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WOM Report – Laurus Nobilis Music Fest – Dia 2 @ Casa do Artista Amador, Louro – 20.07.24

O segundo dia começou com o thrash dos Apocalypse Conspiracy no palco secundário e o rock alternativo dos NightZero no “Faz A Tua Cena”. Os últimos, formados originalmente em Londres mas actualmente alocados no Porto, já devem estar habituados às mudanças repentinas de tempo que temos atravessado, e apresentar temas como “Deep Waters” (o mais recente single) ou “Fly Away” numa tarde de Verão bastante fresca e nublada não   foi novidade; já os primeiros, vindos do Algarve… mas compensou o calor humano com que foram recebidos e ao qual Pedro Marreiros não poupou elogios – especialmente tendo dormido tão poucas horas para ali tocarem. Asseguro-vos que não se notava qualquer tipo de cansaço. O álbum homónimo saiu em Setembro do ano passado e “Virus” ou “The Reaper” são apenas alguns dos títulos que, a quem ainda não conhece (e gosta do género, obviamente), aconselho a conhecer.

Há bandas cujo nome engana, mas não é o caso dos Human Vivisection – o death metal destes belgas é tão brutal quanto sugerem. Era suposto terem tocado na edição de 2022, mas COVID e afins forçaram-nos a cancelar. Na altura, “Salvation Will Come” tinha já dois anos e ainda não lançaram mais nenhum álbum, embora estejam a preparar o seu sucessor, contando editá-lo este ano. O novo vocalista Robbie Smeyers perguntou quem não os conhecia, ao que a grande maioria confirmou, mas quando perguntou de seguida quem estava ali por eles, uma pessoa esbracejou entusiasticamente. Se era verdade ou estava apenas a ser simpático, não sei, mas as rodas que as músicas geraram foram bem animadas, pelo que pode dizer-se que causaram boa impressão a quem estava a ouvi-los pela primeira vez.

Por falar em cancelamentos, ainda em Maio foi o anunciado o dos portugueses Faemine e a sua substituição pelos eslovenos Users (Uporabniki na sua língua natal(. Thrash metal clássico e claramente influenciado por Metallica – durante o soundcheck até pensei estar a ouvir a “Battery” ou outra qualquer do “Master Of Puppets” mas, afinal, era a “Defibrilator” dos próprios Users – que, num festival de metal, é sempre bem-vindo.

Em simultâneo, a dinâmica mistura de post-metal, doom e stoner dos bracarenses M.I.L.F. (Music In Low Frequencies) emanava do palco “Faz A Tua Cena” com toda a intensidade que os autores de “Catharsis” já nos habituaram.

Os “sons do mundo” dos Albaluna animaram o palco principal de seguida, com uma vitalidade digna de um spot publicitário de uma bebida energética. Uma amálgama de metal com violinos, gaitas-de-foles e todo o tipo de batuques, entre outros, dizer que a banda de Torres Vedras toca folk metal é um pouco vago mas o melhor que se pode arranjar. “Ennead” é o sexto longa-duração, saído há cerca de dois meses, e embora não saiba precisar que temas foram tocados, tanto deste como de trablhos anteriores – atrevo-me, no entanto, a apostar em “Athinganoi” e “Gargull” – afirmo que foi uma festa.

Ao contrário do que a caveira de bode pode aludir, os Inn Cult não são uma banda de black metal e sim de um heavy rock que entra facilmente no ouvido, e músicas como “Taken”, “Humans” ou “Devil’s Jack” pareciam ser já do conhecimento – e agrado – de grande parte do público.

Já os suiços Exit eram novidade para a maioria mas a maturidade do seu thrash/death  prendeu o público que optou pelo palco ao ar livre. Beni Sax foi incansável, tanto na sua performance como na interacção/incentivo a quem estava a vê-los, tornando “Killing As An Option”, “Monsters” e “On This Side Or The Other” ainda mais apelativos.

Depois de uma tour pela Europa com um sucesso considerável, os Godiva voltaram a actuar em casa, com a pompa e circustância a que têm direito. A voz de Pedro Faria está mais forte, mais coesa, mas foi o guitarrista André Matos que fez a conversa, dedicando “Hollow Within” ao antigo baixista Arcélio Sampaio, “Godspell” a José Aguiar e toda a equipa dos Ecos Culturais do Louro (para os mais distraídos, são os promotores do Laurus Nobilis), e ainda chamando Gaspar Ribeiro do banco da bateria, para vir orquestrar uma wall of death em “Media God” (“já sabem o que têm de fazer, malta à esquerda, é para aniquilar a malta à direita”). A música foi ainda dedicada aos Equaleft, a outra banda onde André e Gaspar tocam. Uma cover de “Superbeast” de Rob Zombie foi um miminho extra num concerto, já de si, um mimo.

Seguiu-se black metal… ou black metal. Os espanhóis Hate Legions no “Faz A Tua Cena” – aparentemente sem material novo desde 2018, quando lançaram “XI Domini De Chaos”, mas sempre a dar cartas ao vivo – e os nacionais Vøidwomb, a promover “Spiritual Apotheosis” e a mostrar por que é que ganharam a Wacken Metal Battle e vão “representar” o nosso país no grande festival alemão. Ambas tinham muitas pessoas claramente satisfeitas com o que estavam a ver, mas dada a natureza semelhante, mais uma vez foi pena estarem a tocar em simultâneo e a “roubar” audiência uma à outra.

A Lufthansa perdeu os instrumentos dos SepticFlesh pelo caminho, mas tocar com material emprestado (pelos Godiva, a quem Spirous Antoniou fez questão de agradecer encarecidamente) não fez qualquer mossa na prestação dos gregos (e austríaco). Toda uma legião de “brothers and sisters” prontamente a levantar os “devil horns” que Spirous pedia, assim como a adivinhar os títulos para os quais o vocalista dava pistas (“Prometheus”, “The Collector”, “Persepolis”, “Anubis”…) não deixava dúvidas sobre quem eram os “senhores” daquele segundo dia. “Dark Arts” encerrou hora e meia de (mais) uma passagem memorável da banda por Portugal.

Texto e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Laurus Nobilis Music Fest


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