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Road To Vagos – Death Angel

Um dos nomes mais míticos da Bay Area embora para muitos tenha surgido em cena já na fase final dos anos dourados da mesma – Death Angel (que também nos deram a honra de fazer a nossa capa da edição deste mês). O azar também não permitiu que permanecessem por mais tempo mas a inevitabilidade do destino sobrepõem-se a tudo o resto e a sua segunda vida apresenta-os mais fortes que nunca. Tudo começou em 1982 quando quatro primos filipinos se juntam para formar uma banda Rob Cavestany (Guitarra e coros), Dennis Pepa (baixo e voz), Gus Pepa (guitarra ritmo) e Andy Galeon (bateria). A primeira demo surgiu logo em 1983, na forma de “Heavy Metal Insanity”.

Em 1984, dá-se uma importante mudança, com a entrada de Mark Osegueda, também primo dos membros da banda, para a posição de vocalista, libertando assim Dennis dessa função. O primeiro trabalho com a nova formação foi a sua segunda demo “Kill As One” (produzifda por Kirk Hammett dos Metallica) que viu a banda a assumir uma sonoridade mais thrash em vez daquela mais próxima da NWOBHM da primeira demo. Curiosamente o primeiro concerto de Osegueda com a banda foi quando os Death Angel abriram para os Megadeth, numa série de concertos em que Kerry King dos Slayer foi guitarrista da banda de Dave Mustaine.

Num tempo em que o tape trading dominava, a demo “Kill As One” teve um impressionante impacto no underground o que levou a que a editora Enigma Records se interessasse pela banda o suficiente para assinar contrato com eles. O resultado foi um dos mais clássicos álbuns de estreia da década de oitenta, “The Ultra-Violence”, um dos marcos da carreira da banda e de todo o género thrash metal.

 

Com menos de vinte anos, a banda estava a viver um sonho e o sucesso do álbum permitiu com que esse sonho ainda fosse mais aprofundado, andando em digressão com nomes como Exodus, Destruction, Voivod, Whiplash e Sacrifice. O álbum em si é um trabalho que ainda hoje se mantém relevante e mostra não só a raiva e fúria esperada do thrash metal como também uma certa componente progressiva que não era comum encontrar naqueles tempos. O tema-título é uma autêntica obra-de-arte. Também teremos que referir o vídeo abaixo para a “Voracious Souls” que nunca teve tempo de antena para a MTV devido às suas letras.

O passo seguinte chegaria com “Frolic Through The Park” que levaria a uma exposição ainda maior embora, tenha que se admitir que, criativamente foi um trabalho bastante inferior à estreia, a notar-se algo desinspirado e sem a chama explosiva de antes. Isso não impediu no entanto de encetar uma série de digressões mundiais como Motörhead, Forbidden, Vio-lence, Overkill, Death entre muitos outros. Também fez com que fizessem duas digressões pelo Japão extremamente bem sucedidas.

É impossível não falarmos de “Frolic Through The Park” e não pensarmos em “Bored” um tema que, acredite-se ou não, foi inspirado nos U2 e nos estilo de tocar guitarra de Edge. Este tema também foi escolhido para o infame “Leatherface: The Texas Chainsaw Massacre III” e o vídeo teve, finalmente, exibições constantes na MTV.

Pouco tempo depois, a banda preparava-se já para o terceiro álbum, numa altura de intensas movimentações editoriais. Por um lado a Enigma Records, que estava a entrar em graves problemas financeiros, vende o contrato da banda à Geffen Records. Apesar desta jogada, a Enigma lançou o álbum ao vivo “Fall From Grace” sem que a banda tivesse qualquer intervenção no processo do lançamento do disco. Reza a lenda que a banda só soube da existência do mesmo quando o encontrou à venda numa loja de discos.

“Act III” foi então lançado pela Geffen Records em 1990 e mais uma vez via a banda a tentar furar para níveis de aceitação maiores. Por um lado mantinha o foco na música pesada mas por outro também apresentava uma sonoridade mais variada com algumas incursões pelo funk e pelo heavy metal. “Seemingly Endless Time” e “A Room With A View foram os dois singles de maior destaque e apesar de ter um apelo bem comercial, acaba por ser mais interessante que o anterior álbum.

A luta da banda para chegar ao mainstream passou também por uma certa vergonha em relação ao seu nome, considerando que o mesmo era de certa forma limitador daquilo que queriam fazer e atingir. Inclusivamente o single “A Room With A View” apresentava em vez do logo da banda, um “D.A.” sem grande apelo gráfico. Mais uma vez a vida na estrada foi bem sucedida com espectáculos soltos e digressões bem sucedidas, até que a tragédia bateu à porta. Quando iam de autocarro para Las Vegas a caminho de outro concerto, têm um acidente e o baterista Andy Galeon ficou magoado e iria precisar de mais um ano de pausa para conseguir recuperar. Após sentirem que estavam há demasiado tempo a lutar para conseguir chegar ao lugar onde achavam que mereciam, o acidente acabou por fazer com que desistissem da banda.

Desistiram precisamente numa altura onde iriam começar a famosa digressão Clash Of The Titans, em conjunto com Slayer, Megadeth e Anthrax tendo sido substituídos por Alice In Chains. Também a mítica digressão do “Painkiller” dos Judas Priest, onde tocariam com Annihilator mas devido ao cancelamento, seriam substituídos pelos Pantera. Estes dois factores retrataram bem qual seria o foco da música pesada no resto da década. Por um lado o rock alternativo iria substituir o har’n’heavy (sobretudo o glam), por outro o thrash cheio de groove dos Pantera fariam escola e influenciaria o género (e outros) nos anos que se seguiriam.

A banda viria a tentar novamente após Galeon se recuperar, sob outra identidade e sem Osegueda (Cavestany assumiu essa função), desta vez The Organization e com uma sonoridade mais próxima do funk e do rock alternativo. Lançaram dois álbuns “The Organization” (1993) e “Savor The Flavor” (1995) pela Metal Blade e apesar de algumas digressões e muitos concertos bem sucedidos, o impacto era reduzido e a banda acabou por pendurar as botas. Osegueda por outro lado foi uma da opções para substituir Joey Belladona dos Anthrax mas a escolha recaíria sobre John Bush – Scott Ian mais tarde comentou que Osegueda tinha uma grande voz mas era demasiado metal para aquilo que eles queriam fazer.

Cavestany, Galeon viriam a reunir-se novamente com Osegueda para um novo projecto, “The Swarm”, que passaria despercebido embora tenha marcado o primeiro passo para a reunião que se viria a realizar oficialmente no “Thrash Of The Titans”, evento que visava reunir fundos para a luta de Chuck Billy contra o cancro. Gus Pepa não pôe participar mas o fã de longa data Ted Aguilar assumiu o posto e o que era o evento único levou a vários concertos por São Francisco e pela Europa, incluindo um Wacken Open Air.

“The Art Of Dying” foi o nome do álbum de regresso de 2004 e evidenciou a banda em excelente forma, apresentando-a para uma geração completamente nova que estava agora interessada em (re)descobrir os grandes do thrash metal da década de oitenta. O regresso mostra a banda com a sua identidade de sempre mas longe de estar interessada em repetir passos dados anteriormente.

O regresso foi bem acolhido um pouco por toda a parte o que fez com que a banda tivesse andado bastante ocupada durante os quatro anos que se seguiram entre digressões e as gravações de “Killing Season”, que seria registado nos estúdios de Dave Grohl. “Dethroned” foi o tema escolhido para o single e videoclip

“Killing Season” é um trabalho que apesar de não perder o peso que é característico dos melhores momentos da banda, evidencia um caminho mais a apostar no groove do thrash moderno típico dos anos em que a banda esteve inactiva. No entanto, a banda era um trabalho que mostrava a sua dedicação e intenção de que tinham vindo para ficar.

Para assinalar o bom momento e numa altura em que a capacidade das editoras para lançar DVDs era bastante mais elevada (quando comparada com aquela que tinham décadas anteriormente), os Death Angel lançam o seu primeiro álbum ao vivo oficial,  “Sonic German Beatdown – Live In Germany”, um duplo DVD onde eram apresentados dois concertos da banda na Alemanha.

No ano seguinte ao lançamento de “Killing Season”, a banda anunciava uma mexida na formação com a saída do baixista e membro fundador Dennis Pepa. Para o seu lugar foi escolhido Sammy Diosdado que também não chegaria a aquecer o lugar, sendo depois substituído por Damien Sisson. Também o baterista Andy Galeon saíria, ficando apenas Cavestany como membro original. Para o lugar de Galeon seria escolhido Will Carroll.

O trabalho de estúdio seguinte, “Relentless Retribution” seria então o primeiro a ver esta nova formação e “Truce” foi tema escolhido para o representar. Som forte e pesado mas a identidade permanece intacta, com os novos membros a mostrar que por muito que se mudem os músicos, a identidade permanece a mesma. E dos três depois do regresso, este é talvez o que mais convenceu todos os que tinham dúvidas em relação ao seu regresso. De salientar a participação da conhecida dupla Rodrigo Y Grabriela no tema “Claws In So Deep”

O álbum seguinte viria em 2013, com “The Dream Calls For Blood” , álbum esse que foi o primeiro da banda desde que regressaram a entrar no Top da Billboard na posição 72 (anteriormente, “Frolic Through The Park” tinha tido essa honra) além de ter entrado também no Top 100 norte-americano. A banda estava mais forte que nunca.

O sentimento de estagnação nunca esteve presente no trabalho criativo dos Death Angel, independente dos momentos bons ou maus que possam ter apresentado. Em “The Dream Calls For Blood”, vemos a banda de São Francisco a continuar a apostar no groove dos últimos trabalhos mas ainda assim a conseguir dar passos seguros em frente em termos melódicos, embora a principal crítica que lhe seja apontada e comum a todos os outros continue a ser “não é um “Ultra-Violence””.

Mais uma vez, a banda (e a sua editora) tentam capitalizar no bom momento vivido e é lançado mais um álbum ao vivo, desta feita “The Bay Calls For Blood – Live In San Francisco”. Ao contrário do anterior, este estaria limitado apenas à componente áudio, sem qualquer DVD. No entanto, no mesmo ano (2015) seria lançado “Thrashumentary” que traria como brinde o mencionado CD ao vivo. “Thrashumentary” conta a história da banda até então e é sem dúvida obrigatório para todos os seus fãs.

“The Evil Divide” foi o passo seguinte, com a banda a entrar em estúdio em Outubro de 2015 e o álbum a ser lançado oficialmente a 27 de Maio de 2016. À semelhança do anterior álbum, “The Evil Divide” entraria para o Top 200 da Billboard.” Focados, agressivos, produção poderosa mas sem perder a dinâmica que sempre lhes foi característica, este é um dos seus melhores trabalhos. Valeu-lhe muitas digressões pelo mundo, inclusive abrir para Slayer.

Até que chegamos ao momento presente. “Humanicide”, ainda fresquinho nos nossos ouvidos, o mais recente trabalho dos Death Angel. Optando por abdicar de andar em digressão para concentrarem-se na nova música, o resultado claramente compensou, num nono álbum que está à altura do legado da banda assim como mantém o interesse elevado para o futuro. Aqui poderás conferir a nossa mais recente entrevista com a banda.

Se isto tudo não chega para te curvares perante o poder dos Death Angel, então os deuses do thrash metal tratarão de lançar dos céus castigos de proporções biblícas.

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