Report

WOM Report – Moonspell, Dark Tranquillity, Sinistro @ Halloween United – LAV Lisboa Ao Vivo, 31.10.25

Podemos dizer que é quase uma tradição os Moonspell darem um concerto de Halloween. A banda tem feito essa celebração sempre de forma diferente, e este ano serviu também para marcar a passagem de 30 anos desde o lançamento de “Wolfheart”. Desta vez os Moonspell trouxeram companhia e para partilhar o palco neste Halloween United, esteve um dos grandes nomes do Death Metal Melódico, os Dark Tranquillity.

Os portugueses Sinistro dariam início às hostilidades enquanto a sala ia enchendo. A densidade e o peso do riff de “Partida” foram criando o ambiente lúgubre característico da banda, pontilhado ocasionalmente por momentos de luz. Como figura central, a vocalista Priscila Da Costa dá uma personalidade muito própria ao Doom dos Sinistro, que os torna numa proposta única. Para além do tema inicial, a restante actuação seria dedicada ao mais recente “Vértice”, em que temas como “Elegia” e “O Equivocado” foram destaques, onde a banda une perfeitamente peso, uma calma opressiva, e teatralidade.

Quando os Dark Tranquillity entraram em palco já a sala se encontrava cheia para os receber. O ano de 1995 estaria em grande destaque nesta noite. Para os Moonspell representa o importante álbum de estreia, para os Dark Tranquillity, trouxe o lançamento do segundo de originais da banda, e um dos álbuns essenciais do som de Gotemburgo, “The Gallery”. A assinalar esse facto foi com uma sequência tripla deste álbum que a banda abriu o concerto, com clássicos como “Punish My Heaven”, “The Emptiness From Which I Fed” e melancólica “Lethe”.

A união entre a violência, melodia e melancolia, sempre foi o centro da música dos Dark Tranquillity, o início do concerto celebrou, o princípio dessa viagem com todos os aspectos mais crus dos primeiros álbuns. Seguiu-se um salto de uma década na evolução da banda para marcar os 20 anos de “Character”, começando com a brutalidade de “The New Build” e “Through Smudged Lenses”, a bela “My Negation” que colocou o público a entoar a melodia em coro, e a incontornável “Lost to Apathy”, presença assídua nos concertos da banda suéca. Pelo contrário, “Not Built to Last” que não era tocada há muitos anos foi uma das surpresas da noite. Depois desta passagem pelo passado haveria tempo para trabalhos mais recentes que seriam representados por “Unforgivable” ou “Phantom Days”. O vocalista Mikael Stanne como é hábito foi sempre muito afável e comunicativo, com uma capacidade de criar uma grande ligação com o público. A recepção foi muito calorosa, os presentes na sala Multiusos do LAV mostraram uma grande energia no apoio à banda, em particular no grande final com “Therein” e “Misery’s Crown”, onde muitas vozes se juntaram em coro a cantar com a banda.

Existia uma antecipação palpável para o que se seguiria, com a sala a ficar imersa em escuridão, pautada pelo uivar de lobos e a projecção nos ecrãs do palco de uma floresta negra repleta de pedras tumulares e abóboras, num ambiente perfeito para uma noite de Halloween. Foi com a banda pintada a preceito para a ocasião, a entrar em palco que se começaram a ouvir os primeiros momentos de “Wolfshade (A Werewolf Masquerade)”, para logo ser seguida de “Love Crimes” e “Of Dream and Drama (Midnight Ride)”, o trio de temas que abrem “Wolfheart”. O núcleo desta noite seria a celebração das três décadas do trabalho de estreia, que seria tocado na íntegra. Foi também uma noite onde o foco esteve nas origens dos Moonspell, recuando aos tempos dos Morbid God com os elementos mais fortes de Black Metal de “Serpent Angel”, e os tons orientais de “Tenebrarum Oratorium (Andamento I)”, que contou com a participação de Eduarda Soeiro dos Glasya (que ocuparia a voz feminina ao longo do concerto), e o fogo de Tatsh.

O público estava totalmente rendido desde o primeiro minuto, e uma sala totalmente cheia e com vontade de cantar e apoiar a banda criou um ambiente impressionante de comunhão. Depois do momento ambiental de “Lua D’Inverno” essa união entre banda e público surgiu de forma bem energética e audível com o folk de dois temas que chamam por celebração, “Trebaruna” e “Ataegina”, com sala a cantar em coro, e a saltar em conjunto, num dos melhores momentos da noite. Por esta altura dizer que a prestação dos Moonspell ao vivo é boa é algo redundante. A banda continua sempre a manter uma grande consistência e qualidade, com Fernando Ribeiro a aproveitar a ocasião para contar algumas das histórias dos tempos de “Wolfheart”. A viagem continuaria com um tema que normalmente não falta em concertos dos Moonspell, “Vampiria”, passando pelo ambiente gótico de “An Erotic Alchemy” e terminando com mais um dos temas incontornáveis “Alma Mater”, cantado em peso por toda a alcateia que se juntou no LAV.

Numa noite totalmente dedicada exclusivamente aos primórdios da banda, a viagem prosseguiria com “Irreligious”. O percurso começou com “Opium” que acabaria por ser interrompido por uma falha de energia que deixou palco e sala às escuras. No meio do escuro o público ia gritando o nome da banda. Depois de uma resolução rápida, os Moonspell voltaram ao palco para terminar o tema com o coro de vozes no LAV. “Awake” e “Mephisto” seguiram este recuo até 1997, com o set a terminar como teria de terminar, ao som dos uivos de “Full Moon Madness”. Houve ainda direito a encore com o guitarrista dos Dark Tranquillity a voltar ao palco para tocar “Mr. Crowley”, numa merecida homenagem a Ozzy Osbourne. Mais um concerto memorável dos Moonspell, onde foi bem visível o carinho e dedicação que têm por parte do público português.

Texto por Filipe Ferreira
Fotos por Filipa Nunes
Agradecimentos Free Music Events


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