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WOM Report – Milagre Metaleiro Open Air – Dia 3 @ Pindelo dos Milagres – 23.08.25

A entrar na segunda metade da edição de 2025 do Milagre Metaleiro Open Air, este terceiro dia deu início com os Daeria, banda de Barcelona, com um cativante heavy metal melódico com um cheirinho a power metal. A maneira como a banda entrou em palco, todos vestidos com calções e camisas de manga curta floridas, não era o melhor impacto visual para um concerto de heavy metal mas dava conta do seu espiríto descontraído que depressa conquistou o público. “Morfeo”, o último álbum de 2023 foi o mais chamado ao serviço.

Ainda de Espanha, entraram em cena os Jolly Joker, que trouxeram um número considerável de conterrâneos que fizeram questão de marcar presença em frente ao palco secundário e que receberam a banda com um entusiasmo palpável. E havia razões pelo entusiasmo, muito para além da simples questão da sua nacionalidade. Com uma raça hard rock genuína que não é fácil de encontrar e indo muito além do simples exercício de nostalgia, com o exemplo dado em temas como “World Collapse”.

A primeira banda nacional do dia foram os Moonshade que já dispensam apresentações, sendo uma das grandes referências no que ao death metal melódico diz respeito. Foi pelos dois álbuns de originais que centraram as suas atenções com destaque natural para o mais recente, “As We Set The Skies Ablaze”, mas não falharam já clássicos como “Sun Dethroned”. Também houve oportunidade de homenagear Brent Hinds, com uma inesperada versão da “Blood & Thunder”.

Nada mais apropriado que a banda que lançou o primeiro álbum de heavy metal, volte ao Milagre Metaleiro agora que também lançou mais um álbum de originais, “Entrudo”. Falamos dos Xeque-Mate e foi mesmo com o tema-título do novo álbum com que iniciaram a sua actuação. O palco secundário apresentava melhorias a nível sonoro, embora o fumo continuasse a surgir num volume incompreensível Isso não impediu o fluir de clássicos como “Escrava da Noite” e “Filhos do Metal”.

Ainda no metal nacional, o palco principal apresentava os Godiva, que surgiram com um som poderoso que já era apanágio desse palco assim como das actuações da banda. Infelizmente houve um problema com a voz – que tem sido um problema que tem afectado algumas bandas nesta edição do Milagre Metaleiro – que foi resolvido ao segundo tema. “The Meaning Of Life” já é um clássico e a cover de Rob Zombie, “Superbeast” encaixa muito bem na sonoridade e identidade musical da banda, apesar das diferenças estilísticas do original.

Um dos pontos fortes dos eventos do Milagre Metaleiro – para além da versão Open Air – é o serviço público de trazer ao nosso país pela primeira vez, como foi o caso dos finlandeses Mors Principium Est, que foram recebidos com bastante entusiasmo, o que certamente fará com que queiram voltar. Com um novo álbum a ser lançado nas próximas semanas, “Darkness Invisible”, deixaram excelentes indicações do mesmo em palco, tendo certamente conquistado mais fãs por isso.

De Udo Dirkschneider não faltavam fãs, daquela que terá sido a confirmação que mais pessoas trouxe a Pindelos dos Milagres. Fortes razões teóricas por isso, oportunidade única para ver e ouvir a voz original de Accept e celebrar os quarenta anos do álbum “Balls To The Wall” (na realidade, são quarenta e dois anos). Na prática foi um enorme concerto que criou uma energia e simbiose arrepiante entre banda e público. Claro que melhor ainda é ter a oportunidade de presenciar em palco Udo, uma verdadeira lenda viva do heavy metal. Para além de tocarem o álbum na íntegra, no encore ainda foram revisitados três clássicos – “Princess Of The Dawn”, “Fast As A Shark” e “Burning”.

No palco secundário, desceram as trevas que cativaram também um largo número de espectadores. Os Necrophobic regressaram a Portugal para demonstrar que o seu Death/Black Metal (cada vez mais Black/Death Metal) é muito apreciado pelos fãs portugueses. Boas razões para isso, a banda deu um dos melhores concertos do palco secundário desta edição de 2025. Não deve ser fácil decidir uma setlist de um concerto dos Necrophobic, mas a banda passou um pouco por toda a carreira, dando destaque ao mais recente “In The Twilight Grey” assim como indo ao velhinho álbum de estreia, “The Nocturnal Silence”.

Antes do concerto dos Tyr, houve oportunidade para uma sentida homenagem a Daniel César, teclista dos Gwydion que faleceu tragicamente meses atrás. Foi apresentado por um emocionado Ricardo Oliveira (baterista de Sacred Sin), com a presença de Carlos Guimarães dos Caminhos Metálicos, dos companheiros Kaveirinha, Bruno Ezz, Pedro Dias e Luís Figueira dos Gwydion, o vídeo de homenagem criado pelos Caminhos Metálicos.

Momentos após a homenagem, foi a vez dos nórdicos Tyr nos levarem às ilhas Faroé e a todo o seu imaginário viking muito próprio. Infelizmente mais uma vez, houve problemas com a voz nos primeiros temas – que estava confinada ao som de palco mas que o público não a conseguia ouvir. Quando o problema foi resolvido, o entusiasmo foi geral com clássicos como “Hold The Heathen Hammer High” que fizeram todos cantar.

O final do segundo dia vinha com os Rotting Christ – uma posição no alinhamento deste terceiro dia algo incompreensível, no entanto, apesar do risco de muitos se irem embora devido ao avançado da hora, a frente do palco secundário estava à pinha e àvido da música vinda dos gregos, recebendo muito bem temas como “Fire, God And Fear”, “666” e a incontornável “Non Serviam” numa actuação sólida e recebida efusivamente. Foi o final apropriado para um dos dias mais fortes do cartaz do Milagre Metaleiro.

Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Milagre Metaleiro

 

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