WOM Report – Tremonti, The Raven Age, Disconnected @ Lisboa Ao Vivo, Lisboa – 04.11.18
O regresso de Tremonti ao nosso país, desta vez em nome próprio, era bastante aguardado pelos fãs que compareceram numa noite de chuva em que o que mais apetecia era mesmo ficar em casa. Vieram acompanhados pelos franceses Disconnected e pelos britânicos The Raven Age – que também tinham estado com Tremonti meses atrás a abrir para Iron Maiden – e criavam assim muitos bons motivos para se ter uma noite de excelente música na vertente metal moderno e alternativo.
Começando pelos franceses Disconnected, a noite iniciou-se de forma perfeita. A banda tinha alguns fãs entre a sala, que ainda se encontrava a meio gás, mas podemos garantir que a sua humildade e o seu talento arrecadou para o seu lado mais uns quantos fãs. A junção entre o metal e o rock alternativo não é nada de novo nem se quer exótico – muito menos neste contexto em que as três bandas da noite se inserem nesse mesmo contexto – mas a entrega e a ligação que a banda conseguiu estabelecer com o público fizeram toda a diferença. Ivan Pavlakovic, o vocalista é um excelente frontman e músicas como “Blind Faith” e “White Colossus” – tema-título do último álbum – conseguiram agarrar todos os que estavam no Lisboa Ao Vivo. Ivan ainda incentivou o público a manter-se em contacto com eles, mantendo a relação iniciada naquele concerto e referindo com humildade que respondem a todas as mensagens que recebem.
Era a vez dos The Raven Age e terei que confessar que a minha opinião sobre eles não era particularmente efusiva. Não que achasse que tinham um mau som, apenas que eram algo banais – para perceber esta linha de pensamento, é importante ter em consideração que quando os vimos foi a abrir para Iron Maiden, uma posição sempre injusta já que se tratam de bandas completamente diferentes. Bem neste contexto era a oportunidade para se redimirem aos nossos olhos – algo que não seria necessário para a maior parte da sala que aguardava com entusiasmo a entrada da banda de George Harris, entusiasmo aumentado quando entraram no palco. A fórmula é sensivelmente a mesma dos Disconnected: metal moderno, a puxar ao alternativo, com bastante músculo mas também algum virtuosismo. A nossa opinião mudou, talvez não o suficiente para ficarmos fãs absolutos mas pelo menos para termos mais respeito por esta banda trabalhadora e pela forma como conseguem trazer vida a temas como “Promised Land”. Conquistaram o nosso respeito e confirmaram o seu talento para um público que nem sequer precisava dessa confirmação.
Normalmente por esta altura diria “e de seguida entraram em palco os Tremonti“, mas a verdade é que demorou uma eternidade para que isto acontecesse. Sabemos que foi o horário definido, mas quando o palco já estava todo preparado – que até nem é nada complicado de montar, já estava praticamente pronto, foi só retirar os adereços dos The Raven Age e confirmar o som – ainda ficámos uns bons quinze minutos (se não mais) à espera da hora tão aguardada. O que vale é que o fizemos ao som dos Lamb Of God ao vivo. Menos mal. No entanto, a espera perdeu todo o significado assim que Tremonti entrou em palco. Com um som poderoso – aliás, algo extensível também às outras bandas da noite – a sua mistura de thrash metal com rock alternativo teve uma representação muito boa, levando imediatamente o Lisboa Ao Vivo, agora bem mais composto em termos de público, ao vivo.
Apesar de podermos constatar que a música de Tremonti é claramente mais pesada do que aquela que a sua principal banda, os Alter Bridge, faz, não deixa de apostar também nas dinâmicas e alternando os momentos mais calmos com os mais intensos. Uma forma inteligente não só de tornar o seu alinhamento mais interessante, como também explorar vários estados de espírito. Assim ao lado de a brutal “Cauterize” que abriu o alinhamento ou da “My Last Mistake” pudemos apreciar a beleza emocional de temas como “Traipse” e “Trust”. Sem direito a encores – Tremonti referiu que em vez de estar a sair para ficar atrás das colunas a ouvir o público a pedir mais uma, prefere tocar logo – o concerto seria finalizado com uma apoteótica “Wish You Well”, sem faltar os devidos agradecimentos ao público por ter comparecido e pedindo até para que se dirigissem à banca de merch para dois dedos de conversa com a banda. A simplicidade aliada à potência sonora fazem uma combinação imbatível. Para primeiro concerto da digressão europeia, diríamos que Tremonti, The Raven Age e Disconnected tiveram um início auspicioso e um presságio para o resto da mesma.
Texto por Fernando Ferreira
Fotos por Sónia Ferreira
Agradecimentos Prime Artists
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