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Utopia Platafórmica – Inferna Profundus Records

Por Daniel Pinheiro
Utopia Platafórmica

 

Hoje, como ontem, ainda há muitos fãs de música que se guiam pela imensidão de lançamentos que saem diariamente, através de certos parâmetros específicos. Seja a afinidade por um género específico, seja o país de origem da banda, seja o músico X, seja a editora. E é deste último que vamos falar hoje. Recordo que nos anos 90 tudo aquilo que a Century Media editava – ainda que não me chegasse tudo às mãos, de forma alguma – eram um garante de qualidade, por exemplo. A Nuclear Blast era outra, e estas terão sido das labels que mais bandas me deram a conhecer, dando caminho para muitas outras bandas, e mesmo labels (Osmose, por exemplo).

Chegamos a 2023 e ainda há quem se guie desta forma, sendo que um deles sou eu. Coloquemos de lado as Century Media e as Nuclear Blast da vida – que já nada me dão actualmente – e sigamos para outros nomes, menos sonantes para o grande público, mas impressionantes para aqueles que se movem pelo (verdadeiro) Underground; as majors – a Century Media já pode ser tratada como label, sim? – continuam a editar, obviamente, e a abarcar um público imensamente extenso, claro, mas falham em dar aquilo que alguns de nós queremos. Podíamos dedicar um artigo semanal a labels pequenas, com um impacto enorme na cena mundial, but moving on

A Inferna Profundus é uma editora lituana com um cardápio refinado no que ao Black Metal de cadência mais… crua e primitiva (ainda que com um toque limpo) se refere, a Inferna Profundus aposta, para Fevereiro, em 3 lançamentos especiais, de projectos bastante especiais: split de Mantiel com Wampyric Rites, split de Old Castles e Winterstorm, e um LP de Mantiel. Já disponível está o mais recente de Rundgard, que só vem confirmar a qualidade acima da média deste projecto chileno. Outro trabalho com edição programada para 2023 é de Funeral Fullmoon, projecto chileno.

E o Chile é ponto de contacto para quase todos os projectos mencionados acima. Mantiel, Old Castles, Winterstorm, todos eles com origem, ou laços, ao Chile; sendo que Wampyric Rites é a excepção, sendo do Equador. Todos eles abordam o Black Metal de formas distintas; uns de forma mais primitiva, outros com detalhes de fantasia e “ornamentos” medievais, mas todos projectos com selo de qualidade e garantia.

De uma forma muito resumida: Old Castles assenta num Black Metal com estreitas ligações ao Dungeon Synth, o que nos dá aquelas melodias medievais e soturnas. Mantiel também vive nessa esfera de Black Metal melódico, mas nunca as linhas melódicas “acessíveis”, se me entendem. Há melodia, mas há aquela lado áspero e primitivo. Winterstorm é Black Metal agressivo, cadente, e igualmente soturno. O Split com Old Castles está já na lista dos melhores do ano. Wampyric Rites é, já hoje, um colosso – na minha humilde opinião – e de trabalho para trabalho tem vindo a aprimorar as características que fazem deles aquele “produto” singular.

A particularidade desta facção da cena Black Metal do Chile/Equador é esta sonoridade “velha”, decrépita, decadente, que todos os projectos acabam, de certa forma, por ter. Todos eles me remetem, visualmente, para um cenário de real horror, claustrofobia, e morte. Há uma honesta apropriação de sensações e identidades, que se amplificam a níveis extremos. Integridade…

Imensos adjectivos, sim. Ide confirmar a Inferna Profundus Records, e em particular estes lançamentos que muito brevemente estarão entre nós. Cheeri-o.


 

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