WOM Report – Dia 3 @ Laurus Nobilis Music Famalicão – 28.07.18
Como tudo o que é bom acaba depressa, o terceiro e último dia chegou num instante.
Embora admita que “metal alternativo” é a melhor etiqueta para os Legacy Of Cynthia, é um termo que não me agrada muito devido à sua natureza vaga (In This Moment ou Motionless In White também estão ali no meio, por exemplo, e pouco ou nada têm em comum). A sua sonoridade é sedutora e, ao mesmo tempo, de uma vivacidade agressiva; mas certamente que terão os vossos próprios adjectivos para a banda de Sintra, dada a sua natureza única e difícil de descrever. Desde “Rats And Rattlesnakes” até “Cabaret”, o público rendeu-se a essa natureza, que tão bem funciona ao vivo.
Os Low Torque também porque rock’n’roll funciona sempre. Com a edição do terceiro álbum, “Chapter III: Songs From The Vault” em Novembro último, algumas músicas podem ser consideradas novas, como “Dust Mojo” ou “Mutant”. Das mais antigas, ainda que com apenas 3 anos, ouvimos “Stingy Jack” e, se não estou em erro, “Bell Witch”. Quaisquer que tenham sido os temas, foi um set que deu para movimentar não só a cabeça mas todo o corpo ao seu ritmo contagiante.
Terceiro dia, terceira banda e o “metal propriamente dito” regressa com os Revolution Within. Este foi o segundo concerto do novo baterista Rúben “Tozé” Moreira mas “o miúdo” parece bem entrosado, como se já fizesse parte da família há anos. A versão original de “Pull The Trigger” conta com a participação de Hugo Andrade dos Switchtense, mas ao vivo foram já vários os convidados. No Laurus, foi Diogo Pardal dos One Step To Fall – uma das outras bandas de Tozé. E em “Pure Hate”, “os artistas” foram os participantes da wall of death. Os agradecimentos finais de Raça incluíram os falecidos irmãos Abbott: “Dimebag, Vinnie Paul, descansem em paz, onde quer que estejam”.
Chegando ao palco Porminho, os The Temple estavam ainda às voltas com soundcheck, com a sua versão de “Budapeste” dos Mão Morta. Gosto muito dos que eles fizeram com a música, dando-lhe uma batida mais forte, por isso quando não a tocaram durante o concerto, fiquei contente por ter assistido ao soundcheck… Mas “Nation On Fire” ou “My Anarchy” ou “Violent World” ou “War Dance” – onde os guitarristas Marcelo e Tiago e o vocalista João atacam os bombos do baterista Rui em jeito de personificação do título -, todos os seus temas originais, novos ou antigos, patrocinaram uma grande festa entre o público.
Os Crisix não ficaram atrás, o que confesso que me surpreendeu. Não foi a sua estreia em Portugal mas foi a primeira vez que os vi, e como a minha ideia de thrash espanhol é Angelus Apatrida, estava à espera de um concerto violento, sim, mas não da “fiesta” que lhe assistiu. E não me refiro só ao medley de covers de Beastie Boys, Rage Against The Machine e por aí fora, com a troca de funções associada – o guitarrista B.B. Plaza e o baixista Dani Ramis foram para o micro, o vocalista Juli Bazooka assumiu o baixo, e o baterista Javi Carry e o guitarrista Albert Requena cederam os seus instrumentos um ao outro; durante todo o concerto houve correrias, saltos, caretas e sorrisos em palco, e no fim ambos os guitarristas fizeram crowdsurf enquanto tocavam “Ultra Thrash”.
E hoje, mais de uma semana depois, ainda não sei bem se foi por causa desta energia toda que, em comparação, a prestação dos Tarantula me pareceu apagada, ou se a banda veterana de Valadares realmente não estava com o coração no que estava a fazer. “Face The Mirror”, “You Can Always Touch The Sky”, “Dream Maker”, “The Great Dragon”… foram todas acompanhadas pelo público mais old school, mas faltava qualquer coisa do outro lado (e não era a “Power Tower”, que eles insistem em não tocar). Tive pena de não me divertir tanto quanto a herança dos Tarantula merece, mas este não foi o seu melhor concerto.
Já Dark Tranquillity… como disse uma amiga minha, “senti-me com 20 anos outra vez”. E já nem nos referíamos às músicas daquele tempo que a banda sueca tocou – “The Wonders At Your Feet”, “Monochromatic Stains”, “Therein” – mas à intensidade com que nos presentearam todo o set e que nos rejuvenesceu durante aquela hora e meia. Ainda a apresentar “Atoma”, também “Clearing Skies” ou “Force Of Hand” foram reconhecidas pelo público, e “Lost To Apathy” (algo que, segundo Mikael Stanne, o povo português não sofria) e “Misery Crown” fecharam o espectáculo com chave de ouro.
O festival terminaria no palco Estrella Galicia, com os “filhos pródigos a regressar a casa”, The Godiva. Depois de quase uma década de silêncio e uma ou outra alteração no alinhamento – e na imagem – voltaram em grande, tocando todo o EP “Spiral”, de 2007, e o single “Empty Coil” lançado menos de uma semana antes. Senti um pingo de orgulho por ter assistido a alguns dos concertos daquela primeira fase e estar agora a acompanhar esta nova etapa, que parece promissora.
Do festival em si, não foi um pingo e sim todo um litro, pois “não faltei” a nenhuma das três edições anteriores – ainda que só ao “dia do metal” – e assistir a esta evolução deixa-me de coração cheio.
Texto por Renata Lino
Fotos por Fátima Inácio Gomes
Agradecimentos a Laurus Nobilis Music Famalicão
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