Reportagem Process Of Guilt, Thyrant @ Music Box, Lisboa – 04/10/1017
Estava combinado o encontro para as 22 horas, em frente ao Music Box. Motivo: celebrar o lançamento do quarto álbum dos Process Of Guilt, “Black Earth” – que por acaso até é o nosso álbum do mês de Setembro. Foram cinco anos de silêncio (em termos de álbum) que finalmente chegam ao fim mas até poderiam ser cinco meses que os motivos para celebrar seriam igualmente relevantes. Se inicialmente pareciam estar poucas pessoas para este evento seminal, após a abertura das portas, depressa a sala se compôs.
Para uma noite especial, nada como ter também uma abertura especial. A banda escolhida para o efeito seriam os Thyrant, banda espanhola, recente em actividade (começaram em 2015 e apenas este ano lançaram o seu álbum de estreia) mas rica em qualidade como “What We Left Behind…” prova – disco também já analisado nas nossas páginas.O seu som, em cima do palco soa bem mais envolvente do que em disco. Bom uso de dinâmicas de repetição – aliás, tal como os próprios Process Of Guilt – e uma boa capacidade para envolver o público com a sua música.
A banda escolheu poucos temas e longos mas o seu impacto sem dúvida que foi enorme. Ainda tocaram um tema novo, “Black Oceans” que além de demonstrar que a banda já está a pensar no segundo disco, revela um lado ainda mais épico do que aquele demonstrado no álbum de estreia. Um excelente tema que fez com que a banda saísse com mais alguns fãs lusitanos do palco. Uma actuação a repetir e que ficou marcada por ser a primeira da banda em solo português.
Após o fim do concerto dos Thyrant, era o momento de mudar de palco, algo sempre interessante de se presenciar, ainda por cima no palco do Music Box. Não muito tempo depois – devido à música ou devido ao bom ambiente, a espera não foi dolorosa – era momento de começar aquilo pelo qual estávamos todos reunidos numa das boas salas de Lisboa: o início do fim do mundo conforme dita o evangelho Process Of Guilt.
Por ser um concerto de celebração, não tínhamos a expectativa que a banda se apresentasse de forma diferente de todas as outras vezes em que já os vimos. Saberíamos que não haveria comunicação verbal – e efectivamente só houve um “boa noite” por parte de Hugo Santos, vocalista e guitarrista banda. A comunicação com o público vem sempre através da música e das imagens e paisagens desoladoras que nos despertam.
E já que a noite era de “Black Earth”, foi “Black Earth” precisamente que se teve, com o álbum a ser tocado na íntegra sendo apenas intercalado por duas faixas do anterior trabalho, “Faemin”. Os temas escolhidos desse trabalho foram o tema-título e “Harvest” que já são obrigatórios em qualquer actuação, principalmente o primeiro, que é sempre um momento de catarse que é obrigatório experimentar pelo menos uma vez na vida – depois disso garantimos que muitas delas se vão repetir.
Os novos temas da banda também foram muito bem recebidos. Se em disco os mesmos deixaram-nos rendidos, ao vivo esse impacto multiplica-se por mil. “Black Earth” é um dos mais fortes trabalhos da banda e ao vivo as suas músicas ainda vivem de forma mais intensa, mas outra coisa também não se esperaria. O final veio depois de “Hoax” e apesar da intensidade, não deixámos de pensar que foi cedo demais e que poderíamos ter mais algumas incursões pelo passado da banda. No entanto, também sabemos que com o tipo de intensidade que músicas como “Feral Ground” e “Servant”, uma overdose deste material poderia ter o efeito contrário. Afinal quanto tempo conseguimos aguentar o fim de tudo o que existe dentro de nós e à nossa volta?
Reportagem por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Viral Propaganda e Process Of Guilt
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