ficou totalmente de parte neste álbum. Ainda assim, este é um álbum ao vivo que os fãs vão interiorizar muito bem, ainda para mais porque traz como brinde dois temas registados nas sessões do já mencionado “Motherblood” que não chegaram a entrar no álbum. Dois temas (“There Are Powers At Work In this World” e “Violence Of Night”) que até poderiam ter entrado no álbum que não lhe retirariam qualidade.
8/10
Fernando Ferreira
Sid Saint – “RAW PSYCHOPATHS CLUB #1”
2019 – Edição de Autor
Sid Saint é um novo projecto do panorama underground nacional da música de peso e este EP a primeira música que é editada sob o seu signo. Este projecto, tendo como epicentro Ricardo Martins, é conceptual. Sonoridade funde-se entre o rock moderno e o industrial, não deixando de parte um certo sabor punk. Demonstra no entanto capacidade do mesmo em transcender as várias barriras. Ficámos de orelha levantada e à espera de mais.
7/10
Fernando Ferreira
Turn Against – “Memori”
2019 – Edição de Autor
A classificação e os rótulos ajudam-nos. São uma indicação para chegar ao sítio. Uma ajuda. Não poderão no entanto cair no exagero de ser um resumo do que vamos ouvir, por muito que se tenha aversão a este ou a auqele estilo músical. Os Turn Against, apesar de nos surgirem como uma proposta pós-hardcore (rótulo que encaixa perfeitamente naquilo que podemos ouvir) aquilo que na realidade é bem mais do que o rótulo em si encerra. Temas longos (não contando com os dois pequenos interlúdios), e uma míriade de emoções que nos são transmitidas que nos fazem vibrar de uma forma que não estamos habituados. Esta banda italiana surpreende e tem uma abrangência agradavelmente larga. Não é difícil ficarmos seus fãs.
8/10
Fernando Ferreira
Cellar Twins – “Duality”
2019 – Edição de Autor
Os Cellar Twins chegam-nos cheios de fome. Fome de rock. É algo que “Duality” evidencia bem com este álbum raçudo e cheio de garra, bem longe do som pré-mastigado e formatado até à exaustão. Não é no entanto algo que se sinta como datado ou sequer com as costas voltadas para o que é actual. Muito pelo contrário, “Duality” é moderno – não é descabida a referência a nomes como Alter Bridge e Volbeat no comunicado de imprensa – e consegue cativar facilmente qualquer pessoa que tenha crescido na década de noventa do século passado ou mesmo no presente milénio. Bons temas, boa atitude, boa onda. Temos fé neles.
8/10
Fernando Ferreira
Acid Brains – “As Soon As Possible”
2019 – Audioglobe
Consta que neste álbum os italianos Acid Brains estão abertos a novas possibilidades, apesar de manterem a coerência do seu som. É algo que notamos perfeitamente. Por um lado, o travo alternativo continua a estar bem assente mas por outro acabamos por ter um feeling meio pós-punk que até se torna refrescante. Se antes a música da banda já fugia um pouco aos rótulos isso até se acentuou muito mais, mas o que interessa é mesmo o resultado e neste trabalho (que mais parece um EP do que propriamente um álbum) temos um conjunto forte de canções que acabam por nos soar muito bem.
8/10
Fernando Ferreira
Grayscale – “Nella Vita”
2019 – Spinefarm Records
Isto foi ódio à primeira vista. A sonoridade dos Grayscale tem tando adoçante que até julgo que apanhei diabetes à sua pala. É o tipo de música que hoje vê sucesso por todo o lado. Não propriamente os Grayscale, que não sendo mal sucedidos, não são um fenómeno de massas, mas muito como eles. Bandas, cantores, cantoras, tudo a lançar músicas com este tipo de som. E é fácil perceber porquê. Soa bem. Ao ouvido destreinado e não habituado a coisas mais agrestes, isto entra sem se dar conta. E sai tão depressa (e tão camufladamente como entrou). E o nosso problema é exactamente esse. Já ouvimos e vimos isto antes. E sabemos que vamos continuar a ver. Mas isso não quer dizer que tenhamos de gostar.
3/10
Fernando Ferreira