Review

Máquina do Tempo – Jakob Holm-Lupo / Druid Lord / AlleHackBar / Valiant Sentinel

Jakob Holm-Lupo – “Entire Of Itself”

2022 – Apollon

Capa curiosa para um disco extremamente invulgar. Composto por apenas um tema que tem a duração de mais de cinquenta minutos. Jacob Holm-Lupo é músico (de bandas como White Willow e The Opium Cartel) e também produtor e resolveu gravar um disco composto exclusivamente pelos sons e instrumentos de Sandøya, uma ilha no sul da Noruega para onde Jacob se mudou com a sua família poucos anos atrás. Temos sons recolhidos da natureza, mas também temos uma atmosfera mística e quase onírica que se fundem ao longo de quase de uma hora numa vertente experimental que resulta numa viagem para um outro mundo ou melhor, para aquele mundo específico que apesar de existir na realidade acaba por ser mais uma perspectiva e interpretação, assombrosa, da realidade.

9/10
Fernando Ferreira


Druid Lord – “Relics Of The Dead”

2022 – Hells Headbangers

Ano bastante concorrido para os Druid Lord, este de 2022 para os Druid Lord. Começaram logo por lançar o terceiro álbum de originais no início do ano, lançaram depois uma compilação e um split com os Anatomia. Vamos focar-nos no álbum que tem mesmo aquele feeling podre do death/doom metal do antigamente. E sei que a nostalgia é cada vez mais algo relevante no mundo da música pesada (o que em parte vai ser também um ponto que mostra a sua incapacidade em se renovar, poderão acusar alguns) mas também é possível capturar o espírito do passado e apresentar algo novo. É o que se sente aqui, onde o doom assume contornos monstruosos graças a uma dose absurda de peso, sobretudo a nível dos riffs que conseguem ser macabros e melancólicos ao mesmo tempo, com os leads a ajudarem a tornar as coisas ainda mais negras. Este ponto, das sensações, de conseguir transmitir toda uma aura muito prória é sem dúvida o elemento que se destaca mais e que a banda consegue fazê-lo de forma natural. E também a forma de fazer sobreviver este estilo de som que nunca foi propriamente muito popular.

8.5/10
Fernando Ferreira


AlleHackBar – “In Your Face”

2022 – Edição de Autor

Grande nome, primeiro de tudo, que deixa logo antever o espírito leve e divertido que a banda alemã tem. A sonoridade não se afasta disso, sendo como que o cruzamento, caso fosse possível, entre os Motörhead, os Ramones, AC/DC e The Hellacopters. Ou seja, rock’n’roll simples com um feeling bem punk rock que apenas obriga ao movimento e ocasional cantar no refrão, sempre com um refrão elevado. E não é esta a melhor descrição do punk? Simplicidade quando bem usada é sempre a melhor forma para se conseguir tudo na vida, até mesmo música para nos pôr bem-dispostos.

8/10
Fernando Ferreira


Valiant Sentinel – “Valiant Sentinel”

2021/2022 – No Remorse

Reedição do álbum de estreia e auto-intitulado dos gregos Valiant Sentinel. Ou melhor, do grego Dimitris Skodras e este é o primeiro ponto logo que nos deixa de pé atrás. A fórmula one-man band resulta bem no black metal (e nem sempre é garantido o seu sucesso) ou noutros géneros extremos mas nas sonoridades mais tradicionais parece-nos sempre fundamental a orgânica de uma banda, ainda que possa ser apenas um músico a fornecer toda a música. Algo que se nota logo aqui na bateria, que nos parece programada. Felizmente nem o som nem a programação são demasiado artificiais mas falta aquele elemento orgânico. Felizmente também, Dimitris não opta pela solução também comum de ter vários vocalistas convidados perdendo a hipótese de afirmação de uma identidade. Rob Lundgren tem uma boa voz e dá personalidade a estes temas, aos quais Tim Ripper Owens e Fabio Lione também reforçam nos temas “King In The North”  e “Forelorn”. Sem brilhar e impressionar, é uma estreia sólida.

7/10
Fernando Ferreira


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