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WOM Cartas de Vinil – A Paixão Pelo Vinil

Por Rosa Soares

Muitos dos que sabem da minha preferência por discos de vinil me perguntam porquê e qual a diferença entre ouvir um vinil e ouvir um CD. Normalmente respondo que a diferença começa no som, mais puro no vinil, onde se conseguem distinguir bem todos os instrumentos e onde a voz tem o lugar de destaque que deve ter. Um vinil tem um som muito mais próximo do “ao vivo” que o CD.

Mas é muito mais que isso… ouvir vinil é uma experiência sensorial que começa muito antes do acto de ouvir música. Começa na procura e compra dos discos, no remexer nas caixas em feiras de usados, onde se encontram relíquias, no “sentir o peso” do disco, no procurar edições especiais, limitadas, únicas, raras, coloridas, impressas… é o tacto a funcionar, remexer, revirar, percorrer com os dedos centenas de discos em busca daquele único que nos arrebatará o coração. Dedos cheios de pó, que percorrem histórias e vidas, ao percorrem as caixas cheias de discos que alguém não quer, que alguém, na maioria das vezes, não sabe o que significam para quem ali está há uma eternidade a virar e revirar todos e mais alguns…

A visão fica deslumbrada com as capas, algumas delas verdadeiras obras de arte. Admira-se o grafismo da capa, da contra-capa… e ainda há aqueles que têm mais uma capa interior, que para além de proteger o vinil, traz normalmente as letras das canções e algumas fotos dos músicos. Tudo isto, sem pressas, numa doce e calma sedução visual e táctil… os olhos brilham enquanto percorrem todos os pormenores gráficos… e tantas e tantas vezes, para lá desse olhar se formam memórias que julgávamos já esquecidas…

Depois vem o cheiro. Já repararam bem no cheiro de um vinil a sair da capa? É delicioso! É como folhear um livro novo… um espaço onde existem discos de vinil é um espaço que cheira a música, a história, a paixão.

E finalmente temos o ouvir… ouvir um vinil envolve todo um ritual de prazer, repetido a cada disco, saboreado a cada gesto: escolher o disco, retirá-lo da prateleira, admirar a capa, virar para ver a contra-capa. Finalmente retira-se o disco da capa e pega-se nele como se se acariciasse um amante. Limpa-se, coloca-se no prato, sobe-se e posiciona-se o braço, coloca-se a agulha no disco e ouve-se aquele ruído que nos provoca um arrepio… e disfrutamos de todo um momento de prazer único durante a sua audição.

Os discos e os “gira-discos” não são portáteis, precisam de espaço, porque ouvir vinil não é o mesmo que estar a ouvir música enquanto conduzes ou trabalhas naquele relatório chato que tem o prazo de entrega a terminar. Ouvir música em vinil é todo um ambiente, é um acto de amor. Ouvir vinil não é gostar de música, é ser apaixonado por música, é escutar música em todos os seus instrumentos, nuances, tons, é sentir a música. Ouvir vinil é uma experiência sensorial que te envolve de prazer e faz o mundo parar… é sentir arrepios enquanto a agulha percorre suavemente a superfície de onde saem os sons da nossa vida.


 

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