Máquina do Tempo – Depressed Mode / Cavernlight / Negative 13 / Inner Missing
Depressed Mode – “Decade Of Silence”
2022 – Inverse
O nome não esconde ao que vêm, não é verdade? Já ficamos logo com a sensação de que vamos apanhar um doom metal, mas a realidade é que ainda assim acabamos por ser surpreendidos. Para quem não os conhecia – o título do álbum é literal já que a banda esteve uma década inactiva, entre 2010 e 2020 – os Depressed Mode são finlandeses e juntam como ninguém a aspereza do death metal (sobretudo na voz gutural), a melancolia do doom metal com as melodias e os andamentos a serem bastante lentos e isto tudo temperado com um pouco de arranjos orquestrais e vozes limpas que dão mais profundidade ao modo deprimido – não, não ajuda de todo a que seja mais fácil de interiorizar. Para quem gosta da conjugação destes factores em temas que são de beleza ímpar, então este é um álbum definitivamente a conferir.
9/10
Fernando Ferreira
Cavernlight – “As I Cast Ruin Upon The Lens That Reveals My Every Flaw”
2022 – Translation Loss
Peso. Diversas formas de encarar peso. Seja líricamente, seja na ambiência criada, seja por qualquer elemento que se destaque de forma mais pronunciada sem que para isso nos estejamos a referir propriamente a riffs e a peso metálico. E temos tudo isso aqui, com a agravante de também termos o peso metálico associado tanto ao doom metal como ao sludge e post metal. Um sufoco claustrofóbico ao qual não é nada fácil nos livrarmos. E de uma forma quase masoquista, nem queremos. A atmosfera tem um papel fundamental mas temos que confessar que tudo junto, principalmente quando as guitarras explodem, acaba por ser o sludge e o post metal que falam mais alto, pela conjugação destes elementos todos que se insinuam de forma sufocante. E se isso é sintomático de música feia e desagradável, ou se pelo menos costuma ser, aqui é algo que resulta em momentos de rara beleza. É uma boa descrição daquilo que podemos encontrar aqui assim como da vida em si. Beleza com momentos de difícil digestão.
9/10
Fernando Ferreira
Negative 13 – “Mourning Asteri”
2022 – Edição de Autor
Consta que os Negative 13 lançaram o seu álbum de estreia no início do milénio e depois acabaram. Vinte anos depois regressam com este segundo álbum que continua onde o outro ficou, ou seja, com uma mistura de sludge, punk e hardcore envolto em experimentalismo. Como todas as coisas experimentais, não é de fácil absorção mas com muito sumo para quem procura aquele sludge arrastado e corrosivo – aliás, corrosão é algo que não falta por aqui ao longo destes quarenta minutos. Inventivo e interessante, é um regresso valoroso e que mostra que esta é uma banda que fazia falta ao estilo.
8/10
Fernando Ferreira
Inner Missing – “Dead Language”
2022 – Inverse
Só pela designação desta banda russa ficamos logo com a certeza de que estamos aqui a lidar: ou é doom ou é gótico. Os Inner Missing por acaso, só por acaso, tocam gothic metal, com alguns cheirinhos de doom e fazem-no com especial requinte e sem grandes exageros dramáticos. É certo que o timbre profundo e entoação de Sigmund fazem com que haja uma imediata conotação com os aspectos mais meloncólicos do estilo e que as músicas acabam também por ter esse impacto, no entanto, isto é algo que flui naturalmente não sendo propriamente forçado. O que também é natural é a forma como nos faz lembrar a época em que o estilo estava no seu auge de popularidade (e descoberta), graças a canções como “Empty Rooms”. Não sendo totalmente eficaz é uma proposta segura para os apreciadores de metal gótico.
7/10
Fernando Ferreira
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