Entrevistas

WOM Entrevistas – Iron Angel

Os veteranos do speed/thrash metal alemão Iron Angel, regressaram no passado mês de outubro com “Emerald Eyes”, um álbum que apenas conta com Dirk Schröder, na voz, como membro original. Foi a oportunidade para voltarmos a falar com a banda, desta vez com Maximilian Behr, baterista sobre este e outros temas relacionados com os Iron Angel. Os nossos agradecimentos à Mighty Music e ao Fernando Reis, pela disponibilidade e colaboração com World Of Metal. por Miguel Correia

 

Olá Max, bem-vindo à portuguesa World Of Metal, muito obrigado por esta oportunidade. Tu chegaste aos Iron em dois mil e dezassete, como é que foi que tudo aconteceu e como é que os encontraste, animicamente falando?

Olá, Miguel, eu também agradeço esta oportunidade de poder falar para os fans portugueses, desejando que todos estejam bem e em segurança. Indo à tua pergunta, bem, eu tinha acabado de sair de um projeto musical, se não estou em erro, por meados de fevereiro desse ano e olha foi através de um anúncio num website que cheguei até eles sem saber quem eram, (risos). A ideia era de ir fazer umas brincadeiras com um grupo de músicos e como estava com tempo e após muita insistência lá acedi a encontrar-me com eles. A coisa foi do tipo: “hey man, somos uma banda dos anos 80 queres vir ter connosco e fazer um par de jams?”. Ok, pensei, vamos lá ver no que isso vai dar… Claro que após alguma insistência minha eles acabaram por dizer que eram os Iron Angel e senti que era isso que precisava de fazer naquela altura, era esse o desafio ideal para a minha carreira. Acertamos datas para uma audição a sério e olha aqui estou!

Tudo assim?

Sim, mas não fica por aqui, por outro lado eu estava meio que atrapalhado porque não tinha um espaço onde ensaiar e aprender as músicas deles, limitei-me a ouvi-las e a agilizar a coisa na minha mente. No dia da audição, claro que a pressão aumentou quando os ouvi dizer que já tinham testado uns bateristas e não tinham gostado de nenhum e que eu teria a oportunidade de brilhar, (risos) a coisa está pesada! Depois foi começar e ao aperceber que estava a receber um feedback positivo do Dirk, a minha segurança e confiança aumentaram e tudo acabou em bem. Acabou por ser rápido ali naquele momento que parecia que não acabava, mas ao mesmo tempo a admissão foi num ápice!

Simples…

Sim, acabou por ser. Superando tudo. Até acabamos por tocar e dar os primeiros passos em algumas coisas que estão no novo álbum. “Tu falas inglês?”, foi a pergunta que me fizeram, à qual respondi que sim, sem problemas, desde os 14 anos que gosto de escrever, “Ah, ok, ainda bem, porque não temos ninguém para o fazer para as novas músicas”! (risos) Foi tudo muito hilariante, e acabou por fluir de forma natural e começarmos a perceber onde nos podíamos encaixar. Senti-me muito confortável com tudo e isso deu força à nossa ligação.

Não acreditas em coincidências?

O que sinto é que tinha de ser assim, que teria de ser por ali que as coisas aconteciam na minha vida profissional. É daquelas coisas em que pensamos, por mais que se lute contra, estava escrito que eu teria de chegar aos Iron Angel. Sei que ainda falta responder ao uma parte da tua pergunta.

Pois, é verdade, como é que os encontraste emocionalmente? Eu perguntei isso porque sei que banda não tem tido a estabilidade necessária e que naturalmente todos procuram, mas na verdade a coisa não tem sido nada fácil.

Sabes que eu também tenho estas experiências de ter altos e baixos na carreira, faz parte na nossa atividade e claro em outras também, mas acima de tudo eu já estou com eles há mais de 3 anos e nestes momentos aprendi que não devemos entregar as armas, bem pelo contrário, devemos manter o nosso foco, continuar a acreditar que as coisas no amanhã serão diferentes para melhor e por vezes tudo isso que se vive é a vida a querer mostrar algo. Temos de estar unidos, ter um caminho comum e acreditar que é possível chegar lá, todos no mesmo sentido. Claro que nem sempre é fácil, mas temos de lidar com as coisas da melhor forma possível, entendes, não podemos baixar a cabeça e simplesmente deixar acontecer.

Enquanto baterista quais são as tuas influências?

Tudo começou cedo na minha vida. O meu pai também era baterista, então eu cresci já com esse bichinho a tomar conta de mim de forma natural. Lembro-me bem de assistir atrás do meu pai quando ele se sentava no kit dele e aquilo deslumbrava-me e acredito que foi a porta que se estava a abrir para poder um dia ser como ele. Claro que depois, ao longo do tempo, chegam outras influências e digo-te que a minha maior de todas a seguir ao meu pai foi e é o Dave Lombardo. Comecei a praticar por cima dos discos e com isso ganhei capacidade auditiva para facilmente agarrar as batidas de uma música em 2 ou 3 audições…depois o tempo traz outros baterias que nos impressionam e como te disse o Dave é um deles.

Vamos falar de “Emerald Eyes” que já está no mercado. Qual é a vibração que este disco te transmite?

(risos) Eu acho que conseguimos os nossos objetivos com este disco e quando assim é deixa-nos satisfeitos com o resultado final.

Eu adorei!

Obrigado! É sem dúvida um disco com potencial. Levamos tempos com os detalhes, foi pensado em pormenor e todos demos tudo o que tínhamos para o fazer. Houve três pessoas encarregues das composições, eu particularmente escrevi 5 dos temas presentes no disco. Engraçado porque é normal haver sempre algumas dúvidas relativamente às propostas apresentadas, mas quando todos começamos a acrescentar o nosso cunho a coisa ganhou corpo e deu entusiasmo a todos. “Emerald Eyes” é um disco de muito trabalho. Todos estamos muito orgulhosos com ele!

Eu senti que continua a ser um disco fiel às raízes da banda.

Sim é, concordo, mas também se sente uma progressão no nosso som, tudo mais trabalhado. E acima de tudo eu não concordo quando muitas das bandas tentam ajustes ou mudar algo para se manter na moda. Só temos de ser nós mesmos e saber evoluir o nosso som no caminho certo.

Sabes que no ano passado quando falei com o Dirk sobre o tipo de produção utilizada em “Hellbound”, ele transmitiu-me que a opção na altura foi consciente. Agora neste novo trabalho sente-se algo diferente nesse aspeto…

Sim, sem dúvida e foi também uma opção consciente a exemplo da escolha em “Hellbound”. Sentíamos a necessidade de modernizar o nosso som, de sair algo mais polido. Temos toda a vibração old school mas com mais brilho, e assim a soar melhor!

Os Iron Angel são uma banda com todos os elementos old school do metal. É fácil para uma banda com tantos anos no momento de composição não se deixar influenciar por tendências musicais?

Claro que sim! Tudo acaba por acontecer naturalmente. Nós temos as nossas raízes, os nossos gostos musicais e eles estão sempre acima de qualquer tendência, claro que como fizemos aqui queremos sempre evoluir, mas como já disse anteriormente, não temos de mudar o nosso estilo para o fazer. Os Iron são uma banda com uma identificação forte com as suas origens e isso está ali em cada música, em cada álbum em cada concerto eu damos. Não forçamos nada!

 É sempre bom sentir o reconhecimento do nosso trabalho?

Miguel, sem dúvida que sim. E nesta indústria que nem sempre as coisas correm e são como queremos, ouvir coisas positivas ao nosso trabalho é um sentimento de alegria enorme. Quando isso acontece sentimos que valeu a pena, mas atenção o contrário também te ajuda a crescer e a aprender, temos é de ter a capacidade de assimilar as coisas e geri-las de forma positiva naquilo que fazemos. No caso deste disco, em tempo útil fomos sentindo uma opinião muito positiva, da Mighty de todos os que nos rodeavam e isso na altura deu-nos força também.

Sentes que “Emerald Eyes” é o disco faltava no catálogo dos Iron Angel?

Olha é uma pergunta difícil… O que sinto é que este disco é o resultado de outros que a banda fez no passado e que certamente cada um deles marcou diferentes fans na altura. O que sentimos é que por muito que surja um novo disco de qualidade impressionante, já temos no nosso coração ou no nosso pensamento aquele disco que ouvimos, naquele ano, naquela época da nossa vida e que por um motivo ou outro nos marcou tanto. Esse dificilmente és superado. Por isso não sinto que este disco seja a peça que faltava aos Iron Angel apesar de sentir que é uma das melhores, mas lá está é a opinião de um membro com 3 anos de trabalho com a banda, mas com uma total identificação com o seu percurso. Achas que respondi à tua pergunta? (risos)

Claro que sim Max e aproveito para te agradecer imenso todo este tempo numa conversa que já vai longa e que espero podermos repetir oportunamente num novo lançamento.

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One thought on “WOM Entrevistas – Iron Angel

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