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WOM Report – Marky Ramone’s Blitzkrieg, Decreto 77 @ RCA Club, Lisboa – 10.10.18

Quarta-feira, o tempo já começa a arrefecer mas no interior do RCA Club, previa-se uma frente escaldante, causada pela visita histórica ao nosso país de um dos membros ainda vivo dos Ramones, Marky Ramone, embora não seja o baterista oficial da banda, foi sem dúvida o mais marcante. Os Ramones foram a primeira banda verdadeiramente punk, foram eles que influenciaram os Sex Pistols e os The Clash e muitas vezes foram menosprezados do seu papel na história. Felizmente que o tempo por vezes repõe a injustiça das coisas e hoje em dia não restam dúvidas acerca da importância histórica da banda e Portugal certamente inclui-se no grupo de países onde a devoção ao som simples mas ao mesmo tempo mágico da mítica banda.

Para iniciar da melhor forma, subiram ao palco os Decreto 77, que já tínhamos visto ainda não faz uma semana, num grande concerto que deram no Bardoada (ler reportagem aqui). Num ambiente diferente, mais intimista, a banda de Almada arrancou com a sua intro da praxe e antes de passar para o primeiro tema propriamente dito, “No Trendy Winds”, João, vocalista, anuncia: “Este concerto é dedicado ao nosso amigo Bifes”, algo que lhe valeu palmas e que nos emocionou a nós, World Of Metal, pessoalmente, por termos acompanhado de perto o seu último concerto. Parece que tudo se tornou ainda mais urgente e intenso!

O vocalista pediu às pessoas para se chegarem à frente, algo que não teve que repetir mais vezes. A sala já estava muito bem composta e o público aderiu muito bem ao som dos Decreto 77, que deram um grande concerto. O alinhamento foi o mesmo que vimos no Bardoada mas malhas como “Passivity”, “My Own Thoughts & Ideals” e “Punk Rock Elite” (esta última da primeiro demo da banda). João ainda referiu que é bom desmistificar o conceito de que os concertos a meio da semana não fazem as pessoas saírem de casa. Concordamos e subscrevemos. E este público particularmente estava em brasa recebendo o tema novo “We’re Not Alone” assim como os dois finais, “Getting Older, Wasting Time” e “Big Bucks”. Um concerto cheio de energia e memorável de uma banda que nos últimos anos tem andado algo parada mas que definitivamente queremos ver e ouvir mais.

Uma rápida mudança de palco fez com que  o público ainda ficasse mais ansioso pela entrada do senhor Ramone e dos seus Blitzkrieg. E era compreensível, e até extensível aqui a este escriba que não pode deixar de sentir que estávamos perante um momento verdadeiramente histórico. E não houve muitas oportunidades para grandes considerações ou até conversas. Desde que se ouviu a intro de Perry Mason e o primeiro segundo em que Marky Ramone entrou em palco que foi a loucura generalizada. Bastou ouvir o mítico: “1, 2, 3, 4” para que as hostes se começassem logo a movimentar em direcção ao palco.

Clássicos atrás de clássicos, mal ouve espaço para respirar. “Rockaway Beach”, “Sheena Is A Punk Rocker”, “Commando” (que causou uma verdadeira revolução em frente ao palco onde parecia que tinha acabado de rebentar uma revolução. Era a revolução do rock’n’roll. Sem dúvida que aquilo que distingue os Ramones foi a aproximação ao som mais puro do rock’n’roll e as covers que fizeram, a maior parte delas, são sentidas como sendo originais – não é qualquer banda que consegue esse feito – como as inevitáveis “Let’s Dance” e “California Sun” (e que luta interior para apagar a versão dos Peste & Sida quando acompanhávamos a música).

O público cantou, gritou, saltou enquanto a banda não perdoava e não parava. Depois de despejadas vinte e nove canções (onde até espaço houve para a versão de “Spider Man”, tema dos desenhos animados da década de sessenta e para o clássico dos Creedance Clearwater Revival, “Have You Ever Seen The Rain” sem esquecer claro as cantadas do início ao fim, “The K.K.K. Took My Baby Away” e “Miracles”), a banda iria para um curto intervalo antes do encore. Foi quando a banda saiu do palco que pudemos reparar na fragilidade física de Marky Ramone, a sair da bateria e a notar-se o peso da idade. Afinal já são sessenta e seis anos de muito rock’n’roll nas veias. No entanto é engraçado notar que em termos de performance a sua idade não se notou (alguns pregos não são defeito, são feitio e fazem parte do encanto da coisa).

Encore que começaria com um “Muito obrigado Lisboa. Uma mais?” Não foi mais uma mas foram mais seis recebidas em êxtase e culminando de forma perfeita com a “Wonderful World” (de Louis Armstrong” e um dos seus maiores clássicos “Blitzkrieg Bop”. Um concerto histórico para uma plateia composta por várias faixas etárias e vivido de forma igualmente intensa. Uma banda que não sendo os Ramones, interpretaram com alma a simplicidade mágica do seu tema, onde destacamos Greg Hetson (guitarrista que já passou por bandas como Bad Religion e Circle Jerks) e o vocalista Iñaki Urbizu Azaceta (Sumisión City Blues), que encarnou na perfeição o seu papel. Magia que se repete no Porto, no Hard Club.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
Agradecimentos Hell Xis Agency


 

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