Predominance # 2 – Slog / Iron Walrus / Serotonin Syndrome / …And Oceans / Dragonlord
Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.
Slog – “Divination” – Nascidos e forjados em plena pandemia os Slog são provenientes dos Estados Unidos (mais precisamente de Los Angeles) e escolheram 2023 como o ano ideal para “infernizarem” em definitivo as hostes das musica mais pesada. Dois anos depois do seu álbum de estreia ‘Graves’ o duo Californiano está de regresso com o seu sucessor ‘Divination’. ‘Divination’ carrega-nos o espirito para uma densa, sombria e assustadora “floresta” onde apenas floresce uma feia e crua mistura de Death e Doom Metal, mistura essa que consegue manter um interessante e eficaz equilíbrio entre agressividade e ambiente tendo como ponto de contacto uma espécie de aura que consegue contagiar e repelir em simultâneo. Ainda que com um efeito de arrasto muito mais intenso e pungente ‘Divination’ “obriga-nos” a cavar fundo na nossa “memória musical” até encontrar as primeiras iterações de bandas como os My Dying Bride ou Paradise Lost, um exercício de revivalismo que o próprio Greg Mackintosh já fez e que acabou por originar os Vallenfyre e mais recentemente os Strigoi. Em jeito de conclusão posso afirmar que ‘Divination’ não vai por certo desiludir os fãs do género ainda que não ofereça nada de novo. (7/10)
Iron Walrus – “Tales Never Told” – Com vocalizações a fazer lembrar os Neerlandeses Gorefest ou os lunáticos Noruegueses Goat The Head os Germânicos Iron Walrus tem apontado para o final de Março o seu quarto álbum de originais ‘Tales Never Told’. Instrumentalmente são poucos os pontos de contacto com as bandas anteriormente referidas, aliás os Iron Walrus oferecem-nos em ‘Tales Never Told’ uma consideravelmente maior amplitude musical que qualquer uma delas. A bem oleada fórmula que conjuga subgéneros que vão desde os Sludge ao Doom passando pelo Heavy Metal e até pelo Thrash funciona com eficácia na toada simples e nutritiva que banda domina com mestria tem momentos verdadeiramente cativantes e portentosos. Se ‘XDimensions’, ‘Dead Spot’ e ‘Exile’ cada um à sua maneira são indiscutivelmente três desses momentos o que dizer do tema ‘Pay Your Toll’, uma verdadeira “bomba” electrizante a destilar magnetismo e robustez. O grande senão de ‘Tales Never Told’ acaba por ser a inconstância de qualidade entre os já referidos temas e os demais, afectando de forma incontornável o nível global do álbum. (7.5/10)
Serotonin Syndrome – “Seed Of Mankind” – Os finlandeses Serotonin Syndrome (outra aposta da intocável Pelagic Records) lançaram no passado mês de Janeiro o álbum ‘Seed Of Mankind’, apenas seu segundo apesar de já terem alcançado a importante marca de dez anos de carreira. Se o Post-Metal é sem dúvida um subgénero em clara expansão e as suas ramificações tentem a funcionar como uma interessante simbiose com outros estilos tais como o Sludge, o Progressivo ou o Doom o que dizer de um hibrido entre Post-Metal e Black Metal? Porventura não será uma total inovação mas não é assim tão comum quanto isso. ‘Seed Of Mankind’ está longe do Blackened Sludge Metal sujo e lamacento tão bem aperfeiçoado por bandas como os Lord Mantis ou Dragged Into Sunlight, os cinco temas que compõem o álbum assentam sim numa sombria, melancólica e exploratória mescla subjugada pelo Post-Metal ainda que o Black Metal (bem ao estilo de Agalloch) consiga ter “espaço para respirar”. Apesar da sua óbvia apetência técnica os Serotonin Syndrome nem sempre se conseguem “desmarcar” de tendências já previamente criadas na composição de ‘Seed Of Mankind’, contudo temas como ‘Dot Marks The Spot’ e ‘The End’ “merecem repetidas audições, só dessa forma se consegue absorver todas as suas camadas. (7.5/10)
…And Oceans – “As In Gardens So In Tombs” – Também eles provenientes da Finlândia mas com uma carreira mais longa os … And Oceans lançaram no passado mês de Janeiro o seu sexto álbum de originais ‘As in Gardens, So in Tombs’. Tem tanto de interessante como de peculiar a história dos … And Oceans, depois de um início de carreira dedicado ao Symphonic Black Metal a banda mudou a sua abordagem musical e seguiu o mesmo caminho de bandas como os Noruegueses The Kovenant ou os Suíços Samael, a infame fusão entre o Electrónico/Industrial e o Black Metal, contudo os … And Oceans levaram essa fixação ainda mais longe chegando ao ponto de mudar o nome da banda para Havoc Unit lançando sobre essa designação apenas um álbum (‘H.IV+’), um verdadeiro rolo compressor forjado por um frenético e militarizado Death Metal Industrial. 14 Anos depois e de forma algo inesperada o sexteto Finlandês regressa ao activo e regressa também ao Symphonic Black Metal que marcou a sua fase inicial com o álbum ‘Cosmic World Mother’. Três anos depois os … And Oceans continuam esta sua “segunda vida” com ‘As in Gardens, So in Tombs’, pautado tal como o seu antecessor por um Symphonic Black Metal melódico e rápido instituído nos anos 90 por bandas incontornáveis como os Emperor, Dimmu Borgir ou Old Man’s Child. É caso para dizer que o que os … And Oceans recuperaram em destreza técnica, tem vindo a perder em capacidade de inovação. (7.5/10)
Dragonlord – “Rapture” – Remontamos a 2001 para mais uma review retrospectiva. Na ressaca do emblemático regresso dos Testament com o magistral ‘The Gathering’ (1999) o seu lendário guitarrista Eric Peterson decide levar a sua conhecida admiração pelo Black Metal para outro patamar e assim nasciam os Dragonlord. Enquanto no seu país reproduziam-se a uma velocidade estonteante as bandas de Nu-Metal Peterson oferecia-nos a sua particular perspectiva do Symphonic Black Metal com o delicioso álbum de estreia da banda ‘Rapture’. Caracterizado pela vertigem das guitarras onde são indesmentíveis e inevitáveis as influências do Thrash e pela melodia alicerçada nos teclados bem ao estilo dos Dimmu Borgir, em ‘Rapture’ nem a dicotomia entre as vocalizações “rasgadas” e límpidas é esquecida. Temas prodigiosos como ‘Unholyvoid’, ‘Wolfhunt’ ou ‘Spirits In The Mist’ marcaram em definitivo esta formidável estreia da banda, pena é que os Dragonlord nunca mais estiveram a um nível remotamente próximo deste nos seus dois álbuns seguintes, ‘Black Wings Of Destiny’ (2005) e ‘Dominion’ (2018). (9/10)
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