WOM Report – Marilyn Manson, Amazonica @ Campo Pequeno, Lisboa – 27.06.18
Era já esperado que encontrássemos o Campo Pequeno inundado de almas negras (e não só) para receber Marilyn Manson, um panorama que é sempre agradável de presenciar. Sinal de que apesar da enorme oferta verificada este ano, as apostas continuam a ser bem sucedidas e bem recebidas pelo público. Os quase dez anos de ausência dos palcos portugueses da banda também ajudou a que este fosse um evento a ganhar ainda mais relevo. Tenho também que referir um pormenor que faz toda a diferença – enquanto o público entrava no recinto e até ao início da música principal propriamente dita, pudemos ouvir clássicos do rock e heavy metal, desde Annihilator até Scorpions. Um exemplo para todos aqueles eventos onde somos obrigados a levar com a pastilha de música descartável enquanto aguardamos.
Por falar em clássicos de rock e heavy metal, tenho que admitir que o facto da primeira parte ser responsável por uma DJ era algo que me deixou algo… apreensivo. Preconceito admito. Felizmente Victoria Harry, cantora transformada em DJ Amazonica já há alguns anos, conseguiu entreter da melhor forma o público. Inicialmente a expectativa não era muito alta, apesar do início com aquela melodia inesquecível do “Baba O’Riley”, seguiu-se uma série de batidas agressivas por baixo de alguém a dar-lhe no rap, mas o desfile de malhões dos mais variados géneros da música pesada não pararam de se suceder – Slipknot, Deftones, Nirvana, Sepultura, AC/DC, Pantera, Black Sabbath. Quem é que poderia resistir a um elenco destes? No final teremos que admitir que esta não foi uma ideia má de todo, embora continuemos a preferir bandas a tocar do que alguém a passar música. Mas pronto, uma questão de gostos.
Aquecimento feito e enquanto esperávamos que o soundcheck fosse feito para Marilyn Manson (será que o som de Amazonica foi assim tão complexo, que tenha obrigado a uma reconfiguração do som?) tivemos direito a mais clássicos que foram de Iron Maiden a Slayer, algo que o público parecia não apreciar, achando que cada final de música significava o início da actuação – bastava também olhar para o relógio para ver quando é que a banda que todos queriam ver ia entrar. De qualquer maneira, foi após o clássico “Ziggy Stardust” de David Bowie que as luzes se apagaram e sob uma enorme camada de nevoeiro artificial entrou em palco e atacou logo com “Irresponsible Hate Anthem”, fazendo com que os níveis de adrenalina fiquem desde logo ao rubro.
A resposta do público foi alucinante, levando a que Manson dissesse que aquele era o público mais barulhento do mundo – acreditamos que fosse simpatia, porque os décibeis debitados pelo público eram mesmo superiores aos que as colunas deitavam cá para fora. Quanto ao som em si, mesmo que a música de Marilyn Manson não seja propriamente límpida e cristalina, a distorção e feedback foram os seus principais componentes. Facto que influenciou também o som foi o facto de Manson atirar em média, por canção, duas vezes o microfone para o chão. Não sabemos se por insatisfação se por fazer parte do espectáculo, a verdade é que isso acabou por ter impacto no som final. E em relação a isso, temos que dizer que se o futebol tem apanha-bolas, Manson tem apanha-micros. E temos em crer que são mais eficazes em recuperar o micro (e trazer outro), no escuro, em tempo recorde. O que não deixa de ser impressionante.
Ainda tivemos a que tem sido habitual participação de fãs no palco na “Kill4Me”, um dos destaques do mais recente trabalho, “Heaven Upside Down”. Um momento que não fluiu lá muito bem, na interacção das três jovens com o músico. Apesar da boa recepção dos temas novos, foram os já clássicos “Disposable Teens”, “The Dope Show” (com uma introdução de “I Don’t Like The Drugs (But The Drugs Like Me)” algo estranha, não sabemos se ensaiada e natural), a cover de Eurythmics “Sweet Dreams (Are Made Of This)” e “Antichrist Superstar” que viu manson a subir ao palanque como que a pregar sermão aos seus fieis.
Na recta final, o ritmo perdeu-se um pouco com as pausas entre as músicas a serem algo longas, o que se sentiu ainda mais nos dois encores que nos reservaram a, desconhecida para grande parte do público, cover de Gerard McMann, “Cry Little Sister”, lançado originalmente como fazendo parte do clássico filme de vampiros, “The Lost Boys” e que Manson lançou poucos dias atrás como single e como fazendo parte do novo filme de terror da Marvel, “The New Mutants”. Claro que não poderia faltar “The Beautiful People” e ainda “Coma White” num dos melhores momentos da noite. Manson esteve igual a si próprio, exuberante, provocante e ainda assim afável em cada vez que se dirigiu ao público, nitidamente impressionado com a recepção do público português – mesmo que no final tenha sido algo frio na hora da despedida mas faz parte do espectáculo. Um bom espectáculo que deu para saciar um Campo Pequeno cheio de saudades.
Texto Fernando Ferreira
Fotos gentilmente cedidas por Nuno Conceição / Everything Is New
Agradecimentos Everything Is New
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