Report

WOM Report – No Warning, Steal Your Crown @ Popular Alvalade, Lisboa – 31.01.20

Eram duas as razões que tornaram a passada Sexta-Feira, dia 31, num excelente dia. Primeiro, foi o fim do longo mês de Janeiro, que parecia infinito e só nos dava notícias avassaladoras.  Segundo, tivemos a oportunidade de assistir ao primeiro concerto dos No Warning, a banda que estremeceu o Hardcore com o lançamento do seminal “Ill Blood” em 2002. Apesar do frio, por volta das 21h00, vários grupos já esperavam, pacientemente, fora das portas do Popular Alvalade, em Lisboa.

Lá dentro, as colunas debitavam Hardcore. Alguns saltavam, outros abanavam a cabeça.  Uns jovens esperaram 18 anos por este concerto, outros conheceram a banda canadiana há, relativamente, pouco tempo, mas o desejo era comum. Os veteranos Steal Your Crown estavam incubidos de “abrir a pista” (neste caso concreto o pit). A expectativas eram altas. A noite prometia ser épica.

A habilmente apelidade “Royal Intro” foi a música que introduziu os portugueses Steal Your Crown, que subiram ao palco pouco depois das 21h30, ainda a sala estava a meio gás. Ao longo de “Wasted” e “Lay Low” foram entrando mais fãs para a “pequena sala” do Popular Alvalade, especialmente a pedido do co-vocalista Domy, que incentivava as pessoas que paravam no bar a mudarem-se para onde realmente estava a festa. Uma actuação potente, implacável, de uma banda que “não vive da cena”, mas que “vive para a cena”, como nos disse o outro co-vocalista Dice , que entre as músicas exclamava o amor que a banda sentia pelo Hardcore e homenageava pessoas importantes para os S.Y.C..

Dice e Domy chegaram a partilhar o microfone com “outros” vocalistas que subiram ao palco para “ajudar” a cantar músicas como “OMF”, “Streely Street”, “Black Souls”, “Family Heritage”, entre outros clássicos. Infelizmente, senti que a maior parte da plateia estava a reservar as suas energias para o evento principal. Alguns guerreiros leais tentaram puxar pela malta, mas o “pit” manteve-se tímido, um facto que me foi confirmado quando, ao meu lado, antes de “Last Chance”, ouvi alguém a advertir “isto vai abrir… é preciso ter cuidado”, o que não chegou a acontecer.

Altura para descontrair os velhos ossos, refrescar e apanhar ar… ou, pelo menos, era o que eu pensava. Enquanto algumas almas se dirigiam para o outro lado, várias outras entraram para a sala para reservar o seu lugar, sem falar das que não se importaram com as necessidades para não perderem o seu espaço. Uma sala quase cheia testemunhava o teste de som dos canadianos, que estavam na primeira paragem da mais recente Tour europeia. Demos um sorriso quando o vocalista Ben Cook pediu num português mediano, ajudado por um fã, fita-cola.

Com boné, t-shirt arrumada para dentro dos calções, Cook virou-se para o público e gritou  “LISBOOOOOOON”. E foi o suficiente para instaurar o caos, a insanidade. Ainda antes das primeiras notas de “Behind These Walls” já fãs corriam pelo palco e saltavam, à confiança, para o público, que estava a perceber que não estava no meio de um pit tímido, mas sim de um pit devasso. Aliás… de um campo de batalha, que chegava ao meio da sala e de onde nem a icónica bola de espelhos do Popular Alvalade se safou, abanando de um lado para outro durante a maioria do concerto.

A setlist foi dedicada ao excelente “Ill Blood” e ao mais recente “Torture Culture”, com a excepção de “Modern Eyes”, que podem encontrar em “Suffer, Survive”. Os No Warning não se livraram de problemas técnicos. Em “Over My Shoulder”, Bem Cook teve um pequeno susto quando o microfone falhou e os outros dois que a banda tinha não funcionavam (felizmente houve um que voltou à vida… milagres de São Alvalade). “Answer The Call”, “In The City”, “No Time for You”, “Wound Up” fizeram esquecer os limites daquela “pequena sala”. Apenas importava a festa, que incluia ninjas invisiveis, mergulhos olímpicos (à confiança, como já tinha referido, nada de chamar pessoal para os apanhar) para atacar as alas, vozes em unissono.

Estávamos no auge de uma noite caótica que, dificilmente seria esquecida, quando Ben Cook avisou que têm mais duas músicas para nós e, antes que achássemos que era aquela típica brincadeira e que a noite iria demorar a acabar, o vocalista diz que a banda toca apenas 30 minutos e que é o suficiente… “Não somos os Aerosmith” brincou Cook. “Hell Realm” e “Short Fuse” foram as últimas oportunidade para podermos aproveitar os No Warning ao vivo. Ah se não aproveitaram… até a bola de espelhos o fez.
Não posso precisar de foi apenas meia hora… desliguei-me do tempo. E certamente que alguns irão discutir se vale a pena comprar bilhete, sair do sofá, etc, por tão “pouco tempo”. Neste momento, só vos consigo escrever o seguinte: foram 30 minutos poderosos (eu sei que isto pode resultar em piadas…. divirtam-se com elas). E foram suficientes. Foi a primeira vez dos No Warning em Portugal. Esperamos que não seja a última.

Texto por Luís Fernandes
Fotos Por Sofia Monteiro
Agradecimentos Hell Xis Agency


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