WOM Report – Soulfly, Destroyers Of All @ Lisboa Ao Vivo, Lisboa – 03.07.19
É impressionante o número de concertos que temos tido nos últimos tempos e mais que isso, é impressionante ver como o público tem correspondido de forma a tornar todos estes eventos um sucesso – e isso é algo que nos interessa a todos enquanto peças da engrenagem da música nacional. O regresso dos Soulfly ao nosso país sem dúvida que é sempre um evento apetecível e isso ficou mais provado na forma como o público aderiu no pouco tempo que passou entre o anúncio e a data efectiva em que aconteceu. Foram anunciadas duas bandas nacionais para dar início ao espectáculo, Revolution Within no Porto e os Destroyers Of All em Lisboa.
Começando pela banda de Coimbra, os Destroyers Of All, entraram em palco e encontraram uma sala já muito bem composta – será que o nosso público já está a valorizar as bandas de abertura como as mesmas devem e merecem ser valorizadas? Entrada sob aplausos e que de logo passaram à acção com “Tohu Wa-Bohu”, a abertura do recente (e excelente) “The Vile Manifesto”. João Mateus desde o início que assumiu a si a responsabilidade e elevar a respota do público ainda mais e os constantes pedidos ao movimento foram sempre atendidos.
O alinhamento fez o melhor que pode para ir buscar um pedaço de cada lançamento da banda, desde o EP de 2013 “Into The Fire” (de onde tocaram o tema título) até ao primeiro álbum “Bleak Fragments”. Com constantes pedidos de Mateus para que se abrissem rodas – e com muitos bons motivos para tal como “Destination Unknown” ou a “Hate Through Violence”. Teremos sempre que destacar a muito portuguesa “Tormento”, sempre uma faixa identificadora daquilo que os Destroyers Of All conseguem fazer. O apoio e energia do público foi notável assim como a dedicação da banda que, através de João Mateus, deu a conhecer que estava bastante honrada de estar a abrir para Soulfly. Enalteceram esse papel com qualidade e humildade.
O público, que continuava a crescer em número, já se encontrava bem aquecido e era agora a vez de esperar por Soulfly, espera essa mitigada por inúmeras conversas e pela música que se fazia ouvir. Quando esta última se calou e se começou a ouvir a intro dos Soulfly, as conversas transformaram-se em gritos de exaltação pelo momento aguardado estar finalmente a ser vivido. Imediatamente se começa ouvir o público a gritar o nome da banda mas até isso ficou para trás quando Max Cavalera entrou em palco. Inevitavelmente um nome pelo qual os fãs portugueses conservam grande carinho e isso ficou bem patente na recepção que lhe fizeram.
“The Summoning” deu o mote e a partir daí foi um corropio interminável de moshes, circle pits e crowds surfing, tal como um bom espectáculo de metal deverá motivar. “Ritual”, o último álbum de originais foi o trabalho mais em voga no entanto estamos a falar de uma entidade com uma discografia já vasta e com muito bom material à disposição. Como tal houve espaço para algumas surpresas principalmente para aqueles fãs que acompanham este percurso de Max desde que saiu de Sepultura. Da estreia homónima que já conta com mais de duas décadas, foram repescar temas não tão óbvios como “Fire” e “No Hope= No Fear”. Dessas incursões pelo passado teremos que referir a “Bleed” como um dos pontos mais altos, num tema que nem nós nos apercebíamos como tínhamos saudades de ouvir.
Loucura, daquela saudável, sempre incitada por Max que de vez em quando dizia “abre a roda, abre a roda”. Uma simbiose impressionante entre o músico brasileiro e o público, parecendo que havia treinos semanais para atingir tal sincronicidade – tudo o que Max começava, o público acabava. Fosse a bater palmas, fosse a cantarolar a melodia deste ou daquele riff. Até mesmo quando foi buscar o berimbau antes da “Tribe” (outro clássico do álbum de estreia), o público começa a cantar “Zumbi é o senhor da guerra, Zumbi é o senhor das demanda”. Arrepiante. Ainda se ouviu o riff “Metal Militia” dos Metallica antes da “Dead Behind The Eyes”, onde Max pediu para “quebrar essa porra!” O final não viria a demorar muito mais mas todos sabíamos que sabia a pouco e que havia vontade e energia para muito mais.
Para o encore estava reservado “Rise Of The Fallen” e mais duas incursões ao passado – “Back To The Primitive” e “No”, dando a ideia que estávamos outra vez no início do milénio. A banda saiu de palco mas o público ainda não estava satisfeito e queria mais. O que motivou uma outra saída de trás do palco, desta feita com aquele que presumimos ser o neto de Max e que anunciou algo que nos parecia bastante familiar. Após uma descarga de grindalhada por um segundo, descobrimos rapidamente que se tratava da “You Suffer” dos Napalm Death. Ainda estava reservada uma última viagem ao passado com um medley da “Jumpdafuckup” (onde Max pediu para todo o LAV se baixar para depois saltar como se não houvesse amanha) e “Eye For An Eye” que seria mesmo o final da noite para o músico embora a banda ainda tenha tocado uma curta versão da “Crazy Train” de Ozzy Osbourne antes de acabar de vez. Transpiração, comunhão, elevação. Uma improvável experiência espiritual mas é provavelmente o mais próximo que possamos descrever o que se passou no LAV em poucas palavras. O resultado foi uma casa cheia, em êxtase, por uma daquelas noites que certamente ficarão para história. Ficou para a nossa.
Texto Fernando Ferreira
Fotos Sónia Ferreira
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