Report

WOM Report – Daniel Cavanagh @ RCA Club, Lisboa – 14.12.18

Foi uma noite diferente esta em que Daniel Cavanagh, guitarrista e principal compositor dos Anathema, se apresentou a solo no RCA. Aqui solo não poderia ser usado de forma mais literal, apenas Daniel, uma guitarra e pedais. Apesar de no papel se tratar de uma tour do álbum a solo de Cavanagh, na realidade este concerto, de “Monochrome”, apenas teve o single “The Exorcist”. O restante, mais do que uma oportunidade de ouvir temas de Anathema com uma roupagem diferente, mais simples e num tom mais intimista, acabou por ser um one man show e uma noite de convívio entre um artista, na sua postura mais humilde, e o publico, fortemente pautada pelo humor.

A abertura deu-se com “Springfield” do álbum mais recente dos Anathema, “The Optimist”, onde Daniel foi utilizando um pedal de loop para ir tocando cada camada de guitarra da música, sendo que no fim dava o efeito de estarem mais músicos em palco. Esta técnica foi sendo utilizada em quase todas as musicas tocadas ao longo da noite, pelo que não ficámos apenas pelo puro concerto acústico. Seguiu-se um tema da fase mais recente da banda que tem vindo a tornar-se um verdadeiro clássico “Untouchable Part 2” que o publico que já deixava o RCA bem composto cantou em coro, algo que foi fazendo ao longo da noite. Falando em clássicos, houve ainda direito para as fantásticas “Fragile Dreams” e “Are You There?” dois temas incontornáveis dos Anathema. A “Ariel” seguiu-se uma excelente cover de “Running Up That Hill (A Deal with God)” um original de Kate Bush.

A partir deste ponto a noite tornou-se numa espécie de discos pedidos ao vivo. Daniel Cavanagh tinha claramente uma ideia do que iria tocar mas não existia uma setlist pré-definida, e portanto foi perguntando ao público o que queriam ouvir. Enquanto o publico ia dando sugestões o musico inglês, como que a “brincar” com o que poderia tocar foi tentando várias coisas entre as quais um bocado de “Schism” dos Tool. A escolha acabou por recair em “Another Brick in the Wall” clássico dos Pink Floyd em que os pedais de loop voltaram a servir para fazer as várias camadas de guitarra e até uma de percussão conseguida com Cavanagh a bater com a mão na guitarra.  O regresso a Anathema fez-se com “Flying”, a sempre emotiva “One Last Goodbye”, que foi pedida pelo publico, e “Lost Control”. Depois daquela que foi a única referência ao novo trabalho a solo, “The Exorcist”, uma nova cover agora com Radiohead, “Paranoid Android”.

Naquele que foi um dos momentos mais divertidos da noite houve um pequeno esquecimento da letra ao começar “Untouchable, Part 1” com Daniel a perguntar ao público como começava a letra, com a piada de ele ter a tendência para usar a expressão “I feel” com muita frequência nas letras que escreve. Após essa pausa e quando finalmente recomeçou a musica (desta vez com a letra bem na ponta da língua) não deixou de existir uma risada geral quando Daniel cantou novamente “I feel”, naquela que foi uma versão magnifica deste grande tema dos Anathema. Como encore ainda houve direito para outra cover de Pink Floyd com uma excelente versão de “High Hopes” dando a noite como terminada.

Durante 90 minutos Daniel Cavanagh foi um músico que esteve com uma postura tão descontraída, e tão aberta que esbateu por completo a barreira entre publico e artista que habitualmente existe em cada concerto. Numa noite em que houve muitos momentos de conversa com quem se deslocou ao RCA, e muitos momentos relaxados e divertidos, o riso do público foi um som frequente. Desde Daniel brincar a dizer que as letras dele as vezes podem ser repetitivas mas são verdadeiras -“Steven Wilson may have smart lyrics but mine are real!”, até demonstrar como não consegue cantar músicas que o irmão Vincent canta num tom mais agudo, houve espaço para tudo.  As músicas que aqui foram apresentadas de uma forma diferente funcionaram todos bem em particular os momentos mais emocionais como “One Last Goodbye”, “Untouchable” ou “Flying”. O final com “High Hopes” o tema dos Pink Floyd que encaixa em Anathema como uma luva, foi o acabamento sublime de uma grande noite de música.

Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
Agradecimentos Prime Artists


 

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