WOM Report – Milagre Metaleiro Open Air – Dia 1 @ Pindelo dos Milagres – 21.08.25

E estamos nós de volta para um dos festivais mais queridos dos amantes da música pesada em Portugal. O primeiro dia do festival – no ano passado o dia zero – cresceu de proporções, oferecendo sete bandas, todas elas actuando no palco secundário. Notou-se que ainda o facto de ser uma quinta-feira terá tido impacto no número do público nas primeiras bandas, mas isso não foi impedimento para que a festa não fosse feita da melhor maneira.

Algo que se viu logo na primeira actuação, a cargo dos Firemage, que conta com membros de Xeque-Mate e Moonshade. Actuação essa que também seria a primeira da banda num festival open air. E começar o primeiro dia com folk de qualidade excelsa é sempre a melhor opção. O repertório da banda ainda é curto – com apenas uma demo e um EP lançado – mas isso não teve qualquer impacto na actuação da banda nem na recepção do público, principalmente com temas como “Dance With Fire”. Seja num festival ao ar livre ou numa pequena sala, a vontade para os ver novamente é imensa.

Ainda dentro do Folk, vieram os Folkheim. O nome até poderia levar a crer que estávamos perante uma banda nórdica, mas na verdade chegaram-nos do Chile e cheios de vontade de fazer a festa, com o número da assistência a ter já crescido em relação à primeira actuação. Editorialmente a banda não é particularmente activa, com apenas um EP e um álbum lançado já nos longínquos anos de 2006 e de 2012. Com um conceito bastante interessante e um folk que ia beber à herança europeia misturando com a herança cultural dos Rapanui, da Ilha da Páscoa, pertencente ao Chile.

Os Attic eram um dos pontos altos do alinhamento para o primeiro dia – verdade seja dita, são um dos pontos altos em qualquer alinhamento onde estejam presentes – e a sua prestação não desiludiu. Heavy metal clássico, com forte inspiração em Mercyful Fate/King Diamond. Este foi o primeiro concerto em Portugal em seis anos, depois de uma inesquecível passagem pelo Vagos Metal Fest em 2019, e que bom foi ver o público a fazer headbang ao som do heavy metal tradicional de malhas como “Darkest Rites” e “There Is No God”.

Já Disaffected parecia estar deslocado do que tinha vindo antes e daquilo que viria anteriormente. Com uma carreira com já mais de trinta anos (não contando com uma interrupção de quase dez anos), havia muita matéria-prima a explorar. José Costa foi guiando a banda e o público por estas viagens temporais com a mestria que se lhe reconhece, como provado em clássicos como “No Feelings Left”e “Vast”. A manchar a actuação só teve uma inesperada cover de Ozzy Osbourne para “Dreamer”, onde a voz não foi a mais apropriada para o tema em questão e musicalmente destoou daquilo que os Disaffected fazem habitualmente.

Virando radicamente o estilo musical, seria a vez de Fabio Lione visitar o seu ilustre passado com os Rhapsody (antes da mudança de nome). A entrada brutal com “Dawn Of Vitory” – designação desta iniciativa de revisitar o passado glorioso – deixou logo todos em sentido, com todo o seu poder metálico. Com duas guitarras e os teclados como backing tracks, foi esse mesmo metálico que distinguiu da actuação dos Rhapsody Of Fire no Vagos Metal Fest. Isso e o facto do alinhamento estar concentrado no material mais inspirado da banda italiana. O fim viria com “Emerald Sword”, discutivelmente o seu maior êxito.

Os cabeças de cartaz do primeiro dia, Ensiferum, subiram ao palco já depois da meia-noite, mas o público ainda permanecia em força para receber a banda finlandesa. E assim que entraram, foi com uma potente “Fatherland” do mais recente “Fatherland” e passaram por grande parte dos seus álbuns lançados, trazendo um pouco de tudo para todos. “Token Of Time” e “Stone Cold Metal” provocaram ânimo sem fim entre as fieis hostes em frente ao palco secundário do Milagre Metaleiro. Soube a pouco e saberia ainda melhor se tivessem tocado numa ou duas posições anteriores no cartaz.

Para terminar a noite estiveram os nossos Revolution Within, que ainda reuniram em frente ao palco um bom número de resistentes. Infelizmente para estes, e para a própria banda, os problemas sonoros foram bastantes – a voz de Raça durante a primeira música não se ouviu nada, ficando a ideia de que apenas a banda tinha o som de palco, levando o público a ficar a ouvir apenas o som da bateria. Demorou ainda alguns temas (cerca de quatro) até que o som ficasse à altura daquilo que a banda e público merecem.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Milagre Metaleiro
