WOM Report – Apocalyptica, Arctis @ LAV – Lisboa Ao Vivo – 17.11.24
Corria o ano de 1996 quando um quarteto de violoncelistas da Academia Sibelius em Helsínquia lançava um álbum com versões de músicas dos Metallica tocadas em violoncelo, e lançavam uma pequena revolução no mundo do metal. Nos anos seguintes, álbuns como “Inquisition Symphony” e especialmente “Cult” elevaram o colectivo para além de uma “mera” banda de covers.
Passados 28 anos, os Apocalyptica voltam de certa forma a casa com o lançamento de “Plays Metallica Vol.2”, trazendo mais um conjunto de covers. Acompanhados pelo baterista Mikko Kaakkuriniemi, os Apocalyptica prometiam uma noite especial de celebração da música dos Metallica.
Mas antes do trio de violoncelos entrar em palco foi tempo dos conterrâneos Arctis apresentarem o auto-intitulado álbum de estreia. “I’ll Give You Hell” foi o tema de abertura, que serviu de introdução do som da banda. Metal moderno, com algum peso e uma boa dose de pop à mistura, prometia trazer animação à sala e muitos momentos para ficarem no ouvido. Pelo segundo tema “Remedy” já o público no Lisboa ao Vivo ia batendo palmas ao ritmo da música, algo que continuaria ao longo do concerto.
A banda criou um ambiente alegre e leve, comunicando muito com o público. Ao vivo os Arctis acabam por ganhar ao largarem as camadas de produção do registo de estúdio, e trazer mais peso a temas como “Bimbo” ou “WWM”. Para o fim ficaria “Theater of Tragedy”. Um bom concerto em que a banda finlandesa conseguiu mostrar o que vale.
Com a Sala 1 do Lisboa ao Vivo esgotada e com muita antecipação no ar, as atenções focaram-se no palco quando “The Ecstasy of Gold” de Ennio Morricone começou a tocar nas colunas da sala, com várias vozes a entoar a melodia deste clássico. Após a intro, o trio lançou-se com “Ride the Lightning”, seguido da sequência “Enter Sandman” e “Creeping Death”. Desde logo o público fez sentir a sua presença cantando em coro a letra dos vários temas. Foi particularmente impressionante a sequência em “Creeping Death” em que a sala toda gritava “die” antes de se lançar a cantar “Die by my hand // I creep across the land // Killing first born man”.
“For Whom the Bell Tolls” prosseguia a passagem pelos clássicos até chegarmos a uma apoteótica “Battery”. De seguida um momento mais calmo com “The Call of Ktulu” a ser tocado em memória do baixista Cliff Burton. Depois dos clássicos seguiu-se uma das surpresas de “Plays Metallica Vol.2”, um tema menos consensual, “St. Anger”. Os Apocalyptica conseguiram dar uma nova vida (e interesse) à música, sendo que os próprios elementos da banda admitiram que precisaram de algum tempo para se afeiçoarem ao tema.
Rapidamente se regressou ao primeiro álbum dos Metallica com “The Four Horsemen”, e depois de uma intensa “Blackened”, chegou outro dos grandes momentos da noite com “Master of Puppets” a lançar uma verdadeira loucura na sala. Uma nova pausa para respirar com a belíssima versão de “Nothing Else Matters”, e para acabar a set principal teríamos “Seek & Destroy”, outro tema com um coro de vozes a cantar o refrão.
Depois da banda sair de palco, o encore seria anunciado com o vídeo que a banda lançou para “One” a passar no ecrã em palco e que teve a participação de James Hetfield a declamar a letra da música. De regresso ao palco a banda foi interpretando um tema onde a melodia delicada é elevada nas mãos capazes dos Apocalyptica.
Um concerto que foi uma grande celebração de músicas que fazem parte do canon metaleiro, executadas por músicos de enorme qualidade, mestres a interpretar e a dar uma nova roupagem a estes temas.
Também de destacar a boa qualidade de som e a excelente componente visual, quer em luzes, quer nos vídeos que iam ilustrando os temas. A tudo isto juntou-se o público que tal como a banda referiu durante o concerto, esteve sempre a cantar em cada música. Num LAV esgotado, todos os presentes testemunharam uma noite verdadeiramente especial.
Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
Agradecimentos House Of Fun
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