WOM Report – Artilharia Pesada III @ RCA Club, Lisboa – 22.09.19
A noite de Sábado foi de festa e celebração metálica no RCA Club. A terceira edição do Artilharia Pesada foi o motivo para a reunião de seis representações diferentes de peso português e do público incansável para esse mesmo apoio embora tenha ficado a sensação de que esse apoio poderia ter sido mais substancial em termos numéricos. Já lá iremos. Comecemos então pelo início.
Os Speedemon começaram a festa, um pouco mais tarde que o previsto que mesmo assim ainda não apanhou o número de assistentes que a sua música merece. “Hellcome”, o álbum de estreia recentemente lançado foi o grande destaque da sua actuação e como já dissemos anteriormente – quer no concerto que deram com Midnight Priest quer no álbum em si – é um thrash metal tradicional de enorme qualidade capaz de entusiasmar até aos mortos. A sua música, a energia que enviava do palco era recebida pelo público e devolvida à banda de Vila Franca de Xira, que apresentaram-se no RCA com um novo baterista mas com a mesma raça e qualidade que lhes reconhecemos desde sempre. Uma banda que não cansa ver ao vivo.
A oportunidade de ver os Shadowmare no palco do RCA Club era boa demais para se perder e mais pessoas compareceram ao chamado. Uma actuação que apesar do início atribulado – George Alva Rosa partiu uma corda do baixo quando estavam prontos para começar. Valeu a ajuda de André Gomes, dos Mass Disorder que cedeu o baixo. “Mirrors Nightmare” foi o tema de abertura que mostrou logo, para quem não os conhecia, o elevado nível técnico da banda de Faro onde o seu death/thrash metal melódico foi muito tratado, com bastantes duelos de solos de guitarra entre Jorge Assunção e Nuno Chris. O foco de actuação foi igualmente o álbum de estreia, “Shades Of The Untold”, editado no início deste ano, que é uma bomba mais que recomendada.
Os Karbonsoul seriam a última banda antes da pausa para o jantar e havia uma enorme expectativa para os ver – notou-se um acréscimo do público (e dos fotógrafos) em frente ao palco e a primeira coisa que reparámos foi o facto do habitual quarteto ter sido ampliado a quinteto, com mais um guitarrista em palco – Fábio Mata. Se a música já era intensa, com mais um guitarrista em palco, essa intensidade também foi puxada a um nível completamente novo. Os já conhecidos temas de “3Logy”, EP de 2014 foram debitados com mais três inéditos, sendo que nestes novos, o poder do death metal old school está ainda mais presente. Muffy, como sempre, é uma tremenda frontwoman que contagia o público com a sua energia e tornando a música dos Karbonsoul ainda mais marcante.
Depois de uma pausa para jantar, foi a vez dos Mass Disorder darem início à segunda parte do Artilharia Pesada e desde o início se sentiu que eles não estavam para brincadeiras. Se alguém estava um pouco mais lento e apático por causa do jantar, definitivamente com a sequência bruta de “Arson” e “Rats” que acordaram para a vida. O som violento, aliado a um volume alto (talvez o mais elevado da noite) foi motivo para diversas movimentações entre o público. “Conflagration”, o álbum de estreia da banda de Almada editado no ano passado, foi tocado por inteiro e a recepção por parte do público foi para lá de entusiasta. Teremos que salientar a violenta (no melhor sentido) “Death Vow” com um solo final demolidor. Foi possível notar que tanto a banda como o público saíram igualmente satisfeitos.
As trevas desceram ao RCA Club com a chegada dos Okkultist. Inevitavelmente as atenções estavam centradas em Beatriz Mariano que tem o dom de tornar cada actuação da sua banda única. “Reinventing Evil”, o álbum de estreia da banda foi o centro da actuação mas ainda assim tivemos uma incursão ao EP “Eye Of The Beholder” com a “Sacred Brutality”. Se o público inicialmente parecia estar mais contemplativo do activo, isso depressa mudou com temas como “Plasmodium Nocturnee” ou o tema-título do já citado álbum de estreia. O som estava no volume ideal e bem definido, o que fez com que o impacto ainda fosse maior. O final viria com a cover de Bathory, “Satan My Master” e com Beatriz a agradecer a presença de todos no RCA Club.
O grande final seria com um dos grandes nomes clássicos do metal nacional: os Sacred Sin. Será sempre uma banda icónica e representativa de uma época da nossa cena, mas mais importante, da perseverança necessária para nunca baixar os braços e continuar a acreditar na sua (nossa!) paixão – o metal! O quinteto apresentou-se reformulado – pelo menos desde a última vez que os vimos – com um novo guitarrista e baterista e o início foi logo com um clássico – “In The Veins Of Rotting Flesh” do incontornável álbum de estreia, “Darkside”. E do primeiro para o mais recente “Grotesque Destructo Art” foi um instante, com “Morbid” a ser uma das escolhas.
O público estava ao rubro e a intensidade metálica que brotava do palco não era para menos. A carreira da banda é grande e ilustre o suficiente para haver sempre razões de queixa por ficarem algumas músicas fora de um alinhamento que também não foi muito extenso mas ainda assim temas essenciais como a excelente “Ghoul Plagued Darkness”, “Eye M God” e a obrigatória “Darkside” (esta última a finalizar o concerto) não faltaram. O saldo final foi extremamente positivo onde a banda não se cansou de agradecer quer à Metal’s Alliance / Hugo Fernandes como a todas as bandas anteriores (aliás, como todas fizeram sempre que estiveram em cima do palco) mas principalmente ao público presente que é a razão de tudo isto. É com o público a comparecer e apoiar, que as bandas e promotores podem continuam a batalhar para que o metal se mantnha vivo. A Artilharia Pesada que temos e que a World Of Metal apoia, é de valor provado mas a batalha continua.
Texto Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
Agradecimentos Metal’s Alliance
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