WOM Report – Paleface Swiss, The Acacia Strain, Desolated @ RCA Club, Lisboa – 06.02.25
“Switzerland’s finest heavy music”
Um take ousado, quando se pensa no passado do metal suíço, mas depois do concerto dos Paleface Swiss no RCA Club, fica complicado contrariar que, atualmente, eles estão prontos para outras andanças. A rota ascendente dos Paleface Swiss traduziu-se numa sala bem cheia no RCA Club, para o que foi a sua estreia em solo português. A esta altura do campeonato, quem se surpreende com o que os Paleface são capazes é quem não está familiarizado com a banda. O concerto teve apoio dos Desolated e dos The Acacia Strain, já famosos nestas andanças, o que resultou numa noite cheia de deathcore/hardcore. O palco teve apenas um adereço a noite toda, a forca que é associada aos Paleface, mas mesmo assim serviu perfeitamente para contextualizar a banda.
Os Desolated começam a noite com uma boa dose de adrenalina e com uma boa adesão do público. Álbuns como “The End” da banda são conhecidos do público mais interessado no hardcore e isso notou-se. Vieram para deixar a sua marca e o pedido do vocalista para moshpits e crowdsurf foi correspondido. O set de cerca de 30 minutos foi mais que suficiente para abrir o apetite para o que estava para vir, deixando uma boa impressão. Pode-se dizer que a banda inglesa não teve apenas a função de começar a noite, mas sentiu-se que podia ter sido um concerto da banda em nome próprio.
Seguiram-se os The Acacia Strain e notou-se perfeitamente o porquê de serem como são. Uma banda histórica, com muito calo de palco e com Vincent Bennett carismático que cresce em palco, elevando as músicas. Houve tempo para uma cover dos “Analepsy” e também a presença do Tony Evans dos Desolated na “Beast”, no que foi um concerto especial, preparado para um público especial e o resultado foi o um momento íntimo entre o público e a banda, no que foi um set que misto entre álbuns mais antigos como “Wormwood”, talvez o grande clássico dos The Acacia Strain e o seu álbum mais recente, “Step Into the Light”. Como Zelli dos Paleface referiu posteriormente, são mesmo lendas e fazem justiça a esse título, ao mostrarem como conseguem liderar um concerto e ser uma banda de peso no género.
Chegando por fim, aos Paleface Swiss que foram os donos e senhores da noite. Formados em 2017, a banda conta já com 3 álbuns lançados e 2 EPs mas o setlist foi baseado nos últimos dois álbuns e singles recentes que a banda tem vindo a lançar, o que não é inesperado e mostra a vontade da banda em privilegiar o seu material mais recente. Isto não pareceu incomodar de todo quem esteve presente. Pelos altos e baixos emocionais das suas músicas, há um facto que fica assente depois do concerto: Zelli tem um vozeirão. Por momentos lembra o Corey Taylor, mas sempre com a sua personalidade e a sua abordagem muito própria. Ao abrir o concerto com un pobre niño murió, que funcionou como a intro, seguida da Hatred, estava instalado o caos, havendo a sensação de que o concerto foi em crescendo. Para isto, foram contribuindo temas como “Nail to the Tooth, Don’t You Ever Stop” e “Love Burns”.
A reação do público surpreendeu a banda, que disse mesmo que não estava à mesma de tanta participação nas músicas e que certamente iria voltar a Portugal. Grande acústica do RCA Club permitiu que os concertos fossem excelentes e sem nada a apontar, no que foi uma noite de culminar de uma carreira de uma banda que está em crescimento, suportada por duas bandas de peso.
Reportagem por Afonso Mendes
Fotos por Edgar Silva
Agradecimentos Hell Xis Agency