Review

Pilhas De Discos #1 – Mau Olhado, Nytt Land, KK’s Priest, On Thorns I Lay, The Vintage Caravan e muito mais!

De volta à escrita. Durante algum tempo, colocámos as reviews no nosso canal em formato vídeo, num formato que considerámos vencedor. No entanto, a vida dá voltas e o nosso mundo do metal também não está estático. As reviews continuaram a ser feitas e a ser acumuladas – por parar ouvir de música é simplesmente impossível para nós – mas conforme o tempo foi passando, foi-se tornando claro de que teria de haver uma outra forma de publicarmos as reviews, pelo que aqui está, sem grandes artifícios visuais, uma pilha de discos numa periodicidade

Mau Olhado – “Deusa do Pecado”

2023 – Raging Planet

Aquilo que nos dá esperança em relação à música pesada é a forma como apesar de sabermos que já tudo foi criado, feito, visto e ouvido, há ainda espaço para surgirem trabalhos que pegam em tudo o que já existe e apresenta-lo de forma refrescante. Mau Olhado (evil Eye em inglês) é uma banda portuguesa que traz uma mistura refrescante entre o metal e punk, com um som poderoso ao qual não conseguimos ficar indiferentes. Simples, descomprometido e descomplicado, este é um disco para rodar intensamente e que apesar de ter as letras em português poderá facilmente cativar qualquer um que gosto do seu punk rock com peso metal. (9/10)

Pictures On Silence – “Mental Haze”

2023 – Nvox Prid

Sempre associámos o post rock a exploração emocional de sentimentos que muitas das vezes as palavras não conseguem fazer justiça. É algo que este projecto de Pictures On Silence consegue evocar perfeitamente, logo a começar pela história do próprio projecto que nasceu depois de Fred Bressan sair dos Pigbearman, uma banda de rock alternativo, e de sentir a necessidade de fazer música que servisse de escape à loucura do quotidiano ao mesmo tempo que explorava as suas emoções (as dele assim como as do ouvinte). Podemos dizer que o objectivo é cumprido com um conjunto curto de temas mas que trazem as emoções ao de cimo, quer por temas instrumentais, quer usando a voz – e de forma até extrema. O resultado é entusiasmante e mesmo no centro do alvo para quem gosta do género. (8.5/10)

Einar Solberg – “16”

2023 – InsideOut Music

Este primeiro esforço discográfico a solo de Solberg apresenta-se como uma onda de variedade musical e diversidade técnica, que aflui nas tendências mais atuais de colaboração da sua banda Leprous, na qual é o vocalista e influente frontman. Como tal, “16” é um trabalho de estúdio de intensa colaboração com uma série de músicos convidados a fazerem parte de um álbum interessante e cheio de talento. “16” encaixa perfeitamente na voz angelical daquele que é para muitos uma das melhores vozes, da indústria musical, nos últimos 30 anos. Com toada progressiva, mas fundo criativo e experimental, esta estreia revela-se uma conjunção impactante de emoção lírica e explosão instrumental, com as faixas “16”, “Remember Me”, “Over the Top”, “Blue Light” e “The Glass is Empty” a constituírem os grandes êxitos de um disco sólido e sem pretensões. “16” mais parece uma declaração de amor de Einar pela música e as emoções. Vale bem a pena ouvir. (8/10 por João Braga)

Rattlesquad – “1233”

2023 – Self Released

Trabalho de estreia dos gregos Rattlesquad que trazem um rock’n’roll raçudo que facilmente conquista para quem gosta de ouvir intensidade mas também um espírito rebelde. Podemos dizer que o estilo já há bastante tempo que deixou esse espírito rebelde, seja pela conformidade em render-se a linhas de montagem ditadas pela crescente comercialização da música ou pela forma como vai buscar ao passado uma suposta rebelião que depois leva inevitavelmente ao mesmo sítio. Os Rattlesquad não caem nessa armadilha e conseguem apresentar um álbum que nos faz vibra como se estivéssemos novamente em 1978, preocupados em apenas viver e sentir sem querer saber mais nada. Rock rebelde e com alma. (7/10)

Nytt Land – “Torem”

2023 – Napalm Records

O nosso duo favorito de dark folk está de volta e com eles mais uma colecção fantástica de músicas hipnóticas e bem assombrosas que nos deixam agarrados desde o primeiro momento. A capa já funciona como um bom resumo daquilo que “Torem” oferece. Ritualismo que nos transporta até outros tempos, tempos de superstição mas também uma maior ligação à terra e ao lado espiritual da natureza. Esta é uma experiência transcendente que até poderá ser mais agressiva do que esperado devido à forma de cantar onde se usa o gutural (nepal style) como forma de expressão que trazem um lado ainda mais místico a toda esta experiência. Uma experiência imersiva no lado mais pagão que continua bem vivo graças aos Nytt Land. (9/10)

Delyria – “III: Oracles And Tentacles”

2023 – Great Dane Records

Regresso em grande por parte dos italianos Delyria. Sete anos depois voltam com um terceiro álbum que é curto (com pouco mais de trinta minutos) mas oferece um alto nível de dinâmica, onde também a produção desempenha um papel importante. No entanto, aquilo que é mais evidente é mesmo a forma como as composições oferecem interesse constante e elevado e obrigam ao headbang constante. Nota positiva também para os excelentes solos de guitarra, que quando surgem atingem mesmo em cheio naquilo que é memorável. (8.5/10)

Trinta & Um – “Granada No Charco”

2023 – Hell Xis Records

Quase vinte anos depois, os Trinta & Um regressam com “Granada no Charco”, um título em português que pode ser traduzido para inglês como “Grenade in the pond. Furiosamente poderoso e com um som potente, a banda portuguesa mostra que estarem tanto tempo ausentes dos discos não fez com que perdessem a inspiração e garra, mostrando-se mais actuais e implacáveis que nunca. O único problema com este álbum é mesmo a sua curta duração. (8/10)

Critical Heartbeat – “Revolution”

2023 – Self Released

Segundo álbum da banda suiça Critical Heartbeat que curiosamente tem membros com nomes portugueses. A banda refere que esta é uma nova era da sua carreira e podemos desde logo presumir que se trata de uma acrescida ambição. Temos um álbum com 18 temas e com mais de oitenta minutos de duração, o que à partida, mesmo sem ouvir nada, parece claramente um exagero. “Revolution” mostra uma banda com influências modernas mas que ocasionalmente entra por caminhos mais tradicionais, sobretudo a nível de harmonias entre as duas guitarras. No entanto, também temos alguns problemas, nomeadamente a nível vocal e do tom da guitarra. Em relação à voz de André Correia, a mesma não compromete mas também está longe de ser entusiasmante, não tendo um timbre que se torne marcante. Já o tom de guitarra surge como demasiado digital e despersonaliza as músicas que são o grande ponto positivo daquilo que temos. Resumindo, os pontos positivos, apesar de tudo superam os negativos mas fica a necessidade de uma maior edição no próximo lançamento. (6/10)

KK’s Priest – “The Sinner Rides Again”

2023 – Napalm Records

KK’s Priest regressa para o segundo round e devo dizer que fiquei impressionado com a sua garra. O primeiro álbum, não sendo mau, não deixou propriamente memória. Já “The Sinner Rides Again” mostra ser um álbum mais maduro e dinâmico que consegue fazer o nosso sangue Heavy metal pulsar mais forte. A prestação por parte de Tim “Ripper” Owens também mostra que o vocalista norte-americano está em pico de forma. Obviamente que pensamos em Judas Priest mas mais do que sentir que estamos perante uma cópia da clássica banda britânica, os KK’s Priest são poderosos e independentes de todo o legado da antiga banda de KK Downing, apesar do mesmo ser incontornável como referência. (9/10)

Agabas – “A Hate Surpreme”

2023 – Vinter Records (CZ Promotions)

Deathjazz é como a banda é catalogada e no meio de muitos rótulos estapafúrdios, este até nem é descabido de todo tendo em conta aquilo que se pode ouvir. Temos uma vertente Death Metal na voz (a lembrar Meshuggah ligeiramente), temos uma base mais ou menos metal com o peso das guitarras a sobressair-se e depois temos o saxofone a fazer a sua magia e é mesmo aquilo que tem mais impacto, tenho que admitir, ainda que por vezes torne a música mais difícil de assimilar, mas sem dúvida que lhe traz originalidade e torna-se depressa viciante. Um álbum recomendado para quem gosta de ver as barreiras deitadas abaixo. É perfeito para isso. (8.5/10)


Vypera  – “Race Of Time”

2023 – Frontiers Music

Os suecos Vypera estão-se a tornar um caso sério, na eficácia que a nostalgia tem na música pesada. Juntando a melodia do hard rock com o poder do Heavy metal, “Race Of Time” é um álbum que nos transporta para a década de oitenta mas sem sentirmos que estamos perante algo datado. Bons riffs, melodias marcantes e um segundo álbum que nos deixa rendidos. Para quem quer saber como soa a mistura perfeita do hard rock e do Heavy metal, esta é uma proposta obrigatória. O hard’n’heavy está bem vivo! (8/10)

Pride Of Lions – “Dream Higher”

2023 – Frontiers Music

A dupla Toby Hitchcock e Jim Peterik está de volta para mais um álbum dos Pride Of Lions, já o seu sétimo trabalho desde 2003 que garante qualidade para quem vem à procura de AOR clássico. Porque é precisamente que se tem, mesmo em 2023, é um álbum com aquela capacidade melódica que enaltece os refrões e as melodias vocais e com linhas de guitarra cheias de bom gosto. Poderá soar antiquado nos arranjos e até nalgumas soluções mas quando se propõe a fazer algo clássico, o resultado é este. (7/10)

On Thorns I Lay – “On Thorns I Lay”

2023 – Season Of Mist

Quando uma banda regressa com um álbum auto-intitulado, o nosso cérebro recua sempre até aos melhores exemplos que a música rock tem para nos oferecer, seja o álbum de estreia dos Iron Maiden, o black album dos Metallica ou até mesmo o white album dos Beatles. Os gregos têm aqui, ao décimo álbum, a sua obra prima. Um álbum que executa na perfeição ( ou quase perfeição se não acreditarem que a perfeição existe) aquilo que o death/doom metal deveria ser. Peso, melodia, beleza e melancolia. Seis longos temas que se tornam praticamente inesgotáveis e apetecem ouvir em loop. Fantástico trabalho, bravo! (9.5/10)

Varg – “Ewige Wacht”

2023 – Napalm Records

Os Varg sempre foram excelentes entre misturar um metal extremo mais moderno assente num conceito ancestral. Essa dicotomia, quando os descobri, custou a interiorizar, tenho de ser sincero. O conceito pedia algo mais folk do que aquilo que realmente é. Devo dizer que aqui esse ponto de equilíbrio foi atingido da melhor forma, em toda a sua carreira. Pelo menos na nossa opinião, claro. É um álbum que apesar de soar moderno – infelizmente a bateria poderia soar menos comprimida – não deixa de ir buscar aquelas melodias fantásticas que se espera de um bom folk metal, onde a voz de Fylgja assume um papel ainda maior. Os Varg evoluíram e materializaram alguma da sua melhor música. (8.5/10)

Motörhead – “We Play Rock’N’Roll – Live At Montreux Jazz Festival ‘07”

2023 – BMG

Os Motörhead são um nome de culto. Já o eram antes da morte de Lemmy Kilmister. Respeitados por todos, até mesmo por aqueles que não os conhecem a fundo, e com um catálogo enorme cheio de compilações e álbuns ao vivo. Por muito que o interesse em álbuns ao vivo seja diminuto, este não deixa de ser um retrato histórico da banda em 2007, depois do lançamento do seu álbum “Kiss Of Death”. Retratos como este poderão pecar por apenas fazer uma revisão da matéria dada até ao momento, mas concentrando-se obviamente nos seus trabalhos mais recentes. O que faz com que acabe por ter mais interesse para os fãs devotos da banda. (8/10)

Trounce – “The Seven Crowns”

2023 – Hummus Records

Trounce é um projecto de Jonathan Nido, o mastermind da Hummus Records e também guitarrista dos Coilguns que juntou alguns dos músicos que lançaram trabalhos pela sua editora. Este foi um projecto “encomendado” pelo mítico Roadburn e este facto é suficiente para que consigamos situar. Este primeiro trabalho apresenta-se de forma dupla. Tem onze temas registados em estúdio assim como também esses mesmos onze temas registados ao vivo precisamente no Roadburn. Temos fusão de vários géneros musicais onde o experimentalismo claustrofóbico se cruza com a música extrema dissonante. O resultado não deixa de ser impressionante ainda que se torne um trabalho de difícil apreciação (7/10)

The Vintage Caravan – “The Monuments Tour (Live)”

2023 – Napalm Records

Já era mais que essencial um álbum ao vivo dos The Vintage Caravan. Isto porque é ao vivo que a sua música, que já tem muita alma, ganha um impacto adicional, onde respira e se torna ainda mais visceral. O encanto da banda islandesa sempre foi o retrato do rock clássico nos dias de hoje, mantendo a faceta orgânica que está tão em falta nos dias de hoje. “The Monuments Tour” mostra uma banda em topo de forma e a fazer escrever na história o seu nome tal como os monstros da década de setenta. A diferença dos tempos fará com que o impacto seja totalmente diferente, mas para quem vive e sente o rock desta forma, será certamente um álbum obrigatório! (9.5/10)

Nuclear Power Trio – “Wet Ass Plutonium”

2023 – Metal Blade Records

Este é um projecto que pode não ser levado a sério, pelo conceito, pelos vídeos e pelas capas dos seus discos, está longe de ser uma proposta musical supérflua. Instrumental e de exibição gratuita das capacidades deste trio, mas sempre com música marcante que nos é apresentada. Podemos pensar nos míticos álbuns Shredd da Shrapnel de músicos como Toni Macalpine ou Marty Friedman ou até ir mais longe até jazz de fusão, em formato metal, de um Al Di Meola. No final é um disco que é dirigido para quem gosta de música instrumental e para quem gosta de ver as habilidades dos executantes a ser convertida em música que emociona. (8.5/10)

Temperance – “Hermitage – Daruma’s Eyes Pt.2”

2023 – Napalm Records

Novo álbum dos Temperance e mais um trabalho conceptual por parte da banda italiana. Tenho que admitir que este é um disco que conseguiu conquistar-me. A primeira impressão foi aquela de ter a sensação de já ter ouvido isto tudo antes, dado que o estilo do metal sinfónico também já não tem grandes segredos a revelar. E não mudei de opinião, no entanto trabalho dos Temperance foi crescendo a cada nova audição. Ambicioso e com um extremo bom gosto na construção das melodias e nos arranjos. Não é um gimmick para mostrar os arranjos orquestrais, temos verdadeiras músicas que são empolgantes e emocionantes, principalmente para quem gostar mais da vertente power metal. (8/10)

Eleine – “We Shall Remain”

2023 – Atomic Fire Records

Sim, já sabemos, o espectro do metal sinfónico está sobrepovoado. Mas também, se formos a ver, qual é o género, subgénero hoje em dia que não está? Principalmente quando continua a ser tão procurado por fãs da mistura de peso metálico e orquestrações majestosas. Os Eleine são a mais recente aposta da Atomic Fire Records e surgem cheios de fulgor mas será que têm argumentos para os distinguir de todos os outros? Sim e ao mesmo tempo, não. “We Shall Remain” é um bom disco de metal sinfónico que não arrisca mas que também não é esperado que o faça. Os fãs do estilo vão gostar certamente, e quem não gosta de metal sinfónico, não será aqui que vai passar a gostar. Curto para o padrão mas eficaz, é uma boa estreia pela nova editora. (7.5/10)

Church Of Misery – “Born Under A Mad Sign”

2023 – Rise Above Records (Sure Shot Worx)

Regresso dos mestres do stoner/doom metal japoneses, Church Of Misery. A banda japonesa já tem por defeito uma identidade musical que os distingue da concorrência mas “Born Under A Mad Sign” torna-o ainda mais único, ainda que apresentem aquilo que se esperava. Riffs arrastados, a temática dos serial killers e canções às quais não paramos de ouvir em loop. Podemos dizer que temos uma proposta mais eficaz e metalicamente acutilante do que aquilo que estávamos habituados. Seja o que for, resultou num grande álbum. (9/10)

Akouphenom – “Death . Chaos . Void”

2023 – Unorthodox Emanations (Metaversus PR)

De Espanha têm chegado novas entidades de impor respeito. Ao grupo juntam-se estes Akouphenom, que são uma proposta bem poderosa de black/Death metal que não esquecem nenhum dos elementos. Temos a atmosfera negra e opressiva do black metal, e brutalidade e os riffs (e solos) de guitarra do Death metal. Não é dos álbuns mais fáceis de absorver, sobretudo à longa duração dos temas, mas a dinâmica apresentada é sem dúvida uma boa indicação não só do que fazem, mas até da evolução que poderão fazer. (8.5/10)

Freedom Call – “The METAL Fest”

2023 – Steamhammer

Fiquei algo confuso da primeira vez que ouvi este álbum ao vivo dos Freedom Call, isto porque começa com o tema-título cujas primeiras palavras são “Freedom Call Is Back”. Não foi preciso muito para perceber de que o tema em questão não foi registado e sim um tema de estúdio novo que é Freedom Call no seu melhor, melódico e bem cheesy. Bem, passando para o disco ao vivo em si, temos uma boa representação do poder da banda ao vivo onde também é possível perceber o quão usam faixas de apoio. O que também não é estranho já que hoje em dia todos usam, principalmente quanto mais elaborado forem os arranjos. Boa selecção de temas que tem como centro, naturalmente, o último álbum de originais, “M.E.T.A.L.”. Disco para quem é fã do power metal bem happy da banda, e uma celebração que pode ser ampliada também à parte visual, da qual não tivemos acesso. (8/10)

7 Seconds – “Walk Together, Rock Together”

1985/2023 – Trust Records

Reedição essencial para os fãs de punk/hardcore com uma das suas bandas primordiais. Falamos de 7 Seconds que depois de terem visto o álbum de estreia reeditado, agora é vez do mítico EP “Walk Together, Rock Together” ter o mesmo tratamento, com edição em vinil e com direito a um livreto com vinte páginas sobre os primórdios da banda. Para quem quer saber mais sobre a história do género, esta é uma peça incontornável. (8.5/10)

 

 

A Violet Pine – “Crown Shyness”

2022 – Edição de Autor

Trabalho bastante interessante por parte deste invulgar trio italiano. Dois guitarristas, um baterista e um feeling que vai do alternativo até à espécie de amálgama progressiva ou depressiva que bandas como Anathema e Katatonia conseguiram aperfeiçoar nos últimos anos, principalmente estes últimos. Não é um disco imediato, nem se quer para o classificar, mas esse é apenas um dos seus aspectos mais interessantes. Musicalmente intrigante e com capacidade de alternar peso e melancolia de forma cativante. A Violet Pine, um nome a conhecer. (8/10)

 

Xavier Boscher – “Musical Voyage”

2007 – Plaza Mayor Company

O talento de Xavier Boscher manifestou-se muitas vezes (e continua a manifestar) para além dos redutos do metal. Aqui esta viagem musical leva-nos para os campos do prog e do jazz de fusão em registos quase minimalistas onde obviamente é a sua guitarra, ora eléctrica, ora acústica. Todos os instrumentos são tocados pelo amigo Xavier num álbum que é aconselhado sobretudo para quem aprecia passagens ambient onde a guitarra e os teclados são as personagens principais. (6.5/10)

Šakal – “Jav, Prav, Nav”

2022 – Edição de Autor

Fantástica estreia discográfica – tecnicamente ainda não o é, já que não tem qualquer edição física, mas a mesma consta que está para breve. E também nesta era digital, isso até já nem é assim tão relevante. Os Šakal são sérvios e este “Jav, Prav, Nav” é aquilo que se espera de uma banda de black metal pagão, sem tirar nem por. Só esse factor pode levar a que se pense “oh, mais do mesmo”, e não é um pensamento errado. A questão mesmo é a forma como estes lugares comuns são apresentados em forma de canções que nos agarram a atenção. Para quem conhece o género, também já nem é preciso referir que o grande chamariz são os riffs de guitarra e estes são de qualidade fantástica, a fazer sentir que estamos perante um álbum clássico. Poderá nunca atingir este estatuto, mas isso não impede que estejamos perante um álbum fantástico de black metal pagão e um excelente início de carreira. (9/10)

Thomas Zwijsen – “Nylon Maiden III: Preserved In Time”

2016 – Edição de Autor

Este será provavelmente o meu trabalho favorito de Thomas Zwijsen (ainda tenho muita coisa a conhecer da sua carreira. Temas que não são imediatos, mas que soam tão bem como verdadeiros clássicos para muitos dos fãs que conseguem apreciar a sua carreira na totalidade. Temas como “If Eternity Should Fail”, “Judgment Of Heaven” (com a participação de Blaze Bailey a evidenciar algumas fragilidades na voz, ele que também participa na “Como Estais Amigos” e surpreendentemente na “Blood Brothers” com resultados bem mais positivos), “When The Wild Blows”, “For The Greater Good Of God” entre muitas outras. É uma colecção generosa de temas não só da carreira de Maiden mas também da carreira a solo de Bruce Dickinson onde temos “Tears Of The Dragon” e “Jerusalem” que estão fantásticas. Indispensável para fãs de Maiden e do som da guitarra clássica. (9/10)

Maktamp – “I Affekt”

2022 – Edição de Autor

Depois de termos sido surpreendidos com o segundo álbum da banda norueguesa, tivemos que recuar um ano para vir até esta sua estreia que se revela bem mais extrema, mas muito longe da personalidade que a banda evidenciou no seu segundo álbum. A abordagem mais corrosiva da voz acompanha uma abrasividade que junta punk e hardcore de forma apaixonante. Não é tão eficaz como no trabalho seguinte, mas tem já aqui aquele feeling tipicamente escandinavo e aquela capacidade de fazer rock sujo e apaixonante, com alguns destes riffs a poder entrar no departamento do metal sem grande dificuldade. Grande banda! (8.5/10)




Curtas

NYOS – “Waterfall Cave Fantasy, Forever”

2023 – Pelagic Records

Os Nyos estão de volta e com eles mais uma colecção de canções instrumental onde o ouvinte é levado numa viagem dinâmica com a guitarra e a bateria a ser usada de uma forma inteligente e inventiva. (8.5/10)

Damn Sessions – “El Impostor”

2023 – Raging Planet / Vinil Experience

Os Damn Sessions regressam com este novo trabalho que nos apresentam seis capítulos do seu som Americanba, com uma ambiência bem negra que oscila as letras entre o português, o inglês e o castelhano. Algures entre os universos de Leonard Cohen, Nick Cave ou Tom Waits, é uma peça musical tocante recomenda conhecer. (8/10)

Gravepath – “Splintered Through And Through”

2023 – Edição de Autor

Thrash/death metal vindo de Belfast, Reino Unido. Uma abordagem crua e dissonante, mas não tão old school quanto isso. Aliás, podemos dizer que é uma mistura entre o velho e o novo. Dois temas é pouco para se ficar com uma ideia mais profunda mas garante que os fiquemos a acompanhar até ao próximo lançamento. (7/10)

Gravethorn – “Underground Rituals Of Those Unseen”

2023 – Edição de Autor (Metal Devastation PR)

Trabalho de estreia da one-man band Gravethorn que tem as habituais fragilidades que uma one-man band por norma tem. A produção crua, a bateria a soar um pouco digital/aritificial e a mesma unidimensionalidade. Contudo, o resultado não é exatamente mau. Apenas precisa de um pouco de maturação já que temos boas ideias apresentadas. Ideias que noutro contexto ou com outra produção teriam mais impacto. (6/10)

 Deth Kaktus – “Prick”

2023 – WormHoleDeath

Os norte-americanos Deth Kaktus têm uma sonoridade e forma de fazer thrash/groove bastante peculiar, que poderá necessitar de alguma habituação, com canções mais longas daquilo que seria necessário mas ainda assim, com potencial. (6/10)


Razumikhin – “Self Made Monster”

2023 – WormHoleDeath

One-man band que traz-nos black/death metal experimental e conceptual. Algumas das opções para as vocalizações não são das melhores mas ainda assim uma voz agradável aos ouvidos dos fãs mas aventureiros. (6.5/10)

 

IPCC – “Impact Adaptation Vulnerability”

2023 – Edição de Autor (Against PR)

Grindcore com uma mensagem poderosa mas que é entregue de forma pouco poderosa. A música não é tão poderosa como os samples usados para a introduzir. Ainda assim esperanças em ver desenvolvimentos neste projecto. (4/10)

Satsuriku Robot – “No Thrash Metal, No Life!!”

2023 – WormHoleDeath

Excelente surpresa desta banda japonesa, thrash metal moderno com alguns ganchos melódicos inesperados. A voz poderá não ser cativante para os fãs do tradicional mas a música leva tudo à frente! (8.5/10)

Verderbnis – “Paria”

2023 – Black Sunset (MDD Records / Against PR)

Álbum de estreia da banda alemã de black metal melódico Verderbnis que apresenta um feeling escandinavo frio, nesta colecção de faixas. Uma grande ambiência e um grande início para uma discografia. (8.5/10)

 

Paracrona – “Sun God”

2023 – Edição de Autor (The Metallist Pr)

A olhar pelas fotos promocionais desta banda norueguesa, não se poderia antecipar o poder do seu black metal melódico que transborda devoção ao feeling tradicional do estilo. Boa surpresa. (8/10)

Slave Steel – “In Fieri”

2023 – WormHoleDeath

Excelente novo álbum por parte dos Slave Steel. Uma proposta death/thrash proposal com um feeling moderno que vai directa à jugular, sem dó nem piedade. Um passo em frente para a banda. (8/10)

Sam Phillips – “Withered Away”

2023 – Edição de Autor

Apesar da ambiência cool, este projeto pessoal de Sam Phillips sofre de uma produção péssima que não ajuda a evidenciar as influências de bandas como Gojira e Tesseract que claramente possui. (3/10)


 

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