WOM Report – Black Widows, Dallian, Malignea @ Metalpoint, Porto
Foi com pesar que me dirigi ao Metalpoint no passado dia 26: algumas horas antes do evento, o Hugo Almeida anunciava o encerramento do espaço no final do ano, as bandas do Not A Xmas Fest (23 de Dezembro) as últimas a pisar aquele palco. Antes de relatar os concertos dos Malignea, dos Dallian e das Black Widows, o meu sincero OBRIGADO por tudo o que vivi ali nos últimos 15 anos.
Numa espécie de renascer das cinzas dos Dogma, os Malignea deram-se a conhecer em Maio passado, no Side B (Alenquer), e agora foi a vez do Porto testemunhar o que esta fénix traz no bico – um gothic doom mais dinâmico (“mais ousado”, para usar o termo do próprio Luís Possante) daquele a que, geralmente, estamos habituados. A actuação foi, sem dúvida, bastante expressiva e cheia de carisma. O álbum de estreia sai já no próximo dia 6 de Janeiro, e embora “Morte Vermelha” – um tema inspirado em “The Masque Of The Red Death” de Edgar Allan Poe – tenha sido o primeiro single de promoção, o tema que deixaram para o fim foi “Farol Dos Malditos”.
Por um motivo ou por outro, ainda não tinha tido oportunidade de ver Dallian ao vivo, e estava curiosa, depois de ouvir tantas críticas sobre não estarem à altura, em palco, do que alcançaram em estúdio com “Automata”. Bem, ou essas pessoas têm a fasquia do perfeccionismo alta demais, ou estes moços de Leiria melhoraram muito entretanto: não tenho nada negativo a apontar a este concerto (excepto, claro, a falta de um baixo, mas isso já é picuinhice minha). Gostei imenso de ouvir aquele death metal sinfónico, a puxar para o progressivo, com tanta entrega dos musicos – e do público. Ainda não há notícias concretas sobre o segundo álbum, mas parece que há uma música nova que, apesar dos pedidos, não foi tocada. Tocaram a que se tornou a minha preferida “Caixa Pensatória” (“Alguém aqui gosta de fado?” foi como Leandro Faustino a apresentou), que me deixou igualmente feliz. Logo a seguir, “The Swine Dialectic” encerrou com chave de ouro – mas daquelas elegantemente trabalhadas, para condizer com todo a imagem steampunk da banda.
Em pleno século XXI, dizer que as Black Widows são uma banda de metal nacional de elite, nestas andanças há 27 anos, e composta só por mulheres, devia ser meramente factual; mas num mundo que insiste em ser machista, estes factos ganham toda uma relevância inspiradora de respeito (e orgulho entre o sexo feminino). É certo que o único membro da formação original é a icónica Rute Fevereiro (a nova guitarrista Iris Prado a dar ali o seu segundo concerto), mas que ela tem conseguido encontrar outras mulheres “à altura” também é digno de louvor.
Nem todos os concertos de apresentação de álbuns incluem o seu alinhamento na íntegra, mas as Black Widows fizeram questão de tocar todos os temas de “Among The Brave Ones”, mas enquanto que no álbum os três singles promocionais constituem as primeiras faixas, em palco foram as últimas, precisamente para um impacto mais memorável. As três últimas, isto é, antes do encore; para este, recuaram 20 anos até ao álbum de estreia “Sweet… The Hell”, onde foram buscar “Womb”, “She Decided To Die” e “In Death”. Acho que nem todos os mais novos entre o público as reconheceram, mas a maneira como reagiram, só prova que a boa música não tem idade.
No derradeiro final, as outras duas bandas apertaram-se no palco e chamaram o Hugo, para fazer o mesmo que fiz no primeiro parágrafo – aplaudir e agradecer por tudo.
Texto e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Black Widows/Metalpoint
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