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Raios E Trovões – S.O.S. Underground

Por Lex Thunder
(Toxikull)

Passado 4 meses do primeiro caso de Covid-19 assumido pelo Governo e as respetivas entidades de saúde, continuamos rodeados de dúvidas, submersos por incoerências, e incertos quanto ao futuro.

Negatividade e derrotismo nunca fez parte da minha maneira de estar e ser, e admito que por vezes esta atitude positiva faz com os meus sonhos e visões me ceguem um pouco, distorçam a realidade e me veja constantemente na posição do copo meio cheio, mas infelizmente desta vez não é o caso.

Prevejo que estejamos há beira de uma extinção da nossa cena como a conhecemos. Não estamos bem a ter noção do que se está e vai passar.

Estamos em Julho e a verdade é que nada mudou.

Apesar dos esforços para encontrar uma solução, segundo especialistas é mais provável não haver vacina do que haver, e citando aqui um artigo da revista Visão “é possível que exista o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 que previne doenças graves, mas não a disseminação do vírus.”

Ou seja o risco de contágio continuará a ser elevado e mesmo que no melhor dos cenários seja encontrada uma vacina que cure a Covid-19, só estará disponível para todos muito provavelmente no final do ano 2021.

Não quero assustar ninguém, até porque é apenas uma previsão, mas isto a acontecer e com a atitude desprezível, incoerente e contínua das leis em relação a espetáculos significa que provavelmente não vão existir concertos até 2022.

A cena musical gira em volta das salas de concertos, quer se queira quer não, é a base.

Posso dizer que nos tempos em que o Stairway Club em Cascais esteve aberto surgiram bandas como Toxikull, Okkultist, Booze Abuser, Punkracios, entre outras quantas. Desde que fechou, que não há movimento, com muito poucas bandas novas a surgirem em Cascais e com dificuldade para emergir no meio. Este exemplo serve para qualquer local do país. Para boas colheitas é necessário um terreno fértil e cuidado.

É através dos concertos que há o retorno (ou não) de qualquer investimento que se faça e que permite rentabilizar a subsistência de todos as pessoas envolvidas.

Bandas, promotores, agências, salas de concertos, técnicos de som, de palco, de luz, etc… corremos o risco destes pilares essenciais da música não existirem quando o problema do vírus estiver resolvido. E sem os pilares, é impossível reconstruir qualquer casa.

Prevejo que continuarmos no mesmo caminho que seguimos até hoje, que a cena em geral como a conhecemos irá desaparecer durante alguns anos onde as oportunidades de a musica underground brilhar será reduzida a meia dúzia de palcos pelo país. O que fará com que um número muito reduzido de bandas consiga tocar e emergir. É o inicio da extinção.

Contudo, enquanto esperamos ansiosamente para que o governo assuma coerência quanto a todos os espetáculos, há ações que podem partir de nós próprios. É importante não morrer.

É extremamente importante que se apoiem esses locais, através de promoção e partilha, de consumo nesses estabelecimentos, ou através de plataformas de crowdfunding que muitos locais já aderiram e que é possível contribuir para a sua sobrevivência.

Sim, eu sei que nada do que eu disse é novidade, muito disto já foi dito e repetido, mas é importante relembrar e incentivar a acção.

É urgente dar o exemplo e demonstrar aos outros que é possível uma nova realidade, que é possível sair de casa, que é possível estar num bar, que é possível ver um espetáculo sem nos deixarmos consumir pelo medo.

Já dizia o outro “com jeitinho tudo é possível”.


 

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