Entrevistas

WOM Entrevista – Anvil

Falar dos Anvil é falar de uma banda que desde 1978 influencia grande parte do metal que se tem feito e que, na minha opinião, definiria aquilo a que muitos de nós chamamos de “Golden Years”, como seu som e atitude. “Legal At Last” é o mais recente disco dos ícones canadianos, e a conversa da World Of Metal com Steve “Lips” Kudlow, foi no sentido de perceber o que está por detrás deste novo trabalho e não só.- Por Miguel Correia / Foto por Rudy De Doncker

 

Olá Lips, muito obrigado pela tua disponibilidade e por pouco esta entrevista não acontecia…bem, “Legal At Last” soa como um grito de vitória…

Olá Miguel, obrigado pelo interesse nos Anvil e apesar do pequeno desencontro aqui estamos, finalmente! Yeah, “Legal At Last”, o álbum, a música, a capa tudo tem como base a legalização da canábis no Canadá. Não foi pensado, mas acabou por acontecer assim e falar nesta temática é falar de algo que penso que já deveria ter acontecido há muito tempo. Não teríamos tido as maiores catástrofes, nem haveria muitas das doenças que assolam o mundo. Sabes há muitas coisas que a ilegalização da canábis causou. É do conhecimento geral, mas na prática ninguém quer assumir isso…a canábis é uma antitoxina e por isso descobriram que o óleo extraído da planta tem muitos benefícios medicinais, achas que só agora é que descobriram isso?

A indústria do algodão a da celulose e do papel é outro ponto, o canhamo poderia ter sido usado para fazer papel e assim não precisaríamos de devastar as nossas florestas, o que obviamente tem um enorme impacto no nível de oxigênio na nossa atmosfera. Poderiam produzir diesel a partir do canhamo também, enfim um conjunto de decisões e acontecimentos que têm estado erradas desde sempre. Nem teríamos esta história do aquecimento global, pelo menos a esta escala, com a cena dos chemtrails, andamos carregados de alumínio entre outras coisas com o objetivo de controlar a atmosfera…As opções tomadas pelo ser humano foram sempre prejudiciais. A legalização aconteceu no Canadá, mas já deveria estar a acontecer em todo o lado, depois há os interesses comerciais e económicos que falam mais altos a indústria farmacêutica por exemplo…enfim!

Logo soa como um grito de vitória como afirmei?

Sim, podemos dizer que sim, mas não foi pensado…a marijuana foi considerada ilegal mesmo antes de se perceber que podíamos ficar pedrados com aquilo ahahaha. Como é possível? 

Daí ter surgido temas como “Chemtrails” e “Plastic In Paradise” com uma abordagem muito virada para o ambiente.

Claro tem tudo a ver, somos a forma de fazer chegar estas mensagens pelo menos aos nossos fans e com a esperança de serem eles a passar ao próximo, devemos colocar tudo em ordem neste mundo…

Falaste na indústria farmacêutica, bem, piores drogas do que a que eles produzem…

Miguel, acima de tudo temos de ser responsáveis, todos nós temos de ser responsáveis com as nossas escolhas e ações. Na minha opinião, todas as drogas deveriam ser legalizadas e isso iria acabar com a dificuldade em controlar por exemplo a ação dos carteies de droga, e toda a rede ligada a eles. Poupávamos muito dinheiro com isso, já paraste para pensar? Se não for ilegal deixa de haver crime deixa de haver até a inundação de drogas alteradas, porque essas é que matam. O dinheiro gasto com isso deveria ser canalizado para ajudar a reabilitar quem está viciado. Há muitos aspetos interessantes nisto, tenho pena de o nosso tempo não permitir estarmos aqui a falar neles todos. O principal é ser algo contra a lei, então vou fazer, há sempre essa tentação!

E capa do álbum?

Certamente só viste a parte da frente, mas o artwork envolve o anjo na capa e um diabo na contracapa, é isto o bem e o mal, uma mensagem ou uma interpretação daquilo que são os prós e os contras de legalizar ou não, felizmente aqui já está. Sempre senti que o mundo poderia ser um melhor lugar para se viver!

Falando mais deste disco que que senti na minha audição ser um disco daqueles que ouvem de olhos fechados e sabemos logo a quem pertence. Nunca sentiste a pressão de mudar ou de alterar padrões musicais tendo em conta o caminho que a indústria seguiu?

Ah não, eu sempre ignorei as críticas, temos de o fazer, porque eu gosto de fazer o que tenho vontade de fazer o que tenho no meu coração. Pensa comigo, nós lançamos o terceiro disco, que recebeu críticas arrasadoras, ninguém ao nível dos críticos gosto de “Forged In Fire”, foram tempos difíceis, todos nos abandonaram, editoras, pessoas que trabalhavam connosco, quando olhamos à volta estávamos sozinhos! O que quero dizer é que não deixo nada nem ninguém tirar de mim aquilo em que eu mais acredito ou tenho paixão em fazer. Mantivemo-nos firme s e fazer tudo como sempre, foi com muta determinação que chegamos aqui e aquele filme sobre nós não fala na história, mas sim na determinação, na paixão, no futuro, pois só assim as coisas acontecem, quando são feitas dessa forma. Não desisti, e nunca o farei e hoje quando as pessoas falam nesse álbum tem uma opinião muito diferente para melhor os fans dizem que é um dos nossos melhores trabalhos. Para responde mais concretamente à tua pergunta eu nunca mudaria nada por pressão de alguém…

Falaste no filme, que também eu vi e que honestamente me marcou muito e dou esse exemplo em situações pontuais a outras bandas e digo-te que é um orgulho enorme estar aqui a falar contigo a pessoa mais humilde que alguma vez se cruzou numa entrevista comigo…

Obrigado pelo elogio, eu não sei estar de outra forma na vida sou o que sou e estar aqui foi a pulso…a melhor lição a tirar dos Anvil é que fizemos o que fizemos e fazemos o que fazemos sempre à nossa maneira!

Uma forma de viver o sonho!

O sonho que ainda se mantem, esse é outro aspeto, temos de ter sempre presente aquilo que queremos isso é que nos comanda e não aspetos exteriores a nós, não podemos deixar que sejam eles a controlar-nos. É essa atitude que é retratada no filme…não a nossa história, nunca foi esse o objetivo. Never say die!!! 

E o que mudou depois desse filme?

Tudo, mudou tudo e nós estamos aqui para falar disso…é uma enorme benção tudo o que conseguimos. Nós influenciamos toda uma era no speed metal e o filme aborda não um passado, mas em como fazer esta história. Quando entramos em palco no Japão, no final do filme, não tínhamos a mínima ideia do que poderíamos esperar, aquela audiência, aquela sensação, só quem passa por aquilo sabe o que é, foi algo indescritível. Foi tudo feito em tempo real, nada programado e repito o objetivo do filme é mostrar como atingir o futuro…

Fiquei sem palavras… os sonhos mantêm-se?

Claro que sim, tudo muito como antes nada mudou, os Anvil são a minha vida com tudo o que tem!

Achas que falta o devido reconhecimento?

Não me preocupo com isso Miguel…não somos gananciosos só queremos aquilo que está naturalmente e com muita determinação a acontecer, estamos muito felizes com tudo. Se queríamos ser maiores? Sim, mas por outro lado talvez não, temos de ter cuidado com o que desejamos. Se eu queria ser maior que uns Metallica? Ah, não, com toda a certeza, ter toda aquele foco em cima, não é para mim. Estamos a ter um momento feliz e vamos deixar um legado que nos orgulha muito. Isso chega! Se morrer amanhã vou feliz com tudo o que já consegui!

E Robb um companheiro de viagem inseparável…

A cereja no topo do bolo, sem dúvida! É um dos aspetos que faz dos Anvil uma banda tão especial. Dois indivíduos que fizeram o que fizeram. Um guitarrista e um baterista que criaram e desenvolveram um estilo, nem sempre é assim que as coisas acontecem, não é um vocalista e um guitarrista, é um baterista, que é uma parte fundamental naquilo que é o som heavy metal tal como um guitarrista. Nós estabelecemos um padrão, uma textura que influenciou muitos outros, mundo fora. O metal é isso, um riff e um preenchimento de bateria, olha os Metallica, Lars e James…

Para fechar esta entrevista, o que sentes com este disco?

Huummmm, satisfeito com o resultado final, com músicas como “Legal At Last” numa onda muito Motorhead, “Plastic In Paradise” muito influenciada pelos Black Sabath, banda que adoro desde sempre, e que quando crio algo com a influência deles para mim é sempre o melhor momento, mas no global é um álbum dos Anvil como disseste há momentos atrás, somos nós…

Portugal?

Sim, pela primeira vez na nossa história vamos a Portugal…em Março! Vai ser fantástico…não percam!

Combinamos uma nova conversa?

Combinado… vamos falando!

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