WOM Report – Laurus Nobilis Music Fest – Dia 3 @ Casa do Artista Amador, Louro – 21.07.24
Os Dishonour deviam ter aberto o 3º dia do Laurus do ano passado, mas devido a doença de The Beast, fizeram-no este ano. Com o regresso do bom tempo e o palco secundário ser ao ar livre, o corpse paint na cara do vocalista não durou muito. E enquanto estes “erradicavam as ratazanas” do seu “covil de fornicação” perante um público considerável – creio que o mais numeroso àquela hora dos três dias do festival – os Sleep Therapy apresentavam o seu metal… alternativo? Exótico? Qualquer rótulo que queiram pôr aos autores de “Nothing, Nowhere.”, a sonoridade não adormece ninguém.
Os Vectis venceram o Laurus Metal Battle, dando-lhes a oportunidade de tocar no palco principal – e de provar que o mereceram. Não é que tenham reinventado a roda com a mistura de black e death que criam, mas o modo como sobem ao palco e dão vida aos temas do EP “No Mercy For The Weak” e ao split com Grimsever deram uma nova lubrificação à roda do género. “666” dos Toxic Holocaust, que já é habitual interpretarem, teve direito a ser tocada uma segunda vez, numa espécie de encore.
Também intenso mas de uma sonoridade completamente diferente foi o concerto dos Three Of Me. O post-grunge a rondar o heavy rock que praticam já reuniu o seu quinhão de fãs e alguns dos presentes estavam familiarizados com os temas de “Black Dog”. Boa disposição à mistura – a correia da guitarra de Ricardo Dourado rebentou a dada altura, fazendo-o apelidar o instrumento de “suicida”, e o baixista Miguel Dourado pediu para que alguém “ligasse a ventoinha” dado o calor daquela hora – aproveitaram para apresentar o novo tema, “Sick”, que fará parte do segundo álbum, no qual estão a trabalhar. Enquanto isso, outra banda da Invicta mas de glam rock, Meräki, – sem, no entanto, o aparato visual que normalmente associamos ao termo – conquistava muitos aplausos com temas como o mais recente “Love Letter” ou “Panic Attack”.
Os suiços Calarook especificam o seu folk como pirate metal, o que não deixa de ser irónico uma vez que o seu país não é banhado por mar. Mas tendo em conta que o Jolly Roger do seu logótipo tem um ananás a fazer de turbante, creio que ironia é uma espécie de nome do meio da banda. Vestidos a rigor, lidaram com alguns problemas técnicos mas compensaram com a alegria que espalhavam, em cima e fora do palco: o guitarrista Nico Wiget, a data altura, foi tocar para o meio de uma roda de mosh. Além disso, quem não se divertiria com títulos como “A Pineapple’s Revenge” ou “El Calamare Gigante”?
Devido a um acidente de viação que lesionou gravemente o vocalista dos Grande Fox (desejamos uma rápida recuperação), os gregos foram obrigados a cancelar a sua presença, tendo sido substituídos pelos nacionais Last Piss Before Death – uma alteração bastante radical, uma vez que os Grande Fox tocam stoner psicadélico e os LPBDeath são de uma vertente punk alternativa. Edgar Alves entrou em palco mascarado de diabo e o que se seguiu fez jus àquela imagem. “Reset” é o mais recente tema, prometendo um segundo álbum de luxo.
Quem também parece ter um futuro brilhante são os thrashers Klatter. A discografia só conta ainda com singles – “Profane” sendo o último – mas a reputação que estão a ganhar com as prestações ao vivo garante-lhes que o álbum de estreia será aguardado com grandes expectativas. Um outro tipo de acidente aconteceu no Eresia Metal Fest em que Enrico H. Di Lorenzo, vocalista dos Hideous Divinity, escorregou do palco e partiu o tornozelo. Mas como o baixista Stefano Franceschini participa na “Tree Of Knowledge” dos Sotz’, foi o “nosso” (okay, emprestado, mas já é mais nosso do que da Moldávia) Dan Vesca que evitou o cancelamento. E que bem que esteve! Parecia que todo o alinhamento, incluindo as músicas de “Unextinct”, o álbum que a banda italiana anda a promover, tinha sido gravado por ele. Claro que a tecnicalidade bruta dos músicos encheu as medidas do público do Laurus, mas ter Vesca nas vocalizações, foi todo um outro mimo.
Enquanto os londrinos Metasoma encerravam o palco “Faz A Tua Cena” com o seu rock & heavy metal clássicos, aproveitando para apresentar o single “Soulless”, os lisboetas Bleeding Display faziam o mesmo no palco Crédito Agrícola. Praticamente 25 anos de brutal death metal, que o público celebrou de acordo, personificando no pit o clássico “Killing Spree”. Já a banda, com o profissionalismo que os assiste, deu mais uma lição de “Basement Torture Killing”.
Como muitos adivinharam, a setlist old school dos Moonspell consistiu em temas de “Wolfheart” e “Irreligious”, e ainda “Tenebrarum Oratorium (Andamento I / Erudit Compendyum)” de “Under The Moonspell” e “Serpent Angel”, da altura em que ainda se chamavam Morbid God. Abriram com “Opium”, com direito a fogo, passando depois para “Love Crimes”, onde Eduarda Soeiro participou – aliás, fê-lo em todos os temas de “Wolfheart” que têm vozes femininas; já “Raven Claws” contou com a participação de Mariangela Demurtas (Amorim), como é habitual. Também habitual é a comunicação de Fernando Ribeiro, que não poupou agradecimentos a todos – alguns pelo nome – tanto fãs como equipa, promotores e restantes bandas de todo o festival, não só daquele dia, e em “Mephisto” ainda fez todos rir ao mencionar Fausto, especificando ser a personagem do livro de Goethe e não o seu filho. A “Full Moon Madness” cobriu a freguesia do Louro, provando mais uma vez por que é que os Moonspell são do melhor que se faz por cá.
Texto e fotos por Renata Lino
Agradecimentos Laurus Nobilis Music Fest
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