Report

WOM Report Back to Skull 2018 @ RCA Club, Lisboa – 29.09.18

É da espontaneidade que surgem as melhores coisas da vida. Como o Back To Skull, uma iniciativa  por parte da SFTD Radio e do Xxxapada na Tromba que esperemos que seja repetida muitas mais vezes no futuro. Quatro bandas nacionais, quatro propostas que têm tanto em comum como aquilo que os separa e quatro formas de provar que o nosso underground nacional está muito bem fornecido de grandes talentos, caso ainda houvesse dúvidas disso – e infelizmente ainda existem alguns cépticos a esse respeito. O público correspondeu e foi um bom número de pessoas que aderiram a este evento que representou tanto novos lançamentos como também apresentação de novos temas para futuros lançamentos.

A primeira banda da noite a subir ao palco seriam os All Against, que recentemente tínhamos visto no Silveira Rock Fest, e se na altura pudemos apreciar a forma como a banda é explosiva ao vivo, no RCA Club essa opinião foi reforçada exponencialmente, graças a um som extremamente poderoso que aliado ao thrash da banda resulta em perfeição, principalmente nas novas malhas presentes no mais recente EP “Feed The Machine” lançado precisamente naquele dia – o tema título, a “Strip You To The Bone” e a “Weapons Of Mass Distraction”, que foi o mais recente vídeo a ganhar (lyric) vídeo. Cada vez mais acutilantes, esta máquina de debulhar thrash metal está imparável e os novos temas antevêm um futuro muito interessante pelo impacto que têm em cima do palco e entre o público que apesar de algo mais tímido a início, lá se soltou para receber como é devido (e merecido!) a thrashada de bom gosto dos All Against.

Reforçando aquilo que disse anteriormente, apesar de haver algumas semelhanças na sonoridade entre as bandas, os Diabolical Mental State talvez fossem aqueles que melhor faziam a ponte entre a velha e a nova escola – tal como os próprios referem na biografia na sua página do Facebook. Sendo a segunda vez que os vimos (a primeira foi no Hell Of A Weekend, que foi o primeiro concerto após o regresso), foi possível notar uma evolução enorme e uma presença de palco superior. Isto já tendo em conta alguns enguiços no baixo de Apache Neto e em ambas as guitarras em momentos diferentes que em nada beliscaram a entrega de temas já bem conhecidos como “Long Way Down” e “The Vilage”. Também ainda houve oportunidade para alguns temas novos que deverão estar presentes no próximo álbum como “The Town”, “The Children Of The Tides” e “Jungle” que nos deixam excelentes indicações. Público aderiu à festa e não faltaram as habituais movimentações (algumas destemidas) do palco para o público onde nem o vocalista João Paulo Saraiva resistiu à tentação de fazer um crowdsurfing.

A sonoridade dos Ho-Chi-Minh era a mais acessível da noite mas isso não implicou que não existisse peso – que existiu com fartura. O soundcheck mais moroso foi recompensado por um som que vinha do palco de uma qualidade superior e ao qual o público respondeu com entusiasmo, havendo um bom número de fãs presentes. A banda de Beja  conseguiu agarrar desde início o público, graças a uma atitude de extrema boa disposição – Skatro é um frontman que desempenha o seu papel na perfeição, cantando e entretendo como ninguém. Foi uma viagem por toda a carreira da banda alentejana, começando com “Liar” do EP “Shout It Out” lançado no ano passado e passando tanto pelo passado mais distante (“I Hope You Never” e “Way Of Retain” do álbum “It Has Begun” de 2009 e “You Let It Flow” do primeiro EP auto-intitulado de 2004) como também tivemos alguns flashes de “Ashes”, o mais recente EP, de onde o tema-título foi um dos pontos altos, assim como a “Alive”, sem contar com a sua interpretação do clássico de Depeche Mode, “Enjoy The Silence” que colocou todos a cantar e a mexer. Mesmo para quem não aprecie as sonoridades mais modernas, esta é uma banda obrigatória conferir ao vivo.

Por falar em obrigatório, o que de dizer dos Equaleft? Rotular e colocar numa prateleira o som da banda do Porto não é fácil assim como não é ficar indiferente ao mesmo. Temos a componente extrema aliada a ritmos próprios de uma vertente mais técnica e, claro, o groove sem limites. Já todos aguardamos com ansiedade o seu segundo álbum de originais – a estreia “Adapt & Survive” já data de 2014 – e tivemos alguns vislumbres daquilo que poderemos encontrar num futuro que esperemos que seja próximo, logo no primeiro tema, “We Defy” que a banda tem andado já a rodar há alguns meses, que deu o mote para uma actuação poderosa. Acrescente-se que houve um soundcheck exaustivo mas que o mesmo compensou por se ter um som verdadeiramente bombástico, principalmente ao nível da bateria – onde Marco Duarte esteve imparável pela forma como castigou cirurgicamente as peles.

Miguel Seewald, baixista desde há muito tempo dos Equaleft saiu há já alguns meses e essa posição tem sido ocupada por André Matos da Raising Legends Records (e que até era até à bem pouco tempo, baixista dos Heavenwood), de forma bastante segura e a integrar-se muito bem com a secção rítmica. O já citado álbum de estreia foi o mais visado, onde temas como “Tremble” e “Maniac” são já incontornáveis, combinando com alguns resgates do passado (“Uncover The Masks” do “The Truth Unravels”, EP de 2010). Do lado das novidades tivemos “Strive”, “Endless” e “Overcoming”, além da já citada “We Defy”, que tal como todas as novidades apresentadas por todas as bandas deixam excelentes indicações para o segundo álbum da banda do Porto. Miguel Inglês sempre incansável a puxar pelo público e com uma banda extremamente sólida por trás, o resultado é aquele que qualquer pessoa que os conheça sabe o que esperar – talento e diversão por parte de um nome que se equipara com qualquer outro internacional. Para o final ficou a já célebre distribuição dos húngaros antes do último tema, “Invigorate” e a sensação que temos muita matéria prima para grandes noites de música pesada. Bom ambiente, espaço familiar, excelentes bandas, todas gratas à organização da Songs For The Deaf Radio e do Xxxapada Na Tromba… alguns diriam que não precisamos de muito para sermos felizes, nós acreditamos mais que temos valores de qualidade excepcional para nos trazer felicidade.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
Agradecimentos SFTD Radio e Xxxapada Na Tromba


 

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