WOM Report – Soen, Lizzard, Oceanhorse @ LAV, Lisboa – 02.12.21
Numa noite fria em Lisboa, foi um prazer ver algumas centenas de pessoas a deslocarem-se ao LAV para algo de que todos gostamos e que vale a pena apoiar, ver musica ao vivo. Nesta ocasião tratou-se do regresso dos Soen ao nosso pais depois de uma primeira data no Hard Club no Porto, e da ultima passagem por Lisboa no RCA Club em 2019, na altura na tour de “Lotus”.
A abertura de hostilidades desta vez esteve a cargo dos filandeses Oceanhoarse, que lançaram este ano o álbum de estreia “Dead Reckoning”. O heavy metal melódico cheio de energia que o quarteto apresentou funcionou bem para aquecer a sala numa noite que seria dominada por bandas um pouco menos expansivas em termos de som. Iniciando com “Headfirst” o instrumental que abre “Dead Reckoning”, seguiram-se “Death Row Center”, “Reaching Skywards” e “One with the Gun” onde a interação da banda e a atitude de let’s go, particularmente do vocalista Joonas Kosonen, foi puxando pelo publico. Um dos destaques do set foi “From Hell to Oblivion” e existiu ainda espaço para solos do baixista Jyri Helko e do guitarrista Ben Varon. Um momento particularmente animado foi a cover do clássico “Bark at the Moon” de Ozzy Osbourne, com “The Intruder” a dar por encerrado o set dos filandeses.
Mudando o tom da noite para algo mais próximo dos cabeças de cartaz, os Lizzard apresentaram o seu rock alternativo com toques progressivos. O fumo e a penumbra azul que preencheram o palco deram o ambiente perfeito para o instrumental atmosférico “Corrosive”, que abre o mais recente álbum “Eroded“, e “The Decline” do mesmo álbum. Apesar de terem momentos mais introspetivos, os franceses não deixaram de dar um ar de simpatia e ter uma boa interação do publico que os recebeu de forma calorosa. Com “Eroded”, trabalho saído este ano, a ser o que teve mais rodagem, juntando aos dois temas iniciais “Haywire” e a rockeira “Blowdown”, houve espaço para revisitar outros trabalhos como o belo instrumental “Shift” que se ligou perfeitamente com “Min(e)d”, numa das melhores sequências da atuação da banda gaulesa. Para o final ficou a excelente “The Orbiter” que fechou da melhor forma um concerto muito bem conseguido. Uma atuação coesa de uma banda que decerto deixou muito boa impressão na plateia do LAV.
Os Soen são uma banda forte ao vivo, e no LAV demonstraram precisamente isso. Com carismático Joel Ekelöf a liderar o coletivo, a banda deu mais um concerto memorável. A setlist foi equilibrada e fluiu bem, focando-se essencialmente nos dois álbuns mais recentes, “Lotus”, e “Imperial”, que foi lançado este ano, mostrando bem a confiança no novo material mas também a boa forma dos Soen.
Soaram as sirenes que davam o alerta não só para o inicio da atuação mas também para “Monarch” o primeiro tema de apresentação de “Imperial”, seguindo-se uma forte sequência com “Rival” e “Deceiver”. Depois de uma entrada em força, um momento mais “calmo” chegaria com “Lunacy” que terminou com um dos mais belos e intimistas momentos da noite com a voz de Ekelöf acompanhada pela guitarra de Cody Ford. Em destaque estiveram temas como “Martyrs”, “Covenant” ou “Antagonist” em que mesmo com a casa em lotação reduzida se ouviram bem as vozes do publico que esteve incansável no apoio a banda. Os momentos mais calmos ficaram a cargo da grandiosa “Modesty” e de “River”. No set principal houve apenas espaço para uma viagem ao passado da banda, com a incontornavel “Savia”, que funcionou como uma boa apresentação do baixista Oleksii Kobel que se juntou aos Soen o ano passado.
Com “Ilusion” a terminar o set principal, foi com o LAV a chamar pela banda que houve direito a um encore com “Lascivious” e “Sectarian” numa rara passagem por álbuns anteriores. Por fim, depois da apresentação de cada membro da banda (com uma ovação especial para o “monstro” Martin Lopez), deu-se lugar a uma despedida num tom solene com “Lotus”.
No contexto complicado que se tem vivido na industria musical, seja para os artistas, técnicos ou promotores, entre tours e concertos cancelados, esta foi uma noite em que se fez sentir particularmente o quanto é especial a experiência de presenciar musica ao vivo. Isso sentiu-se no ambiente quer entre o publico que se deslocou ao LAV quer entre os músicos. Tudo razões para sair da sala com boa disposição.
Texto Filipe Ferreira
Fotos Filipa Nunes
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