Report

WOM Report – Batushka, Okkultist, Gnosis @ República da Música, Lisboa – 20.07.25

A dinâmica religiosa e a sua animosidade, é algo indissociável do black metal, sendo algo já expetável. Mesmo assim, os Batushka sempre se destacaram da generalidade das bandas do género, pelo uso de elementos litúrgicos ortodoxos eslavos e uma sonoridade bastante trabalhada. Após 7 anos e uma batalha judicial longa e pesada pelo nome da banda, os Batushka voltaram a Portugal para mostrar o seu valor.

O som gélido dos Gnosis começou a noite, com um concerto que foi excelente. Vindos de Setúbal, os Gnosis têm uma sonoridade com raízes no black metal com secções melódicas dinâmicas. Trouxeram um concerto de 30 minutos, que soube a pouco e fica na memória a presença em palco do vocalista Rafael Prista, com muita teatralidade e dramatismo tão comuns no género, mas sem nunca serem clichés ou cair no ridículo. Espera se um bom futuro para os Gnosis.

Os Okkultist continuaram um bom momento. Já com um bom espaço no cenário do death metal, conseguiram-se impor no palco, tomando as rédeas durante todo o concerto. Destaque para as guitarras, certamente um dos pontos fortes da banda e ao vivo ganham uma dimensão e uma força diferente. Prova disso foram os diversos riffs crus e pesados, assim como os solos musicais que complementavam a prestação da banda. Um dos momentos da noite foi o cover da “Sixpounder” dos Children of Bodom, acabando assim o concerto dos Okkultist de grande forma.

A entrada dos Batushka em palco foi, como seria de esperar, marcante. Sendo um dos grandes nomes do black metal contemporâneo, foram recebidos por um público entusiasta e uma sala bem composta para o que foi um concerto especial e único. A roçar o que poderia ser caracterizado como uma cerimónia religiosa, foi um espetáculo formidável, repleto de fumo, velas e muito incenso. Todas estas caracterizações dos Batushka não são apenas uma personagem criada, mas sim uma parte fundamental da identidade da banda, algo responsável pelo concerto ser como é. Cria uma aura, um silêncio dilacerante tornando na atuação num espetáculo único.

A ambientação foi suporte de um setlist muito bom, consistindo no álbum “Panihida” tocado na integra, assim como algumas faixas do álbum de estreia da banda, o “Litourgiya”. As músicas sucediam-se de forma imediata, tocadas com uma precisão impressionante, mas houve uma palavra marcante e definidora da atuação dos Batushka: mística. Sentiu-se logo na entrada da banda em palco algo diferente, não era um concerto qualquer. Era um ritual, algo profundamente imersivo e isso é a maior vitória e conquista da banda.No final da noite e depois de uma grande ovação, fica evidente que os Batushka têm uma relação muito especial com o público português. Um concerto apenas ao alcance das melhores bandas e merecedoras de toda a aclamação possível. Uma grande noite de concertos, todos eles memoráveis, ficamos agora na expetativa de um novo álbum dos Batushka.

Texto por Afonso Mendes
Fotos por Edgar Silva
Agradecimentos Free Music Events


 

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