Entrevistas

WOM Entrevista – Angelus Apatrida

A World Of Metal não poderia deixar passar a oportunidade da visita que os Angelus Apatrida nos fizeram nos passados dias 3 e 4 de Maio (Porto e Lisboa respectivamente – poderão ler aqui a nossa reportagem do concerto no MusicBox) e como tal, antes do concerto de apresentação em Portugal do seu mais recente disco, “Cabaret de la Guillotine”, falámos com David Alvarez, guitarrista dos Angelus Apatrida. – Por Vasco Rodrigues

“Cabaret de la Guillotine” é o sexto disco de originais dos Angelus Apatrida. Que diferenças mais marcantes podemos encontrar neste disco em relação à vossa discografia anterior?

Está a fazer um ano desde que o editámos e acaba por ser difícil explicar que diferenças vemos neste disco em comparação com os anteriores. Aquilo que salta mais à vista é que temos feito muitos mais concertos de disco para disco, o tempo também foi passando, há mais experiência. Não planeámos nada para o disco e os temas foram saindo de maneira muito natural, por isso talvez seja isso que poderá estar diferente. Obviamente que a tecnologia também mudou bastante desde o nosso disco de estreia, mas continuamos a fazer como sempre fazemos, a tocar e a escolher as músicas que mais nos fiquem no ouvido. E neste disco tens vários tipos de músicas, incluindo a nossa primeira “balada”, “Farewell”.

Se não existe diferenças a nível sonoro, pelo menos neste disco a maneira de o fazer nascer foi diferente de todos os outros. Desta vez não vieram visitar os Ultrasound Studios, nem tiveram a presença do Daniel Cardoso na gravação. Preferiram gravar no vosso próprio estúdio…

Sim, apesar do Daniel ter estado sempre em contacto por email ou telefone, e depois foi a ele que entregámos a mistura e masterização. Desta vez sentimos que estávamos prontos a fazer isto sozinhos. Eu já nem moro em Albacete, por isso foram 20 dias de gravação em ambiente muito familiar , e acho que isso se reflecte no disco. Tivemos dias em que escolhemos descansar mais ou beber uns copos com amigos e família, e outros completamente doidos, em que gravámos 12 ou 14 horas.

Sabendo agora que podem fazer discos desta maneira, achas que irão a partir de agora escolher sempre esta via?

Gostava de pensar que sim, agora podemos considerar isso. Claro que é sempre interessante poder ir a um bom estúdio em qualquer parte do planeta, mas eu repetiria a fórmula. E se tivermos muitos concertos por cada digressão, esta é a forma perfeita de regressar a casa. Vamos a ver como corre e depois logo decidiremos.

Como tem corrido a digressão e, já agora, a aceitação do novo disco por parte do público?

Muito boa, e notas isso pela maneira como reagem às novas músicas. Até a nós soa estranho estar a tocar em palco pelas primeiras vezes músicas novas, porque tens de mostrar o disco e colocar as faixas no alinhamento, mas tem saído bastante bem. A reação tem sido excelente, inclusivé na primeira vez que tocámos o “Downfall of the Nation” ficámos surpreendidos de ouvir o público a cantar a melodia do refrão connosco!! O público é a nossa razão de existir, pelo que sempre tentamos ficar depois de cada concerto a conversar com quem nos vai ver, saber feedback…

 Mencionaste no início da entrevista a faixa “Farewell”, que será talvez a primeira balada dos Apatrida. Lendo a letra parece muito pessoal, emotiva até. Pensas assim? Como surgiu a ideia de fazer uma faixa como esta?

Tens toda a razão. É uma música dedicada a um fã muito dedicado que faleceu à alguns anos. Já tínhamos a ideia de lhe fazer esta homenagem mas nunca encaixava bem nos discos que íamos editando mas aqui fica bastante bem no conceito do “Cabaret…”.

E como tem sido a receptividade a ela ao vivo?

É interessante fazeres essa pergunta porque ainda no outro dia comentava sobre isso. Deve ser estranho para quem nos vê e ouve e está habituado a faixas a 200 por hora de repente parar tudo e ficar apenas a escutar a letra. Claro que se nota a surpresa de ver essa música no meio de faixas bem rápidas, mas tem sido muito bem aceite.

Pessoalmente, gostas mais das faixas rápidas como “Sharpen the Guillotine” ou “Downfall of the Nation”, ou as mais melódicas como “Martyrs of Chicago”?

Eu gosto muito das faixas que não são tão directas, sempre a abrir, mas sei que ao vivo funcionam muito bem. Gosto muito da que mencionas, a “Martyrs of Chicago”, porque tem melodia, meios tempos, e até tem a parte mais rápida do disco mas metida dentro de um conceito diferente.

Falando agora do conceito do próprio disco, a mim parece-me interessante a historia de como funcionava a guilhotina durante a revolução francesa, um evento onde se ia aplaudir a morte de alguém na praça pública, e agora com as redes sociais acontece exactamente o mesmo, com todos a aplaudir o que de mal se diz de alguém…

É tão curioso que as pessoas iam para a praça beber uma cerveja e ver alguém perder a cabeça e aplaudir. E tens razão quando dizes que as pessoas hoje só focam no negativo, a publicar ira, creio que as redes são boas para música e utilização pessoal mas interajo o menos possível.

Sendo os Angelus Apatrida uma das bandas mais internacionais, embaixadores do thrash metal espanhol por todo o mundo, sentem essa responsabilidade?

Talvez tenhamos aberto a porta para muitas coisas, porque antes de nos claro que haviam bandas mas parecia difícil sair do pais e trabalhamos para isso. Não penso que representemos a nação mas sim que tenhamos aberto a possibilidade de outros fazerem o mesmo que nos.

Mas não foi facil para vocês…

Pois claro que não. No nosso caso trabalhamos muito e tivemos sorte que alguém da Century Media nos viu ao vivo, assinou e tudo começou. Mas também se não tivesse acontecido teria sido igual, a tocar e auto produzirmos.

Como vês o panorama de Espanha hoje, com as recentes eleições?

Bem, as coisas estão confusas. Melhorou algo mas de repente vês que surgem movimentos de extrema direita que não percebo como nos tempos que correm isso pode acontecer.

E isso reflecte-se no momento de escrever?

O Guillermo de certeza que não passa ao lado do tema. Se quisermos incluir algo politico, há tanta coisa para escrever…

Fizeram no mês passado 19 anos que tocam juntos. Qual o segredo para isso?

Somos amigos a vida toda, alem de que o Jose e o Guillermo sao irmãos. Mais de metade da nossa vida é estar nesta banda. Tal como as famílias, há momentos maus e bons, mas estamos sempre muito unidos.

Que recordação tens de tocar em Lisboa em 2017?

Foi excelente, uma sala fabulosa, gente muito simpática, fomos beber depois a um bar… aqui é sempre uma honra vir tocar, desde a primeira vez em Mangualde que sentimo-nos como numa segunda casa.


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