Predominance #9 – Napalm Death / Domkraft / Harms Way / The Lions Daughter / Six Feet Under
Jorge Pereira é um amante de música pesada e de cinema. Colabora com a World Of Metal e tem o seu próprio covil de reviews – Espelho Distópico. Predominance será a sua coluna mensal onde nos vai trazer reviews todos os meses.
Napalm Death – “Resentment Is Always Seismic – A Final Throw Of Throes” – Eles são uma verdadeira instituição no que ao Grindcore diz respeito e vão voltar ao nosso país muito em breve, falo como é óbvio dos lendários Britânicos Napalm Death a propósito do seu novíssimo EP ‘Resentment Is Always Seismic – A Final Throw Of Throes’. ‘Resentment Is Always Seismic – A Final Throw Of Throes’ não é mais o que uma espécie de epílogo do seu último álbum de originais, o sensacional ‘Throes Of Joy In The Jaws Of Defeatism’. Nos oito temas que compõem ‘Resentment Is Always Seismic – A Final Throw Of Throes’ podemos encontrar todos os sinais que os Napalm Death continuam fiéis a si próprios com o habitual desprezo por tudo o que são estatutos ou regras impondo mais uma vez a corrosividade de um Grindcore indulgente e arrasador temperado esporadicamente por um esporádico “namoro” pelo Hardcore. Se a descarga de violência potenciada por pura raiva era mais que espectável em ‘Resentment Is Always Seismic – A Final Throw Of Throes’ o destaque acaba por ir para as duas covers ‘People Pie’ dos Stab! e ‘Dont Need It’ dos Bad Brains e para a faixa que encerra o EP, ‘Resentment Is Always Seismic (Dark Sky Burial Dirge)’ onde os Napalm Death voltam a reiterar o seu recente fascínio por sonoridades que se situam algures entre o Noise e o Industrial. (7.5/10)
Domkraft – “Sonic Moons” – Ainda com uma curta carreira de apenas sete anos, o trio Sueco intitulado Domkraft demorou a sair do anonimato, esse mesmo anonimato só foi definitivamente desconstruído a partir de formidável ‘Seeds’ o seu terceiro álbum de originais, ora dois anos depois a banda está de regresso com o muito aguardado sucessor de ‘Seeds’, ‘Sonic Moons’. Catalogada como uma banda de Intergalactic Sludge (sim, aparentemente isto é mesmo considerado um subgénero), instrumentalmente os Domkraft situam-se algures entre o Sludge Metal e o Phycedelic Stoner, mas interpretar ‘Sonic Moons’ apenas pelo prisma técnico não só é demasiado redutor como representa também uma verticalidade com que a banda claramente não se identifica. Ouvir ‘Sonic Moons’ significa penetrar numa confortável e hipnótica peregrinação sonora que nos vai transportando num transe que por vezes por ser introspectivo enquanto noutras se pode transformar num remoto itinerário interestelar. Com evidentes pontos de contacto com os Norte-Americanos King Buffalo (mais na vertente instrumental) e os Escoceses Dvne (nas temáticas líricas) os Domkraft explanam em ‘Sonic Moons’ a sua versão mais dinâmica e firme e temas como ‘Magnetism’, ‘Black Moon Rising’ e ‘The Big Chill’ são disso a derradeira prova. (8.5/10)
Harms Way – “Common Suffering” – Esqueçam o Hardcore “old School” dos Madball, Biohazard ou Agnostic Front «made in» Nova Iorque ou todas as réplicas que foram surgindo por esse mundo fora durante anos a fio, os Harm’s Way representam uma nova abordagem ao subgénero em questão. ‘Common Suffering‘ é o quinto álbum da banda que já leva quinze anos de carreira e se ela tem sido bastante coesa até aqui ‘Common Suffering‘ dá mais um forte contributo na sua solidificação ao mesmo tempo que mostra uns Harm’s Way cada vez mais “oleados” e aprimorados nas suas sonoridades. A composição de ‘Common Suffering‘ mostra que a banda atingiu um pico de criatividade que lhes permite adornar uma base de Hardcore ríspido e vigoroso com influências de Industrial, Sludge Metal e Post-Metal de uma formam perfeitamente orgânica e espontânea. ‘Common Suffering‘ pode também se referido como um soberbo potenciador de raiva e frustração acumuladas ou não tivesse sido todo ele composto sob a sombra da pandemia. Destaque para a temerária impetuosidade bem patente em temas como ‘Heaven’s Call’, ‘Devour’ ou ‘Sadist Guilt’. ‘Common Suffering‘ é mais um perfeito exemplar da sã virilidade do Hardcore Pós-Moderno entre outros também eles concebidos por esta consistente banda. (8/10)
The Lions Daughter – “Bath House” – Dotados de uma capacidade de metamorfose que tem tanto de acutilante como de genial os Norte-Americanos The Lion’s Daughter são uma das maiores bandas de referência da actualidade quando falamos de Sludge Metal. Foi no passado dia 13 de Outubro que a banda lançou o seu quinto álbum de originais ‘Bath House’, um álbum que bem pode muito bem ser descrito como mais um «all in» musical, algo que os The Lion’s Daughter também já nos foram habituando. Depois de um começo de carreira pautado pela distinta mistura entre Sludge e Black Metal seguiu-se uma adição que teve tanto de inovadora como de polémica, uma espécie de Synthwave revivalista dos anos 80 encorpado pelo cinema de terror da mesma altura perfeitamente detectável no antecessor de ‘Bath House’, ‘Skin Show’. Em ‘Bath House’ os The Lion’s Daughter não desprezam nenhuma das tendências que foram incorporando ao longo dos tempos, mas voltam a arriscar na absorção de mais um subgénero, o Thrash Metal. Esse mesmo Thrash Metal numa toada enérgica e revigorante torna-se bastante evidente logo no início de ‘Bath House’ mais precisamente nos temas ‘Bath House’ e ‘Maximize Terror’, ainda que a meu ver o ponto mais alto de ‘Bath House’ seja a soberba ‘12-31-89’. Contudo a principal característica do álbum acaba por ser a orgânica e equilibrada variação entre as já referidas influências a que a banda se foi afeiçoando. (8/10)
Six Feet Under – “Haunted” – Decorria o ano de 1995 quando o icónico vocalista Chris Barnes se separou de uma das mais emblemáticas bandas de Death Metal, nada mais, nada menos do que os Cannibal Corpse, a título de curiosidade também Max Cavalera abandonou os Sepultura por esta altura. Tal como Cavalera fez com os Soulfly também Chris Barnes fundou uma nova banda e nasciam assim os Six Feet Under. Com um Death Metal menos devastador que os Cannibal Corpse os Six Feet Under atingem o seu auge logo no seu álbum de estreia ‘Haunted’, é quase unanimemente considerado o melhor álbum da banda até hoje. Fulguroso e carregado de Groove ‘Haunted’ mostra uns Six Feet Under apostados explorar um Death Metal lento mas “orelhudo” também catalogado como Death n’ Roll ou Zombie Death Metal (decorrência das temáticas líricas da banda). Temas como as fantásticas ‘The Enemy Inside’ ou ‘Lycanthropy’ dificilmente deixam indiferente qualquer aficionado de Death Metal, o Groove contínuo e febril compele-nos irremediavelmente para o «headbanging» mesmo que seja involuntariamente. É verdade que ‘Haunted’ não é um álbum inovador ou sofisticado é sim um álbum que vale pela sua execução e simplicidade, pena é que a longa carreira da banda tenha entrado numa espiral descendente logo a partir desta formidável estreia. (8/10)
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