Review

Pilhas de Discos #3 – Vitriol, Monkey3, Comeback Kid, Black Hill Cove, Albert Fish, Gama Bomb, Upon Stone e muito mais!

 

Vitriol – “Suffer & Become”
2024 – Century Media Records

2024 está a começar de maneira forte do lado da Century Media Records. Temos aqui mais um exemplo de Death metal poderoso e bruto que nos entra pelo corpo a dentro sem qualquer tipo de perdão. Castigador do início ao fim, “Suffer & Become” é provavelmente um dos álbuns mais intensos de Death metal que ouvimos nos últimos tempos. Sufocante e impiedoso e a querer entrar cheio de vontade no reino do Brutal Death Metal – e conseguindo na nossa opinião. Impressionante! (9/10)

After Infinity – “After Infinity”
2024 – Mauste Records

Trabalho de estreia do projecto After Infinity que é um mimo para os ouvidos dos fãs de power metal do auge da sua popularidade – ou seja, ali na transição da década de noventa para o novo milénio. Melodias que se agarram facilmente aos ouvidos, uma produção sólida e, acima de tudo para quem ficou a pensar nos exageros da época citada atrás, músicas sóbrias onde a voz e as próprias composições não caem em exageros constrangedores. Power metal muito bem feito e memorável. (8.5/10)

P.D.M. – “Horror Sapiens”
2023 – Edição de Autor

EP dos P.D.M. (Pregadores da Maldição) que nos trazem uma mistura de death e crust bem interessante e dinâmica. Este EP contém temas que remontam à década de noventa e foram reimaginados para a nova realidade da banda. Som poderoso e um estilo que sabe sempre bem ouvir, ainda para mais com letras em português. Bons solos, boa atitude, um EP recomendado. (8/10)

Os Bar Ban Sónicos – “Sede De Ruína”
2024 – Edição de Autor

Várias sensações que este álbum dos galegos Bar Ban Sónicos nos transmite. Começa pelo rock ibérico, bem embebido num espírito alternativo que remete à transição da década oitenta para noventa. Também transmite uma vibe punk rock que nunca se chega a materializar por completo na sua música. Descontraído e boa onda, “Sede de Ruína” é um daqueles discos capazes de espalhar boa disposição rapidamente. (7/10)

Kalah – “And Yet It Dreams”
2024 – Nova Era Records

Electronic Progressive Metalcore não é um rótulo que entusiasme. E inicialmente a música também não o faz, não parecendo tão moderno quanto o rótulo “electrónica” poderia sugerir, nem sequer Metalcore (o que até nem é mau) e muito menos progressivo. A voz de Claudia Gigante é sem dúvida um dos pontos mais atractivos principalmente no registo limpo. Infelizmente são os arranjos electrónicos que prendem estas músicas ao chão e impedem-nas de voar mais alto. Potencial há, um pouco desalinhado, mas está cá. (5/10)


John Mercy & Pedro Renato – “The Immigrant & The Vagabond”
2024 – Lux Records

Esta junção, por si só, promete. A união dos universos de John Mercy (de A Jigsaw) e Pedro Renato (dos Belle Chase Hotel) para musicar dois filmes (curtas) de Charlie Chaplin, precisamente os que dão o título a este álbum. E apesar do que o conceito de banda-sonora possa sugerir, o que temos é um verdadeiro álbum – com canções no seu sentido tradicional – onde o western e o Americana são as paisagens escolhidas para dar vida a quase uma hora de vida. Musicalmente excelente e com um artwork cuidado – e que em si é um espectáculo à parte – este é um projecto que os fãs de ambos os músicos mas  sobretudo de boa música não poderão perder. (9/10)

Terramorta – “Chronophobia”
2024 – Magnus Pike Records

Começa a ser um lugar comum, começar reviews a dizer como é bom sermos surpreendidos não só por uma banda que não conhecíamos como um álbum de estreia de uma banda portuguesa que nos revela um futuro promissor. O espectro da mistura entre black e death metal melódico de contornos sinfónicos está bem povoado e até no underground português temos boas propostas – ainda recentemente recebemos aqui na WOM os Godiva – no entanto, os Terramorta demonstram ambição suficiente para não serem apenas mais um e que “Chronophobia” é um excelente e promissor ponto de partida para o futuro. (8.5/10)

The Chronicles Of Father Robin – “The Songs & Tales Of Airoea Book 2: Ocean Traveller (Metamorphosis)”
2024 – Karisma Records / Old Oak Records

Depois de uma excelente primeira parte, aqui está o segundo volume de “The Songs & Tales Of Airoea” que refina ainda mais a sua classe, a classe do rock progressivo. As referências a Yes e Jethro Tull continuam muito presentes (ainda mais estes últimos) mas a música continua a soar refrescante, como se estivéssemos agora a começar a aprender o que é rock progressivo e como a sua mistura com o folk que nos aponta para a década de setenta é tão especial. Aqui, os resultados não são tão imediatos mas ainda assim, a manter o interesse por esta trilogia – até a numeração das faixas começa onde o anterior terminou. (8/10)

Peter Suede – “Street Hotel”
2024 – Lux Records

Segundo álbum de Peter Suede que nos traz o seu rock indie peculiar. Há um certo groove Americana ao longo destes onze temas que nos embalam pela certeza de há mesmo algo aqui de especial neste projecto de Pedro Baptista. Algo que não estará acessível a todos – porque nem seria esperado que assim fosse, embora merecesse ser disseminado um pouco por todo lado – pelas suas temáticas adultas e pelo som orgânico. Sem grandes artifícios mas muita alma, este é um disco que vai crescer aos poucos e conquistar o ouvinte, mesmo que o mesmo inicialmente não reaja dessa forma. (7.5/10)

Samael – “Passage – Live”
2024 – Napalm Records

É compreensível, este exercício de nostalgia. Para quem vive da música a 100% é importante cada vez mais encontrar formas de render ao máximo o produto. No caso dos Samael, apesar de criativamente estarem muito bem, não há como negar como “Passage” é um dos pontos mais queridos da sua discografia. A nostalgia de muitos fãs fala mais alto, aliada à qualidade óbvia das músicas em questão, sendo ponto obrigatório para os fãs da banda suiça. Como tal, não nos espanta que tenham escolhido a táctica de muitas outras bandas, de tocar ao vivo o álbum (assim como o “Ceremony Of Opposites”) por inteiro. Talvez não faça tanto sentido replicar esse mesmo acto em disco. Podemos pensar, mal por mal, mais vale ouvir o original. Não é que a prestação esteja tão inferior assim, apenas perde o sentido de comprar este disco, a não ser que se seja completista e queira adquirir tudo o que a banda lança – nada de errado com isso também. No fundo são todas estas questões que acabam por ofuscar o que é na realidade um dos grandes álbuns da música extrema (a tornar-se melódica) na Europa dos anos noventa. Os fãs da banda sabem disso sem discussões. O grau na escala de fã irá ditar se vai comprar ou não. (7/10)

Monkey3 – “Welcome To The Machine”
2024 – Napalm Records

Este título não será por acaso. Não tenho nada que indique isso mas a referência a Pink Floyd é constante ao longo destes cinco temas – a mais flagrante será na final “Collapse” com o início a lembrar a “Time”. No geral é aquilo que esperávamos e até antecipávamos. Música instrumental de altíssima qualidade assim como eficácia em nos fazer perder no momento. De momentos de beleza sublime onde alcançam, algo que não é muito comum dizer, a perfeição. Sim, estes cinco temas são puro prazer auditivo, são de uma beleza esmagadora, onde a emoção acaba por comandar o elemento técnico que também está presente. Um álbum inesgotável que tanto pode servir como música ambiente como também resgatar-nos a atenção de onde quer que estejamos concentrados. Insuperável! (10/10)

Comeback Kid – “Trouble EP”
2024 – Sharptone Records

Os Comeback Kid são, para nós, um belo exemplo de como um género, neste caso o Hardcore, pode evoluir para algo fantástico, sem propriamente ser uma cópia do passado ou sequer tentar preencher os requisitos que o presente dita. Estes quatro temas ouvem-se em loop facilmente assim como facilmente pensamos neles ao vivo e no impacto que têm em estúdio. Soa a clássico desde o primeiro momento, soa a Comeback Kid no seu melhor. (9/10)


Veriteras – “The Dark Horizon”
2024 – Edição de Autor (Clawhammer PR)

Os Veriteras chegam-nos dos E.U.A. com uma sonoridade bem próxima da europeia, uma sonoridade dentro do Death metal melódico. Também há um certo cheirinho a black metal – a nível sonoro apenas – que nos faz pensar por vezes bandas como Dawn, por exemplo. O equilíbrio perfeito entre um peso viciante e melodia marcante num álbum memorável apesar de bastante curto. O que só faz com que o vício seja mais intenso. (8.5/10)

Tombstoner – “Rot Stink Rip”
2024 – Redefining Darkness

Segundo álbum dos norte-americanos Tombstoner que apresentam um Death metal poderoso e moderno mas sem ceder às tentações daquilo que é demasiado moderno – ou seja sem parecer que sai de uma linha de montagem e igual a tudo o resto. Mesmo sem apresentar um conjunto de canções que nos agarrem à primeira, não deixa de ser um trabalho sólido que se vai introduzindo com persistência quanto mais atenção lhe for dedicada. Excelente trabalho ao nível da guitarra solo. (7/10)


Horyn – “Голоси моїх зневірених думок”
2024 – Fetzner Death Records

O problema com as one-man bands, por norma, nem é tanto o talento, bruto, a nível de composição, mas a ingenuidade e a falta de meios para que se possa materializar a visão daquilo que seu criador tem em mente. Neste caso temos o ucraniano Artur Lisovy que nos traz no álbum de estreia deste seu projecto Horyn, um black metal com dotes atmosféricos mas em moldes arcaicos que teriam um impacto bem maior em 1995 do que tem actualmente, não só ao nível sonoro e de produção como até a nível criativo. Há talento, agora é só esperar que o mesmo recupere um pouco cronologicamente em relação ao resto do mundo. (5/10)

Black Hill Cove – “Ex Tenebris Vita”
2024 – RagingPlanet Records

Sabemos que os músicos não são, nem podem (nem devem), imparciais em relação ao seu mais recente trabalho. Mas não é preciso dedicar muita atenção a “Ex Tenebris Vita” para perceber o sentido da declaração de Nuno Aguiar de Loureiro (guitarrista e um dos principais compositores dos Black Hill Cove) quando afirmou que este é o trabalho do qual sente mais orgulho. Em relação à estreia, também ela excelente, é um passo, um salto em frente. Há uma maior definição de identidade embora a mesma continue difusa entre o groove do metal moderno e alguns apontamentos melódicos que poderão fazer lembrar o estágio inicial do Metalcore (quando tinha outro nome qualquer), com espaço para algumas surpresas como a tocante “You” quase no final do disco. Ambicioso na forma mas sobretudo no resultado, este é um disco ao qual nos perdemos (e queremos perder) facilmente (9/10)

Tomorrow’s Rain – “Ovdan”
2024 – AOP Records (Blood Fire Death)

Os isrealitas Tomorrow’s Rain estão de volta com mais um estrondoso álbum, depois de uma surpreendente estreia “Hollow”. O doom metal está no centro das atenções, como esperado, mas sempre com uma sensibilidade gótica e a faceta mais melódica (e melancólica) do death metal. Não é um trabalho com o mesmo impacto do anterior, mas é mais ambicioso, mais diverso e como tal, mais arriscado. O risco compensa em mais um ponto alto de uma discografia que se está a revelar obrigatória. (8.5/10)

The Gems – “Phoenix”
2024 – Napalm Records

Três ex-membros das Thundermother juntaram-se e o resultado é uma grande banda de hard rock que por vezes entra por caminhos mais acessíveis do rock mas que nunca perde a personalidade. Trabalho de estreia que impressiona e até se esforça, talvez demais, para ter esse resultado. Talvez um pouco grande demais, talvez um pouco demasiado variado e com demasiadas músicas mas o resultado final não deixa de ser memorável. Uma estreia a conferir. (8/10)

The Pages / The Neuras – “A New Scene/The Neuras”
2024 – Lux Records

Adoramos viagens no tempo. Seja movida pela nossa própria nostalgia como pela dos outros. Neste caso temos um split que junta os portugueses The Pages aos espanhóis The Neuras, duas bandas que embora estejam separadas geograficamente e até cronologicamente pelo seu momento de criação (The Pages nasceram em 2023 enquanto os The Neuras em 2021) acabam por tocar no mesmo ponto, um sabor pop que é tudo menos artificial e que nos remete para a década de sessenta e setenta. No caso dos The Pages, com alguns ganchos punk e no caso dos The Neuras, um sabor garage rock que sabe bem em qualquer época. (7.5/10)

Zurrapa – “Manual De Incitação A Uma Vida Boçal”
2024 – Edição de Autor

Os Zurrapa são os grandes herdeiros do punk rock nacional, cru, bem-humorado e sempre com consciência social. Aquela corrente típica do underground que populava na década de noventa e que tantas saudades deixou. Este álbum foi algo atribulado, com alguns percalços na gravação, facto que poderá estar ou não relacionado com a podridão presente nesta gravação. Uma podridão que tem o seu charme, como já indiquei, nostálgico. Temos mais uma série de malhas que vão ser hinos ao vivo como “Lítio” e “Governados por Cabrões”. Zurrapa iguais a si próprios, e é isso que queremos (7/10)

Infection Code – “Sulphur”
2023 – Time To Kill Records (Anubi Press)

Nome combative da cena extrema italiana que regressa para mais um álbum. O seu nono em mais de vinte anos de carreira. A abordagem é a de trazer algum modernismo ao Death metal, a justificar assim o rótulo industrial que lhe é atribuído, mas mantendo também valores de produção bastante crus. Eu diria que é esta abordagem que faz com que a soa música não seja mais do mesmo em relação à concorrência. O facto de ser também o primeiro álbum com um novo alinhamento, a representar uma nova era, poderá cativar todos os que não tinham sido afectados pelos anteriores trabalhos. (6.5/10)

Albert Fish – “Save The Planet, Kill Yourself”
2024 – Infected Records, Raging Planet, Zerowork Records, Firecum Records, Contra Records

Quarto album de originais de uma das grandes bandas de punk rock português, Albert Fish. A banda surge com uma energia contagiante e a vários níveis, impressionante. Melodia, atitude e catorze temas que, qualquer um deles, é marcante e memorável. O que em si é admirável, não há músicas a encher, nem há um momento morto. Um álbum curto, directo ao assunto e para ouvir em loop. Sem dúvida um dos melhores do ano! (9.5/10)

Vesperian Sorrow – “Awaken The Greylight”
2024 – Black Lion Records

Regresso após cinco anos de ausência, aliviada apenas pelo single “A Dire Light For The Black Fragment” em 2023. Um regresso de grande classe que faz pensar nos momentos mais inspirados de bandas como Septicflesh – quando estes traziam mais melodia memorável para a sua música. Temos então a melodia e a violência metálica aliadas a um sabor épico que é simplesmente irrestível. (9/10)

 

Gutslit – “Carnal”
2023 – Self Released (Qabar PR)

Da Indía, Gutslit, provavelmente uma das propostas mais interessantes na música extrema do metal extremo do país. Temos uma abordagem crua e sem contemplações ao brutal Death metal que surge aliada de grandes riffs, de grande poder metálico e de um poder destrutivo que é acentuado também pelo nível técnico existente, ainda que muitas das soluções apresentadas sejam bastante simples. Essa simplicidade desarmante em conjunto com a garra com que nos atinge é a razão por este disco ser bem mais viciante do que o esperado. (8.5/10)

Scott Stapp – “Higher Power”
2024 – Napalm Records

Scott Stapp, um nome que alguns se lembrarão como sendo o vocalista do Creed, que chegaram a ter um sucesso comercial a nível mundial notável. Não durou muito, a banda desintegrou-se, uma cisão que deu lugar aos Alter Bridge enquanto Stapp teve um percurso mais ou menos errático sobretudo devido aos seus problemas com a bebida. Agora num lugar bom e cinco anos após o anterior álbum, “Higher Power” traz-nos aquele rock pesado inspirado com uma voz que apesar de ser familiar ou genérica, não deixa de ser poderosa e talentosa. Para quem gosta desta abordagem mais comercial ao rock pesado, este é um trabalho muito inspirado. (8/10)

Pirate Queen – “Ghosts”
2024 – Despotz Records

O que é mais previsível que o metal sinfónico? A junção do género com o power metal. E este poderá ser o problema para alguns fãs deste trabalho de estreia das Pirate Queen, uma banda totalmente feminina – mais um lugar comum para juntar à lista. A surpresa não vem tanto na música, como já podem ter reparado pelo que foi dito até ao momento, mas sim na forma como esta se torna eficaz. Um álbum curto, que se ouve bem e que nos remete tanto para uns Nightwish, Visions of Atlantis com alguns riffs à la Running Wild sinfónicos. Não vai converter quem não gosta de power metal e metal sinfónico, mas quem apreciar peso, melodia e arranjos orquestrais, vai sem dúvida ficar fã. Só há um problema, temos um álbum com oito temas e dois deles são versões de outro tema presente, “Ghosts”, em versão Radio Edit e instrumental. Sabe a pouco. (6/10)

Upon Stone – “Dead Mother Moon”
2024 – Century Media Records

Quando temos um abanda a estrear-se pela gigante Century Media Records, os nossos sentidos ficam automaticamente alinhados e é isso que acontece com “Dead Mother Moon”. Death metal agressivo mas sem deixar de ir capturar aquela melodia do início da década de noventa, dos primeiros passos de bandas como Dark Tranquillity, Edge Of Sanity e In Flames, sem soar propriamente a nenhuma delas. Resultado, um álbum que pouco mais de trinta minutos tem mas que nos entretem por horas! (9/10)

Battlecreek – “Maze Of The Mind”
2024 – MDD Records

Nove anos de ausência dos alemães só lhes fizeram bem. Isto porque este “Maze Of The Mind” é extremamente bem inspirado. Uma aproximação à sonoridade mais efervescente do crossover norte-americano, naquela vertente old school que depois ganhou gosto na nova escola com uns Municipal Waste, faz com que não consigamos desligar o entusiasmo, a faixa instrumental é o retrato perfeito disso mesmo. Principalmente quando soa tão bem. Álbum sólido e viciante!  (8.5/10)

Iterum Nata – “Trench Of Loneliness”
2024 – Nordvis

Hipnótico e memorável, este é um disco que nos agarrou desde o primeiro momento e que irá fazê-lo para quem é fã  de folk (ou neo-folk) com um certo toque progressivo que faz lembrar bandas da década de sessenta e setenta ou as experimentações de bandas como In The Woods. Isto tudo com ocasionais acessos a peso metal. (8/10)

Säteilijä – “Säteilijä”
2023 – Self Released (Inverse Records)

Devo dizer que à primeira vista não fiquei impressionado com o som destes finlandeses. A voz melódica demais e a música com pouca potência. Claro que andar o dia todo a ouvir música extrema poderá ter destas consequências, nada que um pouco de calma e perspectiva não ajude a curar. Musicalmente, um cruzamente hard’n’heavy de grande classe e com uma voz que poderá não entrar à primeira mas sem dúvida nos conquista pela sua qualidade, este álbum de estreia tem bastante mais valor do que se poderia esperar à primeira. (7.5/10)

Dragonforce – “Warp Speed Warriors”
2024 – Napalm Records

Duas coisas definem desde cedo, para mim obviamente, os Dragonforce. Por um lado, a velocidade estonteante e a técnica dos seus executantes. Por outro, um certo factor “azeite” (em inglês, “cheesy”) que pega no conceito “euro metal” que algum do power metal mais happy tinha na altura em que surgiram e foi elevado a níveis estratosféricos. Apesar destes gimmicks, nem sempre, ao longo da sua carreira o resultado foi satisfatório. Podemos incluir “Warp Speed Warrior” nessa lista, sendo que apesar do início entusiasmate (para os padrões e expectativas da banda) com “Astro Warrior Anthem” mas depressa as coisas tornam-se constrangedoras, pela falta de entusiasmo e vida que as suas músicas transmitem. Se o lado azeite continua presente, aquela velocidade estonteante e técnicas inspiradas aparecem a espaços e cada aparição não é tão memorável quanto seria suposto. Nota positiva, todavia, para a edição especial que traz uma versão de Taylor Swift – é boa! – e ainda versões de temas do álbum com convidados especiais. A estreia na Napalm não foi das melhores mas curiosamente bate certo com a orientação (geral) estilística da editora austríaca. (5.5/10)


Máquina do Tempo

Viaje a 800 – “Coñac Oxigenado – Deluxe Edition”
2012/2024 – Spinda Records

Reedição do último álbum de originais dos Viaje a 800 que se revela muito especial, não só pelo álbum em si, mas por apresentar duas versões do mesmo, pela primeira vez. Inicialmente foi gravado de forma analógica em 2009 e depois regravado no ano seguinte, esta é uma oportunidade única não só de ficar a conhecer um excelente álbum como também ter duas interpretações únicas (não só pela banda como também pelo impacto que as produções diferentes tiveram no processo criativo) que não se esgotam nem se anulam mutuamente. (9.5/10)

Gama Bomb – “Bats”
2023 – Prosthetic Records

Os Gama Bomb sempre foram uma banda diferente e especial no thrash metal. Com um apelo crossover sem ser tocar no hardcore. Cheios de humor nonsense mas longe de ser uma banda de paródia e principalmente sem medos de ir para além daquilo que lhes é esperado, algo que “Egyptron feat. The Egyptian Lover” tão bem demonstra na secção antes do solo de guitarra. “Bats” é um festim de riffs, solos alucinantes e boa disposição constante. Os mais tradicionais poderão não gostar da abordagem vocal de Philly Byrne mas por esta altura já é uma marca registada que enaltece o produto final. Diversão infindável. (9/10)

Lacrau – “Axioma”
2023 – Monumental Rex

O álbum de estreia dos Lacrau “Axioma” é bem impressionante. Apesar de ir buscar um pouco da estética do Black Metal, é alimentado também por elementos de deato e doom metal. No final tem um feeling melódico e melancólico que é muito apreciado por aqueles que gostam de metal extremo bem dinâmico. Letras em português com um conceito rico por trás, este é um álbum que poderá surpreender até mesmo aqueles que não são atraídos para todos os géneros atrás citados. (8.5/10)

Velvet Viper – “Nothing Compares To Metal”
2023 – Massacre Records (All Noir)

The title may sound a little cheesy, and it is definitely, however we always like to go a little further than the appearances. And cheesy was never synonymous with poor music. The Velvet Viper began their career in the early 1990s and returned in the new millennium, and album after album have featured solid heavy metal albums, typically Teutonic, and with the voice of Jutta Weinhold that has the perfect timbre and balance between melody and aggressiveness. Real heavy metal has some loyal servers on the Velvet Viper. (7.5/10)

Plaguemace – “Reptilian Warlords”
2023 – Napalm Records

Another surprising debut in the Kingdom of Napalm Records. This time the Plaguemace who present themselves with a very primitive death metal and without any kind of intentions to appeal to the audience and fans of more modern things. This, on the one hand, is refreshing, but on the other, it does not present and does not bring anything new to an already completely overpopulated territory. Without great technical brilliance – and they would even sound out of context here – the primitive feeling of their compositions remains, which is undoubtedly the great attraction. Or maybe the only one. We’ll see where these Danes are going. (6/10)

Curtas

Madness Of Light – “Lycanthrope – EP Series Vol. III”
2023 – Self Released

“Lycanthrope” pega no impacto fantástico do primeiro volume, no fator épico, majestoso e memorável do segundo e acrescenta-lhe ainda mais peso, dinâmica e intensidade dramática. Serveria perfeitamente como banda sonora de uma grande produção de Hollywood, conseguindo transpor ou até mesmo criar imagens fantásticas. Absolutamente obrigatório! (9.5/10)

The Brooms – “Freakin’ Out”
2024 – Chaputa Records

Uma viagem ao passado sem sairmos de 2024, é o que o terceiro disco dos The Brooms nos traz. Rock psicadélico com boas vibes que nos faz relaxar e até, porque não, dançar. Daqueles discos que trazem o Verão mesmo em dias de Inverno. (8/10)

Ivory – “Alien Nation”
2023 – Underground Symphony

Sete anos depois do anterior álbum, regresso dos italianos Ivory que continuam mestres na sua mistura de power metal com metal progressivo. A mestria infelizmente não chega à mistura onde temos os solos de guitarra a soarem deslocados, em termos de som, do resto. No entanto, sólido. (7/10)

Sinistrum – “Indernal Dawn”
2024 – Morbid And Miserable Records / Adirondack Black Mass

Trabalho de estreia dos norte-americanos Sinistrum que mostram entusiasmo pelo Death metal dinâmico. Bons detalhes, a puxar a old school com uma sonoridade mais digital – principalmente na distorção das guitarras. (7.5/10)

Observers – “Silent Space”
2024 – Edição de Autor

Por norma não fazemos reviews de singles, mas quando temos um single com dois temas e um deles é um épico de vinte minutos, como recusar? Se a curta “Frozen Lattices Of Light” é pesada como tudo, já o tema-título é uma viagem para ouvir em loop, a puxar mais ao ambiente do que ao post metal. Resulta em curiosidade acrescida para ouvir o álbum. (9/10)

Hammerfilosofi – “The Desolate One”
2023 – Aeternitas Tenebrarum Musicae Fundamentum

Não é um tipo de black metal que me fascine, curiosamente vindo da Noruega. Contemplativo (ou a tentar ser) em temas longos demais para o seu próprio bem. Trabalho de estreia que consegue manter uma ambiência, mas falha em ser memorável, infelizmente. (4/10)

Deully – “This Is It”
2023 – Wormholedeath

Trabalho simples, onde o hard rock fala mais alto mas sem trazer a si demasiado déjà vú. Bons temas, um feeling nostálgico, até datado, mas nada que prejudique a audição com prazer do álbum (7/10)

Bunker 66 – “Portraits Of Dismay”
2023 – Dying Victims Productions

Um pequeno tesouro para os fãs dos Bunker 66. Compilação dos temas que saíram em splits e tributos ao longo de quase uma hora de black/thrash/speed metal primitivo que é bem apetecível em qualquer colecção que se preze. (7/10)

Peste Negra – “Peste Negra”
2023 – Edição de Autor

EP auto-intitulado de estreia dos portugueses Peste Negra, que levam tudo à frente e apresentam mais uma banda nacional a ter em conta. A negritude do título também se transporta para a música ainda que não entrem pelos terrenos do black metal. A conhecer (8/10)

Alestorm – “Voyage Of The Dead Marauder”
2024 – Napalm Records

Alestorm não tem segredos de ninguém, tanto quando lançam um álbum como um EP, como é o caso. Música festiva onde o destaque é o tema-título com a participação de Patty Gurdy. “The Last Saskatchewan Pirate” também é um dos temas memoráveis que queremos ver ao vivo. (7/10)


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