WOM Report – Inferno das Febras – Dia 1 @ Parque de Lazer de Casais, Lousada – 29.08.25
Chega o Inferno das Febras mais uma vez a Lousada. O parque estava muito bem servido de comida e bebida, com preços razoáveis. Os hambúrgueres até contavam com tomate e alface! – um luxo se considerarmos alguns outros festivais onde pudemos estar recentemente. À berma do riacho estavam inúmeras lojas com o merch das bandas, cds e vinyls vintage, bijuteria e outras coisas fofas feitas à mão. Para quem não teve tempo de se emperiquitar, o barbeiro Uppercut Deluxe tinha solução.

O início daria-se com os Jesus The Snake a abrir o festival solarengo, tendo no ano passado aquecido o palco para os All Them Witches. Com espírito verdadeiramente stoner e psicadélico, apenas instrumental, sem necessidade da voz a marcar presença para ter o efeito hipnótico em cima do palco e transmitido para a plateia. Perfeito para o público que ia chegando, conseguindo escapar mais cedo do trabalho para a abertura das 16:30.

Tal como o tempo que nublou, o espírito passou brutalmente dos oito aos oitenta com a entrada dos Yaatana. A jovem banda do Porto trouxe consigo Thrash Metal furioso em pó 100% concentrado, resultando em moshpit instantâneo e headbanging com tal violência que arrancou uma das barreiras do pit do seu sítio, com a mesma a ter de ser composta com meia dúzia de abraçadeiras. O auge do concerto foi a “Instituição do Ódio”, mas no geral foi um contínuo levantar poeira dó início até ao fim.

Infelizmente, não houve energia devida que chegasse para receber os Caos Ritual de início. No entanto, com os seus riffs agressivos acompanhados de vocalizações mais ásperas que uma lixa, o público recuperou rapidamente para continuar a moshar, fazendo desaparecer qualquer restante de relva do centro do recinto. No último tema do alinhamento, contaram com o talento do vocalista dos Idle Hand que dominou o microfone de fino na mão.

Depois vieram os Idle Hand. Uma excelente transição para doom/sludge, algo que faltou no Milagre Metaleiro Open Air no fim de semana anterior. Fizeram-me lembrar Belzebong e Weedeater, com bastante peso mas sem perder de olho o groove, resultando numa proposta excelente para o headbanging. Uma excelente variação para a dinâmica e diversificação do festival.

Quando os Wyatt-E entraram em palco, parecia que a plateia não estava pronta para o seu estilo único e peculiar, tendo levantado muitas sobrancelhas. Já os tinha visto uns meses antes no Stoomfest, em Londres, e contava com os seus trajes elaborados e fumo em demasia. Invocam novamente melodias, com uma componente doom, diretamente do deserto. Um espetáculo artístico que, apesar da peculiaridade, agradou à plateia que assistia atentamente ou dançava em semi-transe, acabando por conquistar os incrédulos.

Tal como anteriormente, passamos da primeira mudança para a quinta (ou o inverso, como vos fizer mais sentido), com entrada em palco dos Pitch Black, veteranos do Thrash Metal nacional que contagiou todos com o seu espírito endiabrado e deu início a uma autêntica aula de violência sonora, como já é seu hábito.

Não conhecendo e pesquisado Heavy Lungs, fiquei surpreendido. Esperava aquele Doom Metal temático de erva, e fui violentamente atingido com um metafórico soco de Punk britânico, proveniente de Bristol. Tiveram uma actuação fascinante, até teatral de certa forma, cheia de emoção. A energia de todos os membros era quase impossível de acompanhar – algo que pude constatar pelas cerca de 200 fotos tremidas. Acabei por desistir, e apreciar a sua actuação hipnotizado.

Apesar dos Heavy Lungs terem preparado e deixado, de certa forma, a plateia pronta para os Hexis, muitos dispersaram, talvez pela hora, talvez pela chuva, talvez pela banda não ter pago a fatura da luz, pois tocaram em completa escuridão, apenas com uns strobes no fundo do palco que eram boas para convidar a nossa amiga epilepsia.

Alheios à chuva, e apesar da estranha interrupção, os Crab Monsters encheram o recinto. Para os que não estavam preparados, era compreensível o estado de confusão. Eu próprio não sabia se fazia headbang ou se tirava fotos – tarefa quase impossível, de captar as caretas e saltos aleatórios no palco, acho que tive sorte não levar com o microfone. Escusado foi o momento em que o vocalista baixou os calções à frente do palco, só porque sim.. Não podendo ficar para trás, o baixista (porque, sempre os baixistas!) juntou-se à brincadeira, mostrando o traseiro à malta numa foto para imortalizar o momento! Que grande noite. Eu que tinha pensado ir para casa mais cedo… valeu a pena ficar!

Texto e fotos por Luís Balsa
Agradecimentos Inferno das Febras / LSD Bookings
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