Máquina do Tempo – Wistful / Albaluna / Overhate
Wistful – “Metempsychosis”
2018 – Pest Productions
Segundo álbum da one-man band de Alexandre Clément que regressa seis anos após a estreia. E se essa mesma estreia auto-intitulada tinha deixado excelentes indicações para o futuro, “Metempsychosis” comprova-as. Primeiro a produção está mais equilibrada e forte, sobretudo a nível da sonoridade das guitarras – com a distorção a soar mais encorpada e as melodias limpas etéreas como nunca, que seria mesmo o que se pretendia. No entanto para além do upgrade sonoro, também temos uma evolução que até se sente como natural. O black metal praticamente desapareceu assim como a voz, tendo agora uma abordagem que até se aproxima mais do post rock do que do post metal. O resultado é superior com todos os temas a conseguirem atingir uma ambiência bem especial e marcante. Se antes o caminho de progressão poderia oferecer mais surpresas, essa não é a sensação com que se fica em relação ao futuro dos Wistful mas mesmo que não exista uma mudança tão radical como a que existiu do primeiro para o segundo, este momento “presente” é hipnótico de tão bom.
8.5/10
Fernando Ferreira
Albaluna – “Marca Antiga”
2012 – Edição de Autor
Após termos tido a honra de termos estado presentes no concerto dos Glasya, essa noite ficou ainda mais especial por termos conhecido os Albaluna e por termos ficado irremediavelmente apaixonados pela sua sonoridade que junta muita da nossa portugalidade como também de várias tradições musicais e culturais pelas quais fomos contactando enquanto povo. Essa “Marca Antiga” surge aqui muito bem representada com um cunho pessoal e que também vai beber a outras sonoridades mais modernas. Tudo feito com extrema classe e a mostrar que logo ao primeiro lançamento – pelas informações disponíveis, acredito que seja o seu primeiro lançamento – têm um talento enorme e uma alma ainda maior.
8.5/10
Fernando Ferreira
Overhate – “New Beginnings Are Met”
2020 – Edição de Autor
Viajamos até à Venezuela e até ao ano de 2020, quando os Overhate lançaram o seu terceiro álbum de originais depois de nove anos em silêncio. Sendo este o nosso primeiro contacto com eles, fico curioso para viajar até mais atrás no tempo para ver como eles eram na altura. Em 2020 apresentaram um álbum poderoso onde o groove metal é o prato do dia. Mas se pensarem que neste groove metal temos riffs orelhudos repetidos até à exaustão enquanto a voz gutural não oferece nenhuma variação ou profundidade aos temas, então estão enganados. Temos um bom trabalho de guitarra solo que faz a diferença ao longo destes dez temas. A haver um problema, o mesmo está na forma como a produção acaba por tornar a audição cansativa. Um punch considerável que resulta mais num álbum de trinta e três minutos do que propriamente de cinquenta e três. O facto dos temas rondarem em média os cinco minutos também não ajuda.
7/10
Fernando Ferreira
Wistful – “Wistful”
2011 – Self Mutilation Services
Sempre que existe uma oportunidade para conhecer novas bandas, aproveitamos. Quando é para conhecer projectos nacionais, aproveitamos com ainda mais entusiasmo. Este projecto de Alexandre Clément, de Law Of Contagion, iniciou o seu caminho discográfico com um álbum que lembra em muito o pós-black metal que por esta altura, 2011, estava a ter bastante sucesso mas tem pés bem assentes no espírito black metal mais cru e lo fi. Tecnicamente bastante interessante – sobretudo o baixo, que até está bem destacado na mistura – e com um feeling que se aproxima do black metal depressivo. As letras em português também resultam bastante bem. Sendo embrionário, é um ponto de partida que deixa a curiosidade em relação ao seu desenvolvimento. Destaque para o tema final, a cover dos Dead Can Dance, “Enigma Of The Absolute”, extremamente bem conseguida.
6.5/10
Fernando Ferreira
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