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Predominance #8 – Age Of The Wolf / Halflighted / Vexing / Shrvl / Morgoth

Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.

Age Of The Wolf – “A Pilgrimage To Nowhere” – Sludge Metal da Costa Rica?! Pode-se dizer que não seria de todo esperado todavia é bastante real, falo dos iniciantes Age Of The Wolf a propósito do seu segundo álbum de originais ‘A Pilgrimage To Nowhere’. Formados em 2016 e com a sua estreia em termos de LP’s em 2019 a cargo de ‘Ouroboric Trances’ os Age Of The Wolf chegam a 2023 com a sua própria versão de Sludge Metal, um Sludge que nada tem de arcaico ou artesanal mas sim um Sludge moderadamente transformado acolhendo de bom grado uma vertente de Doom Metal e admitindo até uma tímida inclusão de Stoner Metal, particularmente notória em ‘Thundering Epochs’, o segundo tema de ‘A Pilgrimage To Nowhere’. Apesar de pecar um pouco em termos de diversidade dos riffs ‘A Pilgrimage To Nowhere’ contem faixas que dificilmente deixam indiferentes os apreciadores deste subgénero especifico com particular destaque para a trilogia final, (‘Nexus Exitium (Pyrophylaciorum)’, ‘Conjuration Of The Obsidian Colossus’ e ‘The Phantom Electric’). Temas esses suportados por riffs muito bem enquadrados a fazer lembrar ‘Remission’ dos conceituados Mastodon ou a fase mais “rugosa” dos incontornáveis Neurosis. (7.5/10)

Halflighted – “Obloquy” – Formaram-se em 2018 na Catalunha e estão ainda a dar os primeiros passos de uma carreira que se deseja bem-sucedida e longa, falo do quinteto Catalão Halflighted a propósito do lançamento do seu aguardado álbum de estreia ‘Obloquy’. A banda composta por Marc Rivero Pont (baixo), Pepe (bateria), Óskart (guitarra), MAD (vocais) e Varg the Mighty (guitarra e sintetizadores) expõe ‘Obloquy’ como um álbum suportado por uma improvável amálgama sonora onde sobressaem o Gothic Metal/Sludge/Doom Metal/Death Metal e Progressivo. Se é verdade que ‘Obloquy’ é exibido como um álbum genuíno e frugal onde o primordial objectivo dos Halflighted parece ser o de compor música com a qual a banda se identifique e se sinta confortável também se pode afirmar que ‘Obloquy’ segue uma irreversibilidade de se ir tornando entediante após várias audições. Outro pormenor interessante de ‘Obloquy’ é que ele foi forjado em cima de três línguas (Inglês, Alemão e Catalão), factor pode ser visto como uma forma de diversidade mas que na minha opinião acaba por ter um efeito de inconsistência e dissociação no resultado final. Um último destaque para o foco lírico dos Halflighted centrado essencialmente em conflitos (internos e externos). (7/10)

 

Vexing – “Grand Reproach” – Provenientes de Denver, Colorado os Vexing presentearam-nos em 2023 com o seu álbum de estreia ‘Grand Reproach’. Este recente trio Norte-Americano expõe as suas sonoridades sobre o desígnio do Sludge Metal, contudo ‘Grand Reproach’ contem uma parafernália de subgéneros (Death Metal/Doom Metal/Progressivo), (por vezes mesmo dentro do mesmo tema) que não é de todo fácil de compreender e se esta abordagem por si só não é necessariamente um ponto negativo no caso dos Vexing ela resvala invariavelmente para o campo do exagero. Apesar do álbum possuir faixas interessantes tais como ‘Vanquishing Light’, ‘Blunderbuss’, ‘Small Black Flame’ ou ‘Red Skies’, ‘Grand Reproach’ revela uns Vexing com criatividade hiperbólica demasiado ansiosos por demostrar toda a sua habilidade técnica logo na primeira oportunidade. A grande maioria dos temas de ‘Grand Reproach’ contem uma variação sonora de tal ordem que se torna impraticável detectar um fio condutor e consequentemente um padrão reconhecível, não diria que seja um álbum pretensioso mas sim um álbum que demostra uma banda com manifesta qualidade mas claramente ainda à procura de uma identidade musical. (7/10)

Shrvl – “Limbus” – Com o seu lançamento assegurado através da Pelagic Records, Shrvl é um projecto instrumental de Peter Voigtmann, nada mais, nada menos do que o teclista dos apaixonantes The Ocean. Segundo ele próprio, Voigtmann “extraiu” ‘Limbus’ a partir dos primeiros trechos de sintetizadores gravados para último trabalho do sexteto Alemão, o fantástico ‘Holocene’. Um dos pontos mais interessantes de ‘Limbus’ é a sua carga emocional tendo em consideração que é um álbum instrumental, um contínuo e agridoce ambiente deprimente guiado por uma toada Electrónica simultaneamente delicada e amargurante. Como os próprios nomes das faixas o indicam (‘Response’, ‘Remission’, ‘Relapse’, ‘Recovery’ e ‘Recurrence’), ‘Limbus’ simboliza uma desafiante e penosa viagem por entre os cinco estágios do tratamento de depressão crónica. ‘Limbus’ pode ser visto como uma estreita prospecção à mente de Voigtmann sendo que uma das inevitáveis consequências será uma melhor percepção do seu contributo na sonoridade dos The Ocean mas também de como sonoridades no campo do Electrónico podem nos sugar emoções tais como a melancolia, o desespero ou a aceitação.  (8/10)

Morgoth – “Feel Sorry For The Fanatic”– Desta vez decidi fazer uma escolha controversa para a review retro, controversa de forma literal e em que a minha opinião pode também ela eventualmente gerar discussão. Depois de dois álbuns bastante aclamados pela crescente e poderosa onda de Death Metal do início dos anos 90 (‘Cursed’ e ‘Odium’) os Germânicos Morgoth decidiram esticar um valente “dedo do meio” aos seus fãs mais fiéis e lançaram o ultra polémico ‘Feel Sorry For The Fanatic’ (1996). Também os Tool o fizeram nesse mesmo ano com o tema ‘Hooker With A Penis’ mas os Morgoth foram mais longe ao dedicar um álbum inteiro à recorrente acusação “são uns vendidos”. Uma transmutação sonora no mínimo radical em que a banda passou de um Death Metal árido, sujo e pestilento para um Industrial melancólico semelhante a bandas com Killing Joke ou Prong. O nome ‘Feel Sorry For The Fanatic’ é praticamente auto explanatório, a mensagem dos Morgoth é clara e transparente, “nós compomos música que nos satisfaça e não para agradar a terceiros”. Mensagem que eu tendo a concordar, a autenticidade de uma banda pode obviamente ser julgada pelos seus fãs, todavia estes continuam sem ter influência alguma nas decisões musicais que a banda decide tomar, existem sempre outras bandas para ouvir. Destaco as fantásticas ‘This Fantastic Decade’, ‘Last Laugh’, ‘Curiosity’ e ‘New Start’. (8/10)


 

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