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Reportagem Rotting Christ, Carach Angren, Svart Crown @ Hard Club, Porto – 09-02-18

Envolto num clima de blasfémia e horror, o Hard Club abriu as portas para receber um concerto memorável. A Ritos Nocturnos trouxe ao Porto a digressão Rituals Amongst The Rotten Tour, tendo como bandas principais os gregos Rotting Christ da Season of Mist, os holandeses Carach Angren e como convidados os franceses Svart Crown da Century Media Records.

A noite de música começou com os Svart Crown que trouxeram com eles o seu mais novo álbum, “Abreaction” que os viu a regressar dum hiato de quatro anos desde “Profane”, o anterior trabalho. Para o concerto no Porto, não só trouxeram o “Abreaction” como também os álbuns posteriores. O concerto começou com profunda escuridão, com riffs crescentes até ser interrompido pela voz de JB Le Bail, que trouxe um Black/Death Metal brutal e demonstrou muita energia em palco com clássicos do já mencionado “Profane”, verdadeiros hinos à brutalidade e ao ódio, aos quais o público respondeu com headbang. Não faltaram clássicos, com o tema-título de “Profane” a surgir de seguida a “Colosseum” do “Witnessing the Fall” sem interrupções.

Os clássicos deram espaço para as novas músicas do novo álbum, “Transsubstantiation”, “Khimba Rites”, “Orgasmic Spiritual Ecstasy”. Músicas que trouxeram uma feeling mais original ao estilo, com uma temática mais primitiva e tribal, e representa uma viragem no seu estilo musical, combinando elementos de Death, Black e também de com uma leve influência de Doom metal. O público recebeu muito bem a banda que pela primeira vez se apresentou em Portugal e que agradeceu efusivamente as calorosa recepção.

Com os motores devidamente aquecidos, os Carach Angren entraram em cena com uma abertura cheia de dramaticidade, com um som de piano envolto num clima arrepiante. Clima que cresceu de proporções com o primeiro tema graças ao coros de grutos e sussurros, que fazia passar a impressão de se estar rodeado por presenças sombrias, envoltos numa densa atmosfera de horror. Uma entrada aplaudida com destaque para os teclados de Ardek, que por si intensificaram ainda mais a apresentação. Assim com uma guitarra e bateria destruidoras e explosivas de profundidades diabólicas é apresentada “Charlie”, acompanhada de um sussurro aterrador de crianças que repete de forma macabra o título da música.

Fica claro desde o primeiro minuto que a performance e os arranjos da banda são magníficos e muito bem ensaiados, com os teclados sempre a movimentar-se autonomamente em todas as direcções. O clima sinfónico aumenta e a brutalidade também com a “The Carriage Wheel Murder” do álbum “Lammendam”. A atmosfera de terror orquestrada e combinada com sons infantis é interrompida brutalmente por uma voz rasgada e poderosa e guitarras e bateria angustiantes com a “When Crows Tick On Windows” do álbum “This Is No Fairytale”. Voltando ao clima de terror inicial foi apresentada a “Pitch Black Box, Blood Queen” do seu mais recente trabalho, muito bem recebido pelo público.

Durante as pausas entre a apresentação das músicas é projectada sempre um fantasma misterioso, intensificando ainda mais a teatralidade do ambiente. Houve espaço também para os clássicos do álbum “Where the Corpses Sink Forever”, “Bitte Tötet Mich, Lingering in an Imprint Haunting” e “Sir John” que deixaram o público claramente entusiasmado. A terminar e sempre com a atmosfera intensa de fantasia e fábulas de horror vieram as músicas “In De Naam Van De Duivel”, “Charles Francis Coghlan” e “Bloodstains On the Captain’s Log” que colocaram um ponto final numa actuação diferente mas muito bem recebida por parte da assistência.

Por fim, a atracção principal da noite, a presença helénica dos Rotting Christ que começaram “Devadevam”, cantada em sânscrito, e levaram o público a sentir a crescente presença sombria satânica num clima de rebelião e questionamento contra todos os deuses, e a começar pela faixa cantada em sânscrito. Sem parar é iniciado o tema título do álbum “Kata ton Demona Eautou”, já clássico e que provoca bater de cabeças automático. A energia no palco era poderosa, e o público correspondia de igual maneira, aos brados de Sakis Tolis e convocações de George Emmanuel e Themis Tolis, que agradeceram pela recepção no Porto pela primeira vez na sua carreira. O ambiente tornou-se ainda mais negro para a apresentação da “Demonon Vrosis” do álbum “Aealo”, com as luzes e fumo a corresponder ao entusiasmo do público. Algo que se prolonga para a “Elthe Kyrie” e “Apage Satana” do último “Rituals”, excelentemente recebidas.

Após uma pequena pausa, são trazidos os clássicos absolutos dos primórdios de “Thy Mighty Contract” com “The Sign of Evil Existence” e “Transform All Suffering Into Plagues” a serem as escolhidas e com o primeiro mosh a ter lugar. E não foi dos pequenos, com a metade da frente dos fãs a seren brutalizados perante uma execução perfeita, ao rodar de cabeças de Themis e George. Aproveitando o ambiente nostálgico recuaram até ao primeiro EP de 1991, “Passage to Arcturo”, não muito conhecida pelo público em geral, “The Forest of N’Gai” mas ainda assim não deixando de ser bem recebida.

Foi a vez de Sakis convocar o público a se separar pela metade para formar um intenso mosh, ainda mais brutal ao som de um clássico de 1993, “Societas Satanas”, cover da banda Thou Art Lord. Uma bandeira da Grécia foi levantada pelos fãs da frente ao palco e um mosh assombroso foi criado. O ambiente escureceu e “In Yumen-Xibalba” levou-nos novamente ao “Kata Ton Daimona Eaytoy”, envolvendo o público quase que um transe até a aos brados de Sakis e Riffs de George e um bateria devastadora interromper, tendo sendo prontamente formado um novo mosh. O concerto entra em sua fase final, com outro clássico. “Grandis Spiritus Diavolos” do já mencionado “Kata Ton Daimona Eaytoy” meteu todos em coro a cantar e a sentirr as batidas de Van Ace e aos chamados de Sakis.

A banda retirou-se do palco por alguns momentos mas não demoraram muito a voltar para o encore, atendendo aos chamados insistentes do público tripeiro, ao som de “666” do mesmo álbum, e fazendo todos cantarem em coro o refrão. E para fechar e atendendendo ao chamado de “Portugal Non Serviam”, é executado o que pode ser considerado o hino da banda, “Non Serviam” do trabalho com o mesmo nome. Todos fazem headbang, curtindo e cantando a música do início ao fim onde Sakis bradou “No Fucking Serviam” com qual o concerto terminou. O quarteto saiu sobre uma enorme salva de palmas e o público retirou-se com a certeza de terem visto um concerto memorável em todos os sentidos.

Texto por Jhoni Vieceli
Fotos por Sónia Molarinho Carmo
Agradecimentos Ritos Nocturnos


 

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